Aos 70, Rivellino lembra descaso no Palmeiras, convite do Real e compara Flu ao Barça

1/1/2016 14:04

Aos 70, Rivellino lembra descaso no Palmeiras, convite do Real e compara Flu ao Barça

Aos 70, Rivellino lembra descaso no Palmeiras, convite do Real e compara Flu ao Barça

A conquista da Copa do Mundo de 1970, justamente o momento mais marcante da carreira de Roberto Rivellino, serviu como inspiração para a festa de aniversário do ex-jogador de Corinthians e Fluminense, que completa 70 anos nesta sexta-feira.



Uma faixa com a inscrição "70 neles", tema de uma marchinha gravada por Gal Costa em 1986, foi pendurada no sítio de Rivellino, no interior de São Paulo, onde os filhos e os amigos celebraram a data e relembraram aquela conquista.



"Como o meu aniversário cai sempre em 1º de janeiro, eu nunca tive uma festa de aniversário. Só quando completei 50 anos meus filhos fizeram uma surpresa. Dessa vez eles não deixaram nem eu ir ao meu sítio por causa da festa", disse Rivellino, ao ESPN.com.br.



De fato, o triunfo no México representa o ápice da carreira de Rivellino. Ele recebeu na época 14 mil dólares da CBD (Confederação Brasileira de Desportes), sendo que 10 mil dólares foram só pelo fato de os jogadores terem alcançado a final, mas além dessa história há muitas outras marcantes nos 16 anos em que ele jogou profissionalmente.



Descendente de italianos, o ex-meia era palmeirense na infância e colecionava pôsteres da Academia, a formação alviverde capaz de fazer frente ao Santos de Pelé, mas tornou-se corintiano ao ser "marginalizado" numa peneira palmeirense e foi o craque do Corinthians por uma década. Herdou a camisa 10 da seleção brasileira depois que Pelé se aposentou.



Além disso, encantou o poderoso Real Madrid que tentou contratá-lo quando atuava pelo time carioca. Dono de uma habilidade ímpar e um chute potente de canhota, imortalizou o drible elástico e virou a "Patada Atômica" no México. Rivellino ainda tornou-se ídolo de um dos maiores jogadores da história: o argentino Diego Armando Maradona.



Todas essas histórias foram relembradas por Rivellino em entrevista à reportagem.







CORINTHIANS, MINHA SEGUNDA CASA



Foi um diretor do clube Indiano (time amador onde ele atuava) que fez Rivellino chegar ao Parque são Jorge. Ele indicou o garoto para um diretor na equipe alvinegra, que mostrou-se interessado e, após vê-lo em ação, já o integrou ao time de juniores.



"O Corinthians é minha segunda casa, não fiz teste algum. Fiz até meu pai virar corintiano pela injustiça que sofri no Palmeiras. Torço demais por esse clube, uma das maiores emoções da minha vida foi o busto que ganhei, a camisa que o time fez em minha homenagem e o pênalti que bati que foi o primeiro gol da Arena. Isso não tem preço no mundo que pague, ser homenageado em vida".



A trajetória de Rivellino no Corinthians começou em 1963. No ano seguinte, o garoto passou para o time de aspirantes e no outro ano para o time principal. Só saiu em 1974, quando carregou a culpa pela perda do título do Campeonato Paulista contra o Palmeiras - taça que poderia ter encerrado o jejum.



As únicas tristezas que guarda do Corinthians são a falta de conquistas importantes (ganhou um Torneio Rio-São Paulo dividido com outros três times) e a saída como vilão.



"Nunca sofri pressão do torcedor, nunca tive problema. Sai do Corinthians porque o Vicente Mattheus embarcou numa campanha armada pelo J. Hawilla. Mais do que ninguém eu queria ser campeão. Anos depois, em um almoço no Faustão [apresentador] ele veio me pedir desculpas. Eu disse que tinha minha consciência tranquila porque sempre dei meu máximo".



