Os bondes passam e o Palmeiras precisa se decidir

Se Marcelo vai ser mantido, precisa de uma declaração pública de confiança



Não, o "bondes" do título não se refere a nenhum jogador. É óbvio que a gente se irrita após mais uma derrota em casa, em mais uma atuação ridícula e com gol já no apagar das luzes, mas não estou falando diretamente disso, e sim de uma série de decisões que a diretoria precisa tomar e que podem ser decisivas para o futuro do Palmeiras no curto e no longo prazo. E não estou falando só de coisas dentro de campo, embora essa seja a decisão mais imediata a se tomar e a mais importante no curto prazo.



Marcelo Oliveira



Cerca de 99% dos torcedores do Palmeiras estão até as tampas com o técnico, inclusive eu, mas parece que o presidente está no 1%. "Vocês são muito imediatistas, olha o Wenger há 11 anos sem ganhar uma liga no Arsenal, o Ferguson ficou seis anos até emplacar o primeiro título no Manchester United", alguém vai dizer, enquanto a gente reclama de um cara que está há oito meses no cargo. Concordo, só que a realidade aqui no Brasil não é a realidade da Inglaterra e o que irrita é o time ter parado de jogar supostamente por causa da lesão de um jogador, Gabriel, e o técnico ainda não ter encontrado alternativas.



Mas, enfim, Nobre assina o cheque e os contratos, toma as decisões e a gente, no fim das contas, apenas torce. Só acho que está na hora de o presidente, se Marcelo é aparentemente intocável, vir a público e bancar a permanência do técnico. A grita já é grande, e um novo tropeço contra o Rosario Central, ainda mais se o time jogar mal novamente, vão fazer as cornetas soarem mais altas.



Os naming rights na Libertadores



Como já estou mais perto dos 40 do que dos 30, fica difícil acreditar em Papai Noel, em Colhinho da Páscoa e em comunicados de patrocinadores que aceitam numa boa, "porque torcemos pelo Palmeiras", ter sua marca coberta numa boa no jogo da competição mais importante do continente. Ainda mais quando o comunicado é assinado também pela construtora que está brigando na Justiça com o clube por causa de dinheiro e propriedade de cadeiras.



É óbvio que houve algum acerto de bastidores para decidir tudo e para criar a tal nota oficial, mas, independentemente do que foi negociado com Allianz e W/Torre (porque é óbvio que não saiu de graça), gostaria que ver a diretoria do Palmeiras com uma postura mais combativa contra a Conmebol, uma entidade putrefata, caindo de podre, cujos últimos presidentes estão todos respondendo a processos de corrupção. Até parece que eles teriam coragem de eliminar o Palmeiras da competição por causa de uma placa de propaganda. "Ah, mas aí os juízes vão roubar a gente", dirão. Ser pioneiro tem dessas coisas. Sempre fomos. Vamos ficar com medinho de juiz agora?



Direitos de TV



O jogo de ontem foi apenas o segundo do Palmeiras transmitido pela Globo neste ano. Aos domingos, porém, o time estava desde setembro do ano passado sem aparecer nas tardes da família brasileira, no dérbi do segundo turno do Brasileirão. Antes, havia sido no Dia dos Pais, contra o Cruzeiro. Dá para ver como a emissora prestigia o clube, só que ao contrário.



Isso posto, o clube não pode temer retaliações da emissora no caso de negociar com o Esporte Interativo para os jogos na TV fechada a partir de 2019. O que a Globo vai dizer? "Se você fechar com eles, vamos tirar vocês da TV aberta", ora, tenham paciência, isso é só o que eles fazem nos últimos quatro ou cinco anos - migalhas enquanto a gente atura SCCP e SPFC rodada sim, rodada não. Além disso, o Palmeiras é um dos clubes mais transmitidos pelo Sportv. A direção precisa endurecer nesse negócio para arrecadar mais dinheiro e, queira Deus, escapar das rédeas da Globo.





Apesar de tudo, estamos com vocês, caras!



E mais...



O Palmeiras já deu uma pisada na bola horrenda no ano passado, ao avalizar a manobra que levou o Coronel Nunes à presidência da CBF - "uma pessoa de muita capacidade", Nobre teve as manhas de dizer na entrevista. Pois que o clube fique atento às movimentações da Primeira Liga, que pode ser um sopro de esperança (PODE SER, que fique claro) para mudar o cenário do futebol brasileiro, e não se deixe ficar refém da Federação Paulista. Saber se antecipar às movimentações de bastidores pode ser crucial para conseguir melhores posições mais adiante, como sabe qualquer estrategista mequetrefe de "War". Vamos combinar que, se a Conmebol está caindo de pobre, a CBF não está muito atrás.



Mas tudo isso, admito, é conversa de longo prazo e de cartola. O que importa agora é o campo, então que venha a vitória na quinta-feira, seja do jeito que for. Com jogo bonito ou feio, esteja quem estiver em campo ou no banco de reservas, se tem Palmeiras em campo, lá estaremos, na torcida, apoiando durante os 90 minutos. Se a Libertadores é uma obsessão, que mