Revelação do Brasileirão-2014, artilheiro do Goiás e maior pontuador do Cartola FC em três rodadas em 2015, o atacante Erik, de 21 anos, agora vai jogar pelo Palmeiras, o que será um imenso desafio para ele. No Goiás, foi destaque desde sempre, mas para brilhar no Palmeiras terá de ir além do que ele já faz naturalmente: terá de aprender a servir os companheiros, algo que o novo companheiro, Dudu, de 23 anos, já faz com certa maestria.
No Brasileirão-2015, Erik disputou menos partidas e atuou por menos tempo do que em 2014, mas graças às cobranças de pênalti manteve sua média de minutos necessários para chegar a cada gol, ficou em evidência e conseguiu uma ótima transferência. Com quatro gols de pênaltis, igualou a marca de dez gols do novo companheiro no campeonato nacional. Mas Dudu vem mostrando ser mais completo. A concorrência vai fazer Erik crescer.
Dudu participou de dez gols decisivos (quando o time está empatando ou perdendo por um gol de diferença) contra seis do novo reforço. A diferença maior está nas assistências: em 2014, Erik deu 21 assistências para finalizações de companheiros e duas resultaram em gols. Em 2015, foram 22 assistências para finalização e duas resultaram em gol. No Brasileirão-2015, Dudu fez 44 assistências para finalização e sete viraram gols. Rafael Marques, de 32 anos, deu 36 assistências para finalização e cinco viraram gol. Mesmo Gabriel Jesus, de 18 anos, a quem Erik poderá substituir, fez 13 assistências para finalizações para seu colegas fazerem dois gols.
Ressalva importante: mesmo deixando o Brasileirão de certo modo em segundo plano para focar as energias em se tornar campeão da Copa do Brasil, o Palmeiras foi o nono colocado. Enquanto o Verdão vai disputar a Libertadores, o Goiás caiu e vai jogar a Série B em 2016.
Se o desempenho do grupo em que estava foi tão diferente, melhor comparar Erik com ele mesmo nos dois últimos Brasileirões. Foi titular o mesmo número de vezes (25), mas entrou menos como substituto (caiu de nove para um) e foi mais vezes substituído (de 10 para 12 vezes). Em minutos, atuou 15% menos.
O número de gols caiu. Em 2014, não cobrou pênaltis e marcou 12 gols em finalizações com a bola em jogo, marca que caiu para seis (com a bola em jogo), mas que foi impulsionada para dez graças a quatro gols de pênalti. Isso o levou a uma regularidade estatística: em 2014, marcou um gol a cada 212 minutos; em 2015, um gol a cada 214 minutos. Grosso modo, um gol a cada duas partidas, considerando acréscimos.
Ainda que os pênaltis o tenham ajudado a se manter em visibilidade, despencaram praticamente pela metade o número total de finalizações de Erik (de 62 para 32) e de finalizações certas (de 29 para 17), mas em mão inversa a pontaria melhorou muito. Em 2014, 19% de suas finalizações viraram gol, marca que subiu para 31% em 2015. Se levado em conta que o Goiás conquistou 41% dos pontos em 2014 e 33% em 2015, Erik ajudou como pôde.
Consideradas assistências e finalizações, Erik manteve uma certa faixa de desempenho: participou de 37% dos gols da equipe em 2014 e de 31% em 2015. O que mudou mesmo foi onde conseguiu essa participação. Em 2014, Erik participou de 45% dos gols da equipe quando mandante e apenas 11% quando visitante. Em 2015, foram 23% em casa e 41% quando visitante. É a variação mais expressiva, mas é preciso levar em consideração o desempenho do Goiás, que em 2014 fez 29 gols em casa e apenas nove fora e em 2015 fez 21 gols em casa e 16 fora.
Erik exibe segunda das três camisas que recebeu como maior pontuador de rodadas do Cartola FC (Foto: Fernando Vasconcelos / GloboEsporte.com)
Revelação em 2014, começou bem 2015. Titular em 16 dos 18 jogos do Goiás no estadual, marcou sete gols. Foi campeão e artilheiro da equipe. Ficou fora da estreia no Brasileirão, foi titular nas três rodadas seguidas e aí tudo começou a girar a seu redor: foi afastado da equipe. Falou-se em trabalho físico, falou-se em indisciplina. O período, junho, coincidia com a janela de transferência para o futebol turco. O Fenerbahçe teria interesse nele, mas a negociação não avançou.
Voltou à equipe na nona rodada, quando o técnico Hélio dos Anjos já tinha saído, perdeu para o Fluminense e foi disputar os Jogos Pan-Americanos de Toronto pela seleção brasileira. Foi bronze. Voltou ao Goiás na 16ª rodada, encontrando a equipe na zona do rebaixamento. Jogou oito das 19 rodadas do primeiro turno.
Depois de acertar sua ida para o ABC, o técnico Hélio dos Anjos afirmou com todas as letras ao site da ESPN sobre Erik:
- Nessa faixa etária, foi o pior que peguei na minha vida, em todos os sentidos, como ser humano, profissionalismo. Se ele não mudar tudo o que faz na vida toda dele, não só como jogador, pode esquecer.
Talvez conviver com Dudu, que nasceu em Goiânia (Erik é de Novo Repartimento, no Pará, e até os dez anos morou em um assentamento rural), seja enriquecedor para o novo companheiro. Só o tempo vai dizer qual o desempenho de Erik no Palmeiras. O que fica evidente nos números é que o setor de atuação significativa do ex-jogador do Goiás ficou mais restrito à grande área em 2015, aparecendo muito menos pela direita do que no ano anterior.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por Bruno Marques, Davi Barros, Guilherme Marçal, Gustavo Pereira, Igor Gonçalves, Leandro Silva, Pedro Lopes, Roberto Teixeira e Valmir Storti.
5223 visitas - Fonte: Globo Esporte