Depois de 17 Copas, São Paulo não terá representantes na Seleção (Foto: Info globoesporte.com)
Os torcedores dos clubes paulistas que quiserem acompanhar seus jogadores na Copa do Mundo, terão de assistir a jogos do Uruguai ou do Chile. Luiz Felipe Scolari anunciou na quarta-feira sua lista de 23 convocados para o Mundial e não chamou nenhum atleta que atua em São Paulo.
Um fiasco para o futebol mais rico do país. Um fato inédito desde 1934, quando discussões sobre a transição do amadorismo para o profissionalismo impediram a presença paulista no Mundial da Itália. Fred, do Fluminense, Victor e Jô, do Atlético-MG, e Jefferson, do Botafogo, foram os únicos jogadores convocados que atuam em território nacional.
Diversos atletas de equipes paulistas chegaram a ser testados por Felipão. Luis Fabiano, Osvaldo e Pato, todos do São Paulo, Jadson, Ralf e o goleiro Matheus Vidotto, hoje no Corinthians, Arouca e Leandro Damião, do Santos, e o palmeirense Leandro. Todos ficaram pelo caminho.
A confirmação da Seleção sem esses jogadores comprova o mau momento do futebol no estado, que, pela primeira vez em 15 anos, ficou sem um clube na Libertadores. Por outro lado, neste início de Campeonato Brasileiro, o Corinthians lidera.
Ironicamente, ao lado de Felipão no anúncio da lista, estava Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol. Ele deixará o cargo em janeiro de 2015 e, a partir de abril, assumirá a CBF em substituição a José Maria Marin.
Como forma de consolo, Palmeiras, Santos e São Paulo deverão ceder atletas a outras seleções nos próximos dias. O palmeirense Valdivia e o santista Mena são frequentemente convocados por Jorge Sampaoli no Chile, enquanto o são-paulino Alvaro Pereira disputará sua segunda Copa do Mundo pelo Uruguai. Eguren e Victorino, do Verdão, também são cotados para defender a Celeste.
A presença de paulistas sempre foi habitual, mas o declínio já havia sido indicado em 2010, quando apenas Robinho, em passagem relâmpago pelo Santos, esteve na África do Sul.
O atacante era um dos destaques da seleção brasileira comandada pelo técnico Dunga.
Não foi a primeira vez que só um atleta do estado vestiu a amarelinha num Mundial. Em 1998 e 1990, Zé Carlos e Ricardo Rocha, ambos do São Paulo, foram convocados. No último título nacional, o penta em 2002, havia cinco jogadores do estado. O principal destaque foi o goleiro palmeirense Marcos.
Mais antigamente, São Paulo chegou a ser o grande fornecedor da Seleção. O recorde de convocações ocorreu no bi mundial, em 1962. Foram 14 paulistas, com destaque para os santistas Gilmar, Mauro, Mengálvio, Zito, Coutinho, Pepe e Pelé.
As vagas não se restringiram aos quatro grandes. Portuguesa, Ponte Preta, Guarani e até a Portuguesa santista, com o meio-campo Argemiro, em 1938, foram fonte de mão-de-obra.
Nos dois primeiros Mundiais, a ausência de paulistas se deu por motivos políticos. Em 1930, Rio de Janeiro e São Paulo se viam envolvidos em disputas de poder econômico.
O cenário era o pano de fundo para o desentendimento entre a CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que comandava o futebol no Brasil e não convidou para integrar a comissão técnica na Copa do Uruguai nenhum membro da Apea (Associação Paulista de Esportes Atléticos).
Em represália, a Associação vetou a participação de jogadores do estado. Os cariocas formaram toda a seleção brasileira. Quatro anos depois, na Copa da Itália, o futebol já estava se profissionalizando em São Paulo, prática condenável pela CBD. Em nova briga, mais uma vez a equipe viajou muito desfalcada e não durou mais do que uma partida.
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