Sem organização e criatividade, Palmeiras perde da Ferroviária; análise

29/2/2016 08:16

Sem organização e criatividade, Palmeiras perde da Ferroviária; análise

Time do português Sérgio Vieira tem mais posse de bola e envolve o Verdão, que insiste na "ligação direta" da defesa para o ataque, sem aproximação dos meias

Sem organização e criatividade, Palmeiras perde da Ferroviária; análise

De uniforme grená, um time bem postado, com linhas bem definidas, absolutamente compacto – entre o último zagueiro e o atacante mais adiantado não há muito mais do que 20 metros.



Do outro lado, vestindo branco, uma equipe com jogadores distantes uns dos outros, sem aproximação, sem qualidade alguma para sair tocando a bola de pé em pé.



A Ferroviária venceu o Palmeiras por 2 a 1, na noite deste domingo, em São Paulo, pela sétima rodada do Campeonato Paulista, mostrando muito mais organização tática do que o adversário. E essa afirmação é incontestável.



O próprio Marcelo Oliveira, técnico do Verdão, reconheceu isso. Méritos, claro, para Sérgio Vieira, o português que comanda o time de Araraquara, grata surpresa deste Paulistão.



O problema é que o Palmeiras não engrena, e o torcedor se mostra preocupado (com razão) para o duelo contra o Rosario Central, quinta-feira, pela Libertadores, novamente em São Paulo.



Marcelo Oliveira reclamou de "falta de tempo para treinar" entre a vitória sobre o XV de Piracicaba na quinta passada e o jogo contra a Ferroviária no domingo. Mas teve o mês inteiro de janeiro para fazer pré-temporada e, depois de sete rodadas do Paulistão, não consegue fazer do Palmeiras um time confiável. Longe disso.





Dudu encaixotado entre jogadores da Ferroviária (Foto: Marcos Ribolli)



Com um, dois ou três volantes, um, dois ou três atacantes, não importa o esquema – o Palmeiras é um amontoado de jogadores distantes uns dos outros, sem aproximação, sem triangulação, sem criatividade... sem cabeça.



Isso já tinha ficado evidente em outras partidas (contra São Bento e Linense, por exemplo) e ficou ainda mais diante de uma equipe acima da média (aceita que dói menos: hoje a "modesta" Ferroviária tem a segunda melhor campanha do Paulistão no geral, atrás apenas do Corinthians).



A Ferroviária chegou a ter 64% da posse de bola e terminou o jogo com 59%. Tocou com qualidade: 309 passes certos e 32 errados (taxa de 90% de eficiência), contra 192 e 31 do Palmeiras (86%).



Nas finalizações, equilíbrio: 13 do Verdão, 11 da Ferroviária. A discrepância está no número de bolas alçadas na área: 20 do Palmeiras contra apenas quatro da equipe de Araraquara. Por essas estatísticas, fica claro qual time tentou tocar a bola e qual tentou marcar no "abafa".



Caio Ribeiro, comentarista da TV Globo, disse durante a transmissão que o Palmeiras não conseguia sair com a bola e terminava sempre a "devolvendo" para a Ferroviária com uma tentativa de ligação direta (geralmente de Vitor Hugo), quase sempre sem sucesso. Marcelo Oliveira, na coletiva pós-jogo, usou o termo "rifar a bola".



Isso é típico de um time sem armador. Não quer dizer que o Palmeiras precisa ir ao mercado para comprar um camisa 10 (tem Régis no banco e Cleiton Xavier no departamento médico). Vários times bons jogam sem o tal do "meia à moda antiga", que, em alguns casos, até atrapalha mais do que ajuda (vide a irregularidade de Ganso no rival São Paulo).



O que o Palmeiras precisa fazer é passar a gostar da bola, que parece queimar no pé de alguns jogadores. O time hoje vive de lampejos, principalmente de Dudu e Gabriel Jesus. O torcedor fica na arquibancada esperando que um deles pegue a chamada "segunda bola" e consiga algo, meio na raça, meio no talento individual. Isso é muito, muito, muito pouco para um clube do tamanho do Palmeiras, que contratou 25 jogadores em 2015 e mais oito este ano para voltar a ser um time de ponta.



O jogo

Empurrado pela torcida (18.413 pagantes, com renda de R$ 985.923,80), o Palmeiras começou bem, teve duas boas chances, mas logo se viu encaixotado pela Ferroviária, com dificuldade até para passar do meio-campo.



Faltava qualidade na saída de bola. Os laterais afundavam demais, os meias não se comunicavam. Vitor Hugo, com o app "David Luiz da Copa 2014", tentou resolver na base da ligação direta. Obviamente, não deu certo. E a Ferroviária foi ganhando confiança, até abrir o placar numa cobrança de falta (tola, cometida por Gabriel Jesus, estabanado na marcação), de Fernando Gabriel.





Palmeiras foi uma bagunça no primeiro tempo, sem saída de bola. Laterais afundavam demais, atacantes se embolavam com adversários e a bola só sobrava limpa para os zagueiros... tentarem e falharem na "ligação direta"



No segundo tempo, a Ferroviária teve uma chance clara para matar o jogo com Thiago Adan, aos 15. Não fez. E acabou levando o empate aos 17, com Cristaldo e Rafael Marques, no "abafa" montado por Marcelo Oliveira.



O técnico trocou Alecsandro (ruim, com pouca mobilidade) por Cristaldo (mais vibrante), e Jean por Rafael Marques, recuando Robinho para uma função mais de armador. Foi assim, com a entrada da área mais povoada, que o Palmeiras conseguiu encurralar a Ferroviária em alguns momentos.





Palmeiras melhorou no segundo tempo, com Robinho mais recuado e centralizado. Rafael Marques, um segundo atacante, ajudou no abafa. Mas isso ainda é muito pouco...



O Verdão quase virou num escanteio aos 44 minutos do segundo tempo, com Rafael Marques, de bicicleta. A bola bateu no ombro de Wanderson, e os palmeirenses pediram pênalti. O árbitro Thiago Peixoto, corretamente, nada marcou.



Quatro minutos depois, no último lance, numa jogada de tiro de meta para a Ferroviária, Zé Roberto e Vitor Hugo vacilaram, e Rafinha pintou sozinho na área do Verdão, para tocar com categoria na saída de Fernando Prass, já sob forte chuva.



Vitória justa de um time que foi melhor durante a maior parte do tempo e que, rodada após rodada, mostra qualidade e regularidade – coisas que o Palmeiras de Marcelo Oliveira não têm.








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