JOGUEI COM OS MAIORES: PELÉ E GARRINCHA



Camisa 10 do Corinthians por quase uma década, Rivellino defendeu o time paulistano durante um período com diversos craques no futebol brasileiro.



Atuou contra Pelé, Ademir da Guia, Tostão, Gerson, entre outros. Mas também jogou ao lado deles (principalmente na seleção). Dois ficaram nas recordações de Rivellino: Mané Garrincha, com que atuou pelo Corinthians em 1966, e Pelé.



"Um dos primeiros jogos dele foi contra o Santos e estávamos há muitos anos sem vencê-los. Garrincha sofreu um pênalti no final da partida e falou para mim: 'É hoje que acaba esse tabu, graças a Deus. Ele pegou a bola e cobrou, mas o Laércio pegou (risos)".



"O Mané era um cara fantástico, era 'passarinheiro' como eu. Quem o via, jamais imaginaria a importância dele para o futebol, uma uma humildade e um coração enorme. Ele viveu do jeito que quis, mesmo com nome todo. Era muito brincalhão, uma vez fomos fazer um amistoso pelo Milionários [time de ex-jogadores] e tinham dois bares, um vazio e outro cheio. Ele foi tomar o aperitivo no vazio para ajudar o outro bar, que lotou em cinco minutos (risos)".



O "rei do futebol" é o jogador que Riva mais admira, tanto dentro como fora de campo.



"O Pelé era foda. Ele teve uma atitude no final da Copa depois do jogo contra Itália, que olha...(emocionado). Porque falaram que ele estava acabado para o futebol, estava cego, pegaram pesado. Depois da vitória, ele entrou no vestiário e deu três berros: 'Eu não morri não, eu não morri não, eu não morri não!'".



"Nessas horas você vê quando o cara é diferenciado. Sofreu, engoliu, mas era o primeiro a puxar todas as filas, não reclamava de nada. O bife era duro e não dava para comer, ele cortava fininho. O colchão era ruim, ele dormia e não abria a boca".



DESMAIEI APÓS A CONQUISTA DO TRI



Para Rivellino, a seleção de 1970 não precisa nem ser avaliada. O ex-jogador considera aquela equipe a melhor de toda a história e para isso cita os reservas, como Edu, então ponta-esquerda do Santos de Pelé.



"Eu não esperava ser titular, mas o esquema tático do Zagallo acabou me ajudando. Depois de umas partidas que fiz e arrebentei, a torcida me pedia para jogar. Ele me deixou muito a vontade para jogadr do meu jeito porque não era ponta. O Saldanha tentou me fazer virar centroavante, mas não deu certo".



Sobre a conquista no México, Rivellino disse que a equipe não era totalmente unida. Citou que havia diferenças (entre Pelé e Fontana, por exemplo), mas que ficavam fora de campo porque dentro dele havia muita união entre os jogadores.



Rivellino ainda recordou que durante a comemoração do título desmaiou no gramado do estádio Azteca, na cidade do México. Além disso, tentaram raspar o bigode que ele deixou crescer durante o Mundial e virou sua marca registrada desde então.



"O Brito me travou e pegou a tesoura e ia me arrancar o bigode, que tinha demorou um tempão para crescer. Eu dei um berro: 'Não, por favor (risos)'. O chefe da delegação ouviu e não deixou".



"Uma vez eu errei na hora de aparar e fui sem bigode buscar minha filha no aeroporto, que me estranhou pra caramba (risos). Nas férias estava na praia e quis tirar pra ter um pouco mais de sossego, mas não adiantou nada. Cada esquina que eu passava alguém falava: Oi, Riva, e aí Riva (risos). Mesmo sem o bigode ainda me conhecem, graças a Deus, né?".



Após a conquista no México, houve uma maratona de comemoração no Brasil. Primeiro com uma carreata em Brasília, depois no Rio de Janeiro e, por fim, em São Paulo, mas com menos da metade dos jogadores.



FLUMINENSE ERA COMO O BARCELONA



Da saída frustrante do Corinthians, Rivellino foi para o Fluminense, que já contava com um time forte, com nomes como Carlos Alberto Torres, Gil, Paulo César, entre outros bons jogadores, e acabou brilhando.



Foram dois títulos do Estadual do Rio (1975 e 1976) e duas eliminações nas semifinais do Campeonato Brasileiro - Internacional (1975) e Corinthians (1976). Além disso, faturou outras taças, como Torneio de Paris, Troféu Teresa Herrera e Torneio Viãn del Mar.



Para Rivellino, a passagem no Fluminense não poderia ter sido melhor. O ex-meia comparou a forma como time carioca jogava com o Barcelona atual. Segundo ele, a equipe tinha posse de bola e chegava de forma rápida ao ataque.



Uma curiosidade é que foi durante o período em que jogou pelo Fluminense que Rivellino recebeu a maior sondagem de um clube europeu. O Real Madrid tentou contratar o jogador, mas o Fluminense recusou a proposta.



Quem queria a contratação de Rivellino era o técnico iugoslavo Miljan Miljanic, que havia observado o brasileiro durante a participação do Fluminense no Torneio de Paris.



A saída do Fluminense ocorreu em 1978, quando o time carioca já havia perdido a maioria dos seus craques e perdido a força. Rivellino recebeu uma proposta do Al Hilal, da Arábia Saudita, e aceitou. "Pensei na minha aposentadoria", disse à reportagem.



EU VIBRAVA PELO PALMEIRAS E DEI SHOW NO SÃO PAULO, DIZ RIVELLINO



Rivellino diz que a grande paixão dele sempre foi jogar futebol, mas quando era um garoto havia outra paixão: o Palmeiras. No bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, Rivellino acompanhava os jogos do time alviverde como podia e sabia de cabeça a escalação.



Mas a história mudou em 1962. Jogando futsal pelo Banespa contra o Palmeiras, Rivellino recebeu o convite para ir fazer um teste no Palmeiras. Aceitou e foi ao clube três vezes, mas sentiu-se desprezado e, magoado com a forma como foi tratado, perdeu o amor.



"Eu fazia minhas jogadas, mas ninguém falava nada, não estavam nem aí. Fui duas vezes. Na terceira, o [Mário] Travaglini [técnico do Palmeiras] mandou a gente ficar esperando em um muro. Parecia o paredão da morte. Depois disse que a gente podia se trocar que não iríamos treinar. O sangue subiu. Eu não pedi para estar lá. Eu fui convidado. Então, eu falei uma coisas e fui embora", disse Rivellino.



O craque contou que houve uma segunda tentativa do Palmeiras em contar com ele, mas ele não quis nem conversar com o clube alviverde.



"No segundo jogo da decisão pelo Banespa o Travaglini me reconheceu e veio falar comigo. Pediu desculpas e disse que não tinha dado para me ver direito. Me chamou para voltar ao Palmeiras para treinar. Eu respondi: 'Agora não, vou para o Corinthians'. O Travaglini disse que mandaria até um carro para me buscar, mas não tinha jeito. Eu tinha me comprometido com o Corinthians", relembra Rivellino.



Já sobre uma susposta ida ao São Paulo para fazer testes ele desmente. Diz que no máximo se reunia com os amigos de infância para jogar bola. "Como a gente morava no Brooklin dava para ir a pé até o Morumbi, mas nunca foi peneira, não".



Também nega que quase defendeu o time tricolor após retornar da Arábia Saudita. Aos 35 anos, explicou que estava utilizando as dependências do Morumbi para recuperar um problema no joelho, mas nunca com a expectativa de retomar a carreira.



"Fui fazer o tratamento e o próprio Travaglini, que treinava o São Paulo, e o Zé Sérgio, meu amigo, me convidavam para participar do rachão, do treino de dois toques e eu sou bom nos dois toques. Arrebentei e os caras me chamaram para jogar, para voltar e tal. Mas disse que não dava mais. Nunca foi meus planos voltar", disse.



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