Gilson Kleina está ameaçado no cargo de técnico do Palmeiras (Foto: Mauro Horita / Globoesporte.com)
Gilson Kleina não se isentou da responsabilidade pelas três derrotas seguidas do Palmeiras: Fluminense, Flamengo e Sampaio Corrêa, nesta quarta-feira, após sofrer virada por 2 a 1, pela Copa do Brasil. Pressionado, o treinador assumiu sua parcela de culpa pelo momento ruim e chamou para si a responsabilidade, caso haja necessidade de mudanças.
- Se for pra estourar em alguém, que estoure no meu comando. Se em algum momento eu entender que não consigo extrair mais nada, tenho personalidade suficiente para dizer que meu ciclo acabou. Mas nesse momento, tenho de reunir forças. Vamos dar a volta por cima. Tenho motivação para continuar - afirmou.
Agora, o diretor-executivo José Carlos Brunoro, o gerente de futebol Omar Feitosa e o presidente Paulo Nobre vão se reunir nesta quinta-feira com a comissão técnica para avaliar os resultados recentes. O encontro pode resultar na demissão do treinador, mas ele se mantém firme na posição de continuar no Verdão.
Vamos nos reunir e fazer uma avaliação. Se depender do meu pensamento vou dar continuidade. Todos estão chateados. O resultado aumenta a pressão para todos os lados, mas é a primeira vez que estamos passando por essa turbulência desse tamanho - disse.
Muito pressionado, o Palmeiras enfrentará o Goiás, sábado, no Pacaembu, novamente pelo Brasileirão. No momento, porém, não se sabe se Kleina estará no banco de reservas, já que Brunoro não garantiu a permanência do comandante. O dirigente adiantou apenas que sua permanência é provável, mas a decisão final depende de uma conversa entre todo o departamento de futebol.
Confira os tópicos da entrevista coletiva do treinador palmeirense:
Derrota e possível saída
- Estou motivado para continuar. Por mais que estamos passando por uma situação de resultado ruins, estamos reconstruindo a equipe na Série A e na Copa do Brasil. A expectativa era de ter levado uma vantagem muito boa. Preciso enaltecer a entrega dos jogadores, a equipe lutou. Mas o gol causa desestabiliza. Não via condição de sair daqui com o resultado ruim. Claro que tem de dar o mérito ao adversário que soube jogar no contra-ataque, aproveitou dois erros nossos e tivemos até condição de ter feito o segundo gol. Pegamos um gramado grande e pesado, e teve um desgaste emocional. Mas a equipe vai reagir. Essa é a certeza que eu tenho. Vamos nos reunir e fazer uma avaliação. Se depender do meu pensamento vou dar continuidade. Todos estão chateados. O resultado aumenta a pressão para todos os lados, mas é a primeira vez que estamos passando por essa turbulência
Sequência de resultados negativos
- Vamos reconstruir novamente. Fizemos um Paulista muito competitivo e agressivo. Acontece de ter lesões de atletas que são referência. Mas de todas essas mudanças temos de solucionar dentro do grupo. Quando o resultado não vem gera desconfiança para todos e começa a fomentar um pensamento negativo da forma de trabalho, do comando e de alguns jogadores, mas só podemos prometer ao torcedor que vamos trabalhar e reverter. Temos de solucionar e rapidamente. Cabe a todos fazer uma avaliação para ver o que está acontecendo
Como foi a conversa com o Brunoro
- Falou exatamente isso: quer muito dar continuidade, e ao mesmo tempo precisa dar resultado. Nosso presidente também é pressionado, mas todas avaliações precisam ser minuciosas. Nós sabemos o caminho. Tivemos perda de atletas importantes, mas enaltecemos o Fábio e o Renato. Por mais que estejamos levando o resultado ruim, tenho certeza no resultado da volta para passarmos para a terceira fase. O tempo agora é de recuperação e confiança. Temos de tranquilizar no momento mais difícil que estamos passando no Palmeiras e fazer do jogo do Goiás um divisor de águas
Como reagir
- Claro que para o torcedor, o importante é resultado. Claro que aumenta a exigência, a cobrança, mas nós que trabalhamos e queremos ser vencedores, temos que passar por essa trajetória. Não adianta transferir tudo para os atletas. A torcida tem que apoiar esses jogadores sábado. É momento de mobilizar, de todo mundo acreditar. Para render, para ter desempenho, tem que ter apoio. Nesse momento de derrotas, é a força dos incompetentes, daqueles que querem que tudo dê errado. A gente sabe as dificuldades, sabe onde a gente pode melhorar. Tenho certeza que, apesar da derrota, houve evolução. O que a gente brigou e se superou hoje não foi suficiente, mas a partir de sábado pode voltar o resultado.
Teme a demissão
- Temer, não. A gente vai assumir, vamos passar para os jogadores a tranquilidade. Por mais que hoje a gente não deu a vitória merecida para esse torcedor, vamos dar a volta por cima. Por mais que na prática não estão acontecendo as coisas, elas vão acontecer. Alguns jogadores sentiram um pouquinho de domingo para hoje.
Fica de mãos atadas pela falta de reforços
- O Henrique chegou porque caía na características que precisávamos. Naquele momento, a diretoria estava bem desenvolvida na negociação com o Alan, tudo levava a crer que ele ficaria. A gente colocou esse atleta em condições para voltar a jogar da forma que sempre jogamos. Fizemos um excelente primeiro tempo contra o Flamengo. Todo mundo está procurando. É hora de ter tranquilidade, não adianta achar que vai encaixar da noite para o dia. Com essa pressão, as coisas tendem a piorar. É claro que quero conversar com o departamento de futebol, para entender o pensamento. Aqui está todo mundo motivado. Não sou um treinador que entrega os pontos, pelo contrário.
Contra o Goiás é vida ou morte
- Pela pergunta, você já está colocando dessa forma. Quando nós tivemos dez jogos de resultados positivos, tínhamos obrigação de vencer. Apoiem, porque esse grupo vai dar resposta, grupo novo, de qualidade, com jogadores de valor da base. Entramos com brio, qualidade. Aconteça o que acontecer, vamos fazer o melhor sábado, mas não vou deixar ninguém exposto nem transferir para ninguém. Que estoure no meu comando.
A quem mandou recado sobre fomentar assunto demissão
- A gente tem que solucionar aqui dentro. A gente vê grandes equipes que fizeram grandes investimentos também lutando para isso. Se fizer uma análise, puxando para todos no futebol, nós tivemos uma equipe no Paulista, uma na Libertadores e outra na Série B, sempre remontando. Remontamos no Paulista e agora na Série A. O resultado não vem, começam a contestar, que não tem comando, que o jogador não presta. Quando eu entender que não posso extrair mais, que não adianta trabalhar, é hora de dizer que meu ciclo acabou.
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