Com apenas 13 anos, Paulo Nobre participou de um protesto contra a diretoria do Palmeiras junto a outros garotos (Acervo/Gazeta Press)
Eleito no começo de 2013, Paulo Nobre vive o período de maior contestação desde que assumiu a presidência do Palmeiras, mas já esteve do outro lado. Em 1981, com apenas 13 anos, o então jovem torcedor participou de uma manifestação promovida por organizadas contra a diretoria da época, encabeçada por Brício Pompeu de Toledo.
Um grupo de aproximadamente 500 torcedores, a maioria integrantes de uniformizadas, resolveu protestar antes do jogo entre Palmeiras e Botafogo-SP, pelo Campeonato Paulista. Os manifestantes se reuniram na rua Turiassu e caminharam lentamente no rumo da Avenida Pompeia, congestionando o trânsito na região.
Então com 13 anos, Paulo Nobre aparece em uma foto produzida pelo jornal A Gazeta Esportiva ao lado de outros garotos. Na imagem, é possível visualizar o caixão carregado pelos manifestantes e um dos cartazes preparados para a passeata com a seguinte inscrição: “só há uma saída a da diretoria”.
“Ô ô ô, queremos diretor!” e “ê ê ê ê, o palmeirense está cansado de sofrer!” foram alguns dos gritos entoados pelos torcedores, semelhantes aos hoje ouvidos por Nobre. Carlos Alberto Junqueira Júnior, integrante da organizada Inferno Verde, que teve o atual presidente como um dos fundadores, reclamou à Gazeta Esportiva na época.
“A solução é a demissão coletiva de toda a diretoria. Eles já provaram que são incompetentes e não sabem dirigir um clube como o Palmeiras. Gastaram muito na compra de um boliviano que ninguém nunca ouviu falar (Carlos Aragones). A diretoria não permite diálogo e vê a oposição como inimiga, o que prova a necessidade de gente nova e capaz”, disse.
Delfino Facchina, respeitado por comandar o Palmeiras no período marcado pelos títulos da Academia de Futebol, presidiria o clube novamente de 1979 a 1982, mas faleceu em junho de 1980 e foi sucedido por Brício Pompeu de Toledo, de acordo com informações publicadas no site oficial da agremiação.
Cerca de uma hora depois de partir da Turiassu, a passeata chegou à Praça Conde Francisco Matarazzo Júnior. Enquanto esperavam pelo álcool para atear fogo ao caixão, os torcedores cantaram o hino do clube e criticaram a diretoria pela demora em promover um jogo de despedida para o ídolo Ademir da Guia, realizado apenas em 1984.
Assim que o combustível chegou, o grupo incinerou o caixão pintado de verde e branco com a inscrição “Conselho Deliberativo”. Em seguida, como forma de protesto, os torcedores combinaram de não entrar no estádio Palestra Itália para acompanhar a partida contra o Botafogo-SP.
Diante de apenas 2.885 pagantes, o Palmeiras, na fila desde 1976, ficou no empate por a 1 a 1 com o Botafogo-SP graças a um gol marcado pelo lateral Pedrinho aos 42 minutos do segundo tempo. No fim da partida, os diretores deixaram as tribunas sob proteção policial.
Caixão verde e branco foi queimado no protesto (Acervo/Gazeta Press)
“Palmeiras empata: teve até funeral”, manchetou a Gazeta Esportiva no dia seguinte. “O Palmeiras teve incentivo de sua pequena massa, que na verdade não demonstrava ressentimento contra a equipe, mas sim contra a diretoria. Tanto é verdade que ao final da partida a torcida aplaudiu o time e descarregou nova dose de revolta contra os dirigentes”, informou o periódico.
Trinta e três anos depois de participar do protesto contra a diretoria encabeçada por Brício Pompeu de Toledo, Paulo Nobre se vê em situação delicada como presidente do Palmeiras. Com o time ameaçado na Copa do Brasil e em baixa no Campeonato Brasileiro, o dirigente vive o período de maior contestação de sua gestão.
A queda diante do Ituano na semifinal do Campeonato Paulista, a saída do centroavante Alan Kardec para o São Paulo, o impasse com a WTorre sobre o estádio e o modelo de remuneração por produtividade estão entre os principais questionamentos a Paulo Nobre. Pressionado, o dirigente espera que a demissão do técnico Gilson Kleina sirva para diminuir a pressão.
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