Ex-goleiro, Juca Baleia posa para o LANCE!Net (Foto: Thiago Ferri)
O último encontro entre Palmeiras e Sampaio Corrêa aconteceu em 1992, também pela Copa do Brasil.
O Verdão, que iniciava a montagem do grupo que fez sucesso nos anos seguintes junto da Parmalat, teve como goleiro rival uma figura folclórica: Juca Baleia. Arqueiro do Bolívia naqueles confrontos, o ex-jogador se destacava pelo peso bastante elevado.
– Cheguei a jogar com 120 kg – conta o ex-jogador, atualmente com 55 anos, 1,77m e 98 kg, em entrevista concedida à reportagem do LANCE!Net.
Juca hoje é comentarista, membro da diretoria da Associação de Garantia ao Atleta Profissional (AGAP) do Estado, e ouve brincadeiras de estar mais magro do que na época em que jogou futebol.
Tricampeão estadual pelo Sampaio, o ex-goleiro teve nos jogos com o Palmeiras destaque pelo país inteiro. No Castelão, vitória alviverde por 1 a 0 – gol de Tonhão. Em São Paulo, 4 a 0, mas ainda assim Juca considera ter feito dois dos melhores jogos de sua vida.
– Quando entramos no Castelão, acharam que o Palmeiras ia golear. Foi uma das melhores partidas que fiz em toda minha carreira. Mesmo
em São Paulo, a procura em cima de mim foi demais, muito bom. Com a carreira feita basicamente toda no Maranhão, Juca foi revelado pelo Sampaio e, sem chance no grupo principal, passou por diversas equipes do estado, como o Maranhão e o Moto Clube – esta curta, já que o técnico não aceitava o seu peso. Para ele, porém, os quilos a mais eram o seu “equilíbrio”.
– Eu cheguei a perder 20kg, ficar no ideal para goleiro, mas foi minha pior fase. Fiquei preso, perdinoção de bola, não saia do gol, uma das minhas especialidades. Meu peso me calibrava – explicou.
Passados mais de 20 anos do encontro com o Palmeiras, Juca diz não esquecer três momentos.
– O Carlos (goleiro do Verdão na época) me deu a camisa dele, e tenho ela comigo até hoje. Depois, o César Sampaio me deu algumas lições de vida que não esqueci mais. E, em São Paulo, teve um guri gordinho que pediu para pegar meu autógrafo. Inesquecível – falou.
A HISTÓRIA DE JUCA BALEIA
Rodou pelo Estado
Juca foi revelado pelo Sampaio, mas sem chances foi jogar no Espressinho e depois rodou pelo Estado até voltar na década de 90 ao Bolívia. Sua longa passagem pelo Maranhão, de oito anos, gera ainda hoje “reclamação” de alguns torcedores do clube tricolor.
Contra o Verdão
Na partida de ida, em São Luís (MA), Tonhão fez o gol da vitória em um chute baixo e no canto – como provocação, dizia-se que pelo peso, Juca tinha dificuldades para defender tiros rasteiros. Ele, porém, diz que se posicionava bem. Na volta, até realizou algumas defesas, mas não evitou o 4 a 0, e a eliminação no Palestra na 1 fase.
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Quais eram seus pontos fortes?
Eu saía muito bem do gol, tinha colocação, dificilmente eu caía (para defender). Sempre digo: eu driblei a lei da física. Tinham bolas que eu pegava e até me surpreendia. Mas sempre treinei muito.
Os jogos com o Palmeiras são os mais marcantes da sua carreira?
Deu projeção nacional, foi marcante, mas não tão emocionante do que quando eu ganhei o primeiro título maranhense como titular (91).
Você recebia pressão para emagrecer ou os times aceitavam?
Isto não tinha problema, porque eu saí da base do Sampaio já com este corpo. Os técnicos não acreditavam em um goleiro deste tamanho, e eu tinha de mostrar em campo.
Chegou a fazer muita dieta?
Não, comia de tudo. Fiz a dieta uma vez, perdi 20kg, e não adiantou. Só fiz pela minha saúde a partir de 1992 (ele tem hipertensão). Quando joguei não era problema comer.
Sente que houve preconceito?
Sim, no Moto Clube foi isto. Via pelo tamanho, e às vezes treinavam três goleiros: dois magros e eu. Escolhiam os dois. Sair do Moto foi uma das maiores decepções da minha vida. Queria jogar lá, você faz a coisa que gosta, e de repente alguém fala que não serve. Mas o reconhecimento hoje me deixa muito feliz. Não tenho o que reclamar.
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