Fabinho marcou dois gols na última partida do XV de Piracicaba
O dia 1º fevereiro foi um dos mais tristes da história centenária do XV de Piracicaba. Depois de ficar uma semana internado na UTI no hospital Emcor, o lateral Canavarros faleceu devido a um mal súbito sofrido durante um treinamento. A morte do jovem foi apenas um dia depois da estreia do time no Estadual, que terminou com derrota para o Corinthians.
A Federação Paulista adiou o duelo seguinte, que seria disputado contra o Rio Claro. Ainda abalados pela morte do companheiro, os resultados seguintes foram ruins e ocasionaram a saída do treinador Claudinho Batista.
"É um momento muito difícil, nunca tinha passado por isso em lugar nenhum. Foi uma fatalidade, abalou no momento. Perdemos um grande amigo e companheiro, um menino novo que tinha um sonho e uma vida toda pela frente, mas que nos deixou", lamentou o atacante Fabinho, ao ESPN.com.br.
Canavarros não saiu das conversas e das lembranças do elenco quinzista,"Nós falamos entre o grupo que vamos fazer um bom Paulistão para poder dedicar à ele. Sempre será lembrado entre a gente no clube", disse.
Com apenas cinco pontos ganhos, o XV conquistou seu primeiro triunfo na competição diante do Red Bull na última rodada, com dois gols de Fabinho."Nosso momento era complicado, pressão muito grande do torcedor que é apaixonado e tem toda razão. A gente precisava de uma vitória para dar moral e foi um momento de dar a volta por cima", relatou.
"A gente imaginava o começo de campeonato muito bom, mas não conseguimos atender as expectativas. Esse resultado levantou o astral do grupo vamos conquistar o objetivo de uma das vagas para a Série D do Brasileiro", projetou.
Para manter a boa fase, ele precisa ajudar seu time a bater o Palmeiras, um velho conhecido. Atuando pelo Guarani, em 2012, Fabinho marcou dois gols na eliminação nas quartas de final do Paulista. O jogador de 32 anos lembra o clima de rivalidade que cercava aquele duelo entre os times.
"Quando a gente foi jogar era uma revanche. Tínhamos vencido na primeira fase por 3 a 1 e criou-se uma rivalidade pela repercussão toda que deu. Para aquele jogo do mata-mata os caras estavam pilhados. A gente ouviu o Marcos Assunção batendo no peito e chamando os jogadores, falando que ia dar Palmeiras e motivando os caras", disse.
Ao ver a reação da equipe da capital, o jogador olhou para o capitão Fumagalli e teve certeza que conquistaria a vaga. "A motivação que eles tão para passar por nós é menor do que a nossa. Nós estamos mais motivados, não vamos bater no braço, mas vamos dar a vida para chegar nessa semifinal", bradou.
Em um jogo muito difícil, o time de Campinas passou com uma vitória por 3 a 2 com atuação de gala de Fabinho. No duelo seguinte, passou pela Ponte Preta em um dos maiores dérbis da história.
"Começamos atrás no placar e perdemos nosso maestro Fumagalli, mas na volta do intervalo eu falei: 'Agora vamos ganhar o jogo, quem não acredita que somos capazes, pode ficar aqui no vestiário'. Mesmo com tantas dificuldades poderíamos fazer o resultado, esse jogo me marcou pela nossa reação no segundo tempo", recordou.
Na final, o time acabou derrotado para o Santos de Neymar, mas a campanha foi muito comemorada pelo clube, principalmente pelo começo da jornada.
Fabinho se destacou com a camisa do Guarani
"Em 2011 ficamos sete meses sem receber no Guarani, uma situação muito delicada. Nós honramos a camisa e não deixamos a equipe cair , tanto é que fomos chamados de 'time de guerreiros'. Foi uma comoção muito grande na cidade, torcedores e empresários nos ajudaram", recordou.
Depois de se destacar no Estadual, Fabinho acertou com o Cruzeiro para a disputa do Campeonato Brasileiro.
"Foi uma experiência mutio boa, cheguei jogando com o Celso Roth, que me deu muita moral e confiança. Tive sequência e fiz assistências, mas depois sofri uma lesão no joelho e me parou no melhor momento. Não foi grave, mas fiquei dois meses parado e voltei a jogar", disse.
"Jogar em time tão grande foi um reconhecimento de tudo o que fiz no meu trabalho, gostaria de ter ficado no ano seguinte, mas fui empresatado ao Criciúma. Conquistei um titulo estadual fiz o Brasileiro, foi maravilhoso", comemorou.
PEQUENO NO TAMANHO, MAS GRANDE NA VONTADE
O atacante começou no futebol desde cedo e passou pela base do Santa Cruz. Depois da separação dos pais, ele se mudou com o tio para São Paulo para estudar e tentar a carreira nos gramados.
"Eu comecei no clube Pequeninos do Jóquei, na zona sul da capital. Era uma escolinha paga, mas me arrumaram uma vaga desde que eu fosse bem na escola. Passei por muito times para fazer avaliação", recordou.
Ele rodou o interior em clubes como Etti Jundiaí, Bragantino, Rio Branco e Ponte Preta, mas sem sucesso.
"Muitos deles não me aceitaram pela estatura e porte físico. Diziam que ficariam com os caras que estava por lá, ouvi muito não, mas nunca deisiti", recordou.
"Até que passei no Olimpia pra jogar a Série A2 e as coisas começaram a melhorar. Cheguei no Guarani em 2009 e tive muito sucesso, foi aonde levantou minha carreira com uma boa sequência e abriu as portas", comemorou o atacante que também atuou por Joinville e Ceará.
Mesmo baixinho, Fabinho não tem medo dos zagueiros grandalhões e sempre mostou a vontade e a persistência gigante para vencer no futebol.
Fabinho jogou pelo Joinville, em 2014
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