Ele trombou e derrubou o xerifão do Palmeiras. E como prêmio foi contratado

Um atacante é contratado para defender um time grande por conta de seus gols, seu protagonismo no ataque? Não foi assim com Renivaldo Pereira de Jesus, o Penna, que chegou ao Palmeiras em 1999. Tudo aconteceu depois de um jogo entre Rio Branco x Palmeiras pelo Campeonato Paulista daquele ano. Uma trombada.



Naquele duelo do Paulistão, Penna teve seu momento de protagonismo aos olhos do então técnico palmeirense Luiz Felipe Scolari. Felipão ficou impressionado com a força física do atacante, que foi capaz de derrubar ninguém mesmo que o zagueiro Clébão, xerifão do Palmeiras na época.



"Teve um jogo contra o Palmeiras e eu trombei com o Cleber em alguns lances. O Cleber caiu em uma das divididas e o Felipão falou: 'não, eu nunca vi o Cleber cair, um atacante derrubar o meu zagueiro? Eu quero ter esse jogador'. Então, quando a Parmalat fechou comigo, era o Palmeiras ou o Juventude e o Felipão falou que me queria. Foi uma surpresa", recordou Penna em conversa com o UOL Esporte.



Depois do pedido especial por Penna, o atacante estreou pelo Palmeiras em setembro de 1999, contra o Sport. Só marcou mais tarde, em seu quinto jogo, mas conseguiu o apoio de quem o trouxe: Felipão. Jogou no clube que na época tinha Evair, Oséas, Asprilla, Paulo Nunes, Edmilson e conseguiu o seu lugar.



Com Felipão ganhou a Copa dos Campeões, que credenciou o Palmeiras a disputar a Libertadores; o Rio-SP; foi vice da Libertadores. O moral com o treinador era tanto que Scolari até mesmo ajudou o jogador a conseguir um aumento de salário, que no início era de R$ 20 mil.



"Ele sabia que tinha jogadores que não jogavam e ganhavam 180 mil dólares, 100 mil, 80 mil e eu ganhava 20 mil reais. Teve um intervalo e eu me envolvi em uma confusão. Esse negócio de você ser roubado, de ficar calado, vendido por um preço e recebido por outro sendo que eu já poderia ter conseguido a sua independência financeira. Eu sofri muito e neste intervalo no Palmeiras eu falei que eu queria ir embora. Eu não queria mais voltar para o Palmeiras e fui embora no final de 2000. Eu saí de um salário de R$ 20 mil para ganhar cinco, seis vezes mais que isso, então mais uma vez eu me sujeitei", contou Penna, que deixou o Palmeiras em 2000 rumo ao Porto, de Portugal.



Período em que jogou no Porto 2000 a 2002



"Quando eu saí do Palmeiras eu fui jogar no Porto para substituir o Jardel. O Porto tinha perdido uma vaga para a Liga dos Campeões e estava naquele turbilhão. Foi quando me contrataram e eu tive a felicidade de chegar lá. Em oito jogos sempre marcava e o Porto foi para as pontas do campeonato português, fui artilheiro em Portugal e um dos goleadores da Europa".



O dinheiro perdido que atrapalhou sua carreira no futebol



Penna conta que não recebeu parte do dinheiro em sua transferência para o Palmeiras, em 1999. Também relembra ter tido perdas financeiras no período em que ficou no Porto, o que atrapalhou sua carreira, segundo ele.



"Bernardão, ex-São Paulo e Corinthians, me representou em Portugal no período que eu fiquei no Porto. Ele me disse que iriamos estabilizar minha vida financeira. Foi então que o Porto me adiantou 700 mil dólares e o que ele fez? Ficou com o dinheiro e nunca me repassou. Isto tirou a minha estrutura em Portugal depois de eu ter feito um ano maravilhoso, acabei psicologicamente caindo.



"Isso aconteceu em 2002 e depois disso eu nunca mais encontrei com ele. O Bernardão sumiu, e de lá pra cá eu só fui me prejudicando. Eu fiz alguns compromissos na minha cidade, eu estava construindo o meu pé de meia, estava fazendo a minha casa, queria dar uma estabilidade para minha família. Tinha gente me colocando na Justiça, a qualquer momento eu poderia ser preso caso entrasse aqui no Brasil".



"Foi então que eu rescindi contrato com o Porto e fui para o Strasbourg, da França. Com a rescisão de contrato que eu fiz com o Porto, acabei dando uma estabilizada, pagando as contas e dando um jeito na minha vida".



Procurado pelo UOL Esporte, Bernardo Silva, o Bernardão citado por Penna, que é ex-jogador e empresário, preferiu não comentar o assunto.



Foi confundido no Palmeiras com o Asprilla



"Já fui confundido muitas vezes com ele. Todo mundo tinha o cabelo mais ou menos igual. Eu cheguei um dia e falei: 'agora eu vou parar com isso, eu vou raspar o meu cabelo e ninguém vai mais confundir'. Mas o Asprilla é uma pessoa maravilhosa, me ensinou muito, cheguei a viajar com ele para vários lugares. O Asprilla me levava para todos os lugares, foi um amigo que eu fiz".