Rico de novo, Palmeiras almeja era de títulos à la anos 90; veja semelhanças

Patrocinadores atuais ajudam clube a se reerguer e levam a diretoria a acreditar que os próximos anos serão marcados na história com conquistas, como foi a era Parmalat

Lucas Barrios e Gabriel Jesus mostram as novas camisas (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras)



A década de 1990 foi uma das mais vitoriosas da história do Palmeiras. Com aporte financeiro da Parmalat, o clube montou esquadrões e não só findou um longo jejum de conquistas como também conquistou o inédito título da da Taça Libertadores. Mais de 20 anos depois, um novo grande investimento privado faz a diretoria – e por que não a torcida? – sonhar com uma era talvez até mais vitoriosa.



Nesta sexta-feira, o presidente Paulo Nobre falou sobre isso ao oficializar a ampliação do acordo com a Crefisa e a FAM (Faculdade das Américas). As duas empresas, que fazem parte de um mesmo grupo controlado pelo casal José Roberto Lamacchia e Leila Pereira, agora terão a exclusividade de patrocínio do uniforme, também no calção e nas meias, e pagarão ao clube R$ 66 milhões no ano.



– Esse relacionamento vai acabar gerando a famosa era Crefisa no Palmeiras, o que é um sonho para todo palmeirense e para os patrocinadores – discursou o dirigente, sem citar a Parmalat, que fez parte da gestão do futebol palmeirense de 1992 a 2000 e, no ano passado, foi envolvida acidentalmente em um atrito entre os patrocinadores atuais e a diretoria.



As semelhanças entre os períodos vão além do dinheiro. Continuam com um vice-campeonato paulista seguido de um título importante. Abaixo, relembre outros pontos em comum:



SEM LIMITE

O acordo aprovado pelo Conselho Deliberativo do Palmeiras em abril de 1992 previa investimentos da Parmalat na casa de US$ 500 mil por ano para exposição publicitária mais montante ilimitado para contratação e salário de atletas. A Crefisa pagará neste ano R$ 66 milhões, incluindo R$ 1 milhão pelo salário do atacante Lucas Barrios, contratado por ela.



QUASE

No mesmo ano em que as empresas fecharam acordo, o time chegou à final do Campeonato Paulista. Nas duas ocasiões, no entanto, foi derrotado por um grande rival. Em 1992, o algoz foi o São Paulo. Em 2015, o Palmeiras perdeu o título para o Santos.



RIVAL E PROVOCAÇÃO





Palmeirenses repetem a cara do santista Ricardo Oliveira no título da Copa do Brasil (Foto: Ale Frata/Agência Estado)



Se a primeira final foi perdida para um rival, o mesmo aconteceu no primeiro título. No primeiro êxito com a Parmalat, a vítima foi o Corinthians, que venceu o jogo de ida da decisão com direito a imitação de um porco por parte de Viola. Na primeira taça com a Crefisa, quem teve que aguentar a resposta de provocação – neste caso, uma careta – foi o santista Ricardo Oliveira.



REFORÇOS
Antônio Carlos (zagueiro campeão mundial pelo São Paulo), Roberto Carlos (já na seleção brasileira), Edilson, Edmundo (destaque do Vasco)… Endinheirado, o Palmeiras buscava praticamente quem quisesse no mercado. Tem sido assim novamente. Antes de Barrios, o clube levou a melhor sobre rivais para ter o disputado Dudu e buscou ao todo 25 reforços.



CAMISA 7



Edmundo foi ídolo no Palmeiras nos anos 90, caminho que Dudu começa a percorrer (Foto: Montagem/SporTV)



Dudu, a propósito, lembra Edmundo. Endiabrado, polêmico e fundamental. Com a mesma camisa que marcou o Animal, o baixinho meia-atacante criou problemas e soluções dentro de campo. Foi suspenso por agredir um árbitro, mas mostrou bom futebol quando voltou e terminou o ano como artilheiro da equipe, com 16 gols marcados, dois deles na decisão da Copa do Brasil.



TREINADOR



Marcelo Oliveira assumiu o Palmeiras após o Paulista do ano passado (Foto: César Greco/Ag. Palmeiras)



Depois do vice estadual, o Palmeiras também apostou na mudança de comando. Na era Parmalat, contou com Vanderlei Luxemburgo – que havia feito ótimo trabalho no Bragantino e mais tarde com Luiz Felipe Scolari, treinador vitorioso pelo Grêmio. Com eles, dominou grande parte da década de 90. Em 2015, a estratégia se repetiu: com Marcelo Oliveira, técnico bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro nos anos anteriores, voltou a ser campeão.



MITOS

Para convencer bons jogadores e um bom comandante, o Palmeiras contou com os serviços de Alexandre Mattos, contratado para dirigir o futebol após comprovada competência no Cruzeiro, onde havia trabalhado com Marcelo Oliveira. As contratações em peso renderam apelido de Alexandre Mittos. Seu antecessor era José Carlos Brunoro, que foi alvo de críticas na última passagem, mas também foi um grande executivo na gestão da Parmalat. Tentou contratar até o argentino Diego Maradona.



PROJETO JAPÃO

Ao longo da década de 1990, o Palmeiras foi voltando a ficar competitivo no cenário sul-americano. Os títulos da Mercosul de 98 e da Libertadores de 99 finalmente levaram o clube à disputa de uma final intercontinental no Japão. O planejamento da diretoria atual é de repetir o feito já nesta temporada, a segunda com o clube novamente no azul. Muitos reforços, inclusive, foram seduzidos pelo projeto de participar do Mundial no final do ano, apresentado por Alexandre Mattos.



EM CASA



Desempenho do Palmeiras em sua nova arena tem sido fundamental nas competições (Foto: Marcos Ribolli)



O antigo Palestra Itália recebeu jogos memoráveis do Palmeiras duas décadas atrás. Foi palco, inclusive, da final da única Libertadores conquistada até o momento. Após quatro anos em reforma, agora modernizado e com capacidade ainda maior, o estádio que virou arena se mostrou importante também em 2015, na decisão da Copa do Brasil. A expectativa é de que assim continue.