Eto'o garante Neymar como melhor do mundo e se inspira em Zé Roberto para jogar até os 40

Na última terça-feira, o atacante Samuel Eto'o deu show marcando três gols no Come-Fogo amistoso para o qual foi convidado, mesmo aos 34 anos (o clássico foi disputado por equipes sub-20) e depois de viajar longas horas da Turquia ao Brasil. Mesmo com idade já avançada, o camaronês demonstra preparo físico invejável e disputa cada bola com a mesma intensidade de seus anos de ouro, quando jogou por Barcelona, Inter de Milão e Real Madrid.



A palavra "aposentadoria", aliás, não faz parte do vocabulário do africano, que disputou quatro Copas do Mundo na carreira. Atualmente defendendo o pequeno Antalyaspor, após passagens por Chelsea, Everton e Sampdoria, Eto'o não quer nem saber de parar.



Dizendo-se um apaixonado pelo futebol, ele busca inspiração em um jogador do Palmeiras para atuar até depois dos 40 anos.



"Enquanto eu tiver vontade de continuar levantando cedo para treinar, gostar de estar no vestiário com meus companheiros e desfrutando a torcida, seguirei jogando. Veja o Zé Roberto [lateral/meia do Palmeiras]: tem 40 anos e joga melhor que os garotos de 16. O mais importante é a paixão. Enquanto você enxerga essa luz, não pode parar", ressaltou o centroavante, em entrevista exclusiva à ESPN.



Zé e Eto'o, aliás, são amigos desde o final dos anos 90, quando atuaram juntos pelo Real Madrid. À época, ambos eram apenas jovens promessas, um vindo da Portuguesa e outro do Kadji Sports, de Camarões.



Recentemente, o africano ganhou mais uma atribuição no Antalyaspor: além de centroavante, ele agora é também técnico interino da equipe até a virada do ano, quando o clube vai buscar um novo treinador. Apaixonado pelo jogo, Eto'o diz respirar futebol 24 horas por dia, e garante não ter problemas em acumular funções.



"Antes, eu dormia umas quatro horas por noite. Agora, que sou jogador e treinador, estou dormindo no máximo três, diminuiu meu sono (risos). Mas sou um amante do futebol, então faço tudo com muita paixão. Dou sempre meu melhor, e acho que consegui fazer nossa equipe jogar bem. Mas não adiante só jogar bem, tem que jogar bem e ganhar", decretou.



Ao mesmo tempo em que é atleta e técnico, o ex-Barça ainda arruma tempo para acompanhar mais futebol pela TV, além de outros esportes - é um apaixonado pela NBA, por exemplo. De personalidade forte, Eto'o também não tem medo de dar sua opinião sobre quase nada. A exceção é a política da bola, como os escândalos de corrupção da Fifa.



"Não penso nada (sobre a corrupção na Fifa, não falo de política. Só jogo futebol", disparou.



Nas questões relativas ao esporte, porém, o camaronês não se esconde. Questionado sobre quem vencerá a Bola de Ouro em janeiro, Eto'o garante já ter certeza da lista final.



"O primeiro será Messi, os segundo Neymar e o terceiro Cristiano Ronaldo", disse. Em seguida, deu uma de vidente e assegurou que o Brasileiro um dia será o melhor jogador do planeta, mas apenas depois que o argentino e o português entrarem em declínio.



"Neymar tem muito potencial. Depois da época de Messi e Cristiano, seguramente será o número 1. Mas ele tem que lembrar que isso depende muito dele. Ele deve lembrar que tem o talento e precisa treinar, treinar e treinar, porque o talento dele os outros não tem", afirmou.



O africano, inclusive, vê muito de sua personalidade no camisa 10 da seleção brasileira. Segundo Eto'o, Neymar é cobrado da mesma forma que ele era quando "carregava" a seleção de Camarões nas costas. Quando o time vencia, não fazia mais que sua obrigação como craque da equipe. Já nas derrotas, era apontado pela imprensa e pela torcida como o culpado.



"O Neymar tem só 24 anos, eu tenho 10 a mais que ele, mas ele é um líder no Brasil, e creio que, com tudo o que ele vive, a pressão que passa, pode muito bem dar conselhos a um atleta de 35 que joga com ele, porque o Neymar vive o mesmo futebol, mas é cobrado de maneira diferente dos demais", explicou.



"Quando o Brasil joga eperde, a primeira coisa que perguntam é: 'Mas Neymar jogou? Jogou bem ou jogou mal?'. Quando eu jogava, sentia essa mesma pressão, de ser sempre o cara que perguntavam se tinha jogado bem ou mal", completou.