A geografia da bola: um sueco palmeirense e um flamenguista dinamarquês

6/2/2016 15:29

A geografia da bola: um sueco palmeirense e um flamenguista dinamarquês

 A geografia da bola: um sueco palmeirense e um flamenguista dinamarquês

Kristian Bengtson, na Noruega,, sofrendo para se equilibrar nos esquis (Crédito: Acervo Pessoal)



Em 2000, Frederik, príncipe herdeiro da Dinamarca, e Vitória, princesa herdeira da Suécia, se encontraram no meio da Ponte do Öresund”, um ato simbólico para inaugurar o enorme complexo rodoviário que liga os dois países em menos de 30 minutos, e que inclui ainda um túnel submarino e uma ilha artificial.



O sueco Kristian Bengtson, 42, e o dinamarquês Andreas Knudsen, 40, podem dizer que algo mais os une, mesmo que nunca tenham se encontrado nesta vida: a paixão por clubes brasileiros de futebol.



Enquanto no Brasil, seduzidos por gramados perfeitos, os maiores craques do mundo e torneios extremamente organizados, é cada vez maior o número de jovens que escolhem times europeus para torcer – fenômeno batizado de Geração Playstation, o palmeirense Kristian, que hoje mora em Brasília, e o flamenguista Andreas percorreram o caminho inverso. Hoje investem tempo em manter sites e redes sociais sobre seus times de coração.



“Nasci e fui criado na Suécia, por meu pai sueco e minha mãe gaúcha. Cheguei em Brasília aos 25 anos, com a intenção de ficar por seis meses e ainda sob a ilusão de que eu era gremista. As coisas mudaram quando, logo após a minha chegada, fui exposto a duas paixões: a mulher da minha vida e o Palmeiras”, relembra Kristian, que mantém o site Anything Palmeiras, com notícias e análises em inglês.



Em 2009, entrou em contato com o clube e ofereceu conteúdo sobre o time em outra língua, mas o projeto não vingou. Decidiu então criá-lo por conta própria. O site, segundo Kristian, recebe hoje quase 4 mil visitas por mês – metade de usuários brasileiros. “Vários estrangeiros que vêm a São Paulo a trabalho me procuram para saber como conseguir ingresso, em que bares assistir aos jogos e onde comprar camisa”, aponta.



A mãe do rubro-negro Andreas é brasileira e, quando ele veio ao Brasil pela primeira vez, todo mundo falava sobre a seleção de 1982 e de Zico. “Meus primos e tios me mostraram tudo sobre o clube. Para um menino de 8 anos, é uma coisa marcante. Já voltei para a Dinamarca flamenguista”, relembra.





Andreas Knudsen ensinou algo obrigatório aos filhos: a hereditariedade do time do coração (Crédito: Acervo Pessoal)



O Flamengo.DK foi um passo natural para Andreas, que hoje usa 12 horas por semana produzindo e espalhando conteúdo pelas redes sociais. “Quando comecei, pensei que não daria muito trabalho, mas hoje já espero que surjam flamenguistas dinamarqueses que queiram me ajudar”, brinca.



Kristian Bengtson foi diplomata (segundo secretário) durante dois anos, responsável principalmente pela área de política e direitos humanos na Embaixada da Suécia em Brasília. Hoje, é coordenador do Programa Norueguês de Apoio aos Povos Indígenas, um esforço do governo da Noruega em promover direitos humanos em países estratégicos.





Kristian se encontra com o lendário Raoni Kayapó, cacique de uma aldeia em Mato Grosso (Crédito: Acervo Pessoal);,/i>



Andreas Knudsen também ganha a vida longe do futebol. Casado e com três filhos, exerce a função de cozinheiro na prefeitura de Randers, a quinta maior cidade do país, com 62 mil habitantes. “Futebol brasileiro não é tão popular aqui. É uma coisa exótica até”, explica.



Nem Brasília, nem Randers impedem que os torcedores consigam de vez em quando acompanhar presencialmente suas paixões. Bengtson viaja a São Paulo de duas a três vezes por ano e sempre tenta conciliar essas viagens com uma visita ao estádio e para conhecer palmeirenses que se tornaram amigos virtuais nos últimos anos. Na última passagem, no ano passado, comemorou a vitória por 4 a 2 contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro, e pôde ver de perto as mudanças radicais na casa alviverde. “O Palestra sempre terá um lugar especial no coração do palmeirense. Mas o torcedor já está criando uma nova identidade, uma alma, uma história no novo estádio. O Allianz Parque é um trunfo inigualável do Palmeiras”, destaca.



O sueco se orgulha ainda de ter participado da Procissão do São Marcos, que marcou a aposentadoria do goleiro, e aponta a Copa do Brasil de 2012 como título inesquecível: “Minha mulher realmente achou que eu fosse enfartar”, confessa.



A cada dois anos, Knudsen programa-se para trazer toda a família para o Rio de Janeiro. Foi pé quente na última viagem, em 2015: estava no Maracanã em pleno Fla-Flu, válido pelo Campeonato Carioca e que terminou em vitória por 3 a 0 dos rubro-negros.



Mas é a final do Brasileirão de 1992, quando o Flamengo venceu o Botafogo, que não sai de sua memória. “Estava bem perto do acidente e vi o povo caindo. Foi terrível e nunca vou esquecer. E o Maracanã lotado, um golaço do Júnior e o título. Foi o jogo da minha vida”, crava.



A produção de conteúdo sobre os times e o diálogo constante com outros torcedores permitem que ambos discorram sobre o momento político de seus clubes. “A gestão Paulo Nobre, com sobra, acertou mais do que errou, principalmente na questão administrativa e financeira. Ele arrumou a casa em tempo recorde”, afirma Kristian, que, mesmo indo a poucos jogos, é sócio-torcedor do Palmeiras. Andreas também apoia o atual presidente do Flamengo: “Gosto do Bandeira de Mello. Ele fez do Flamengo um clube ainda mais popular”.



Quando o papo é a expectativa para 2016, os torcedores se dividem. “O elenco do Flamengo é bom, mas falta muito na defesa. A palavra-chave é paciência. Não acredito em títulos para esse ano”, diz Andreas. ” Não há, nunca houve e nunca haverá garantias. Mas o Palmeiras tem elenco para vencer tudo o que disputar em 2016. E acredito que vencerá”, acredita Kristian.



Entre comunidades indígenas e cardápios diários, entre Palmeiras e Flamengo, o sueco e o dinamarquês ignoram a geografia. Muito além da Ponte do Öresund, a paixão pelo futebol é o caminho que decidiram trilhar.



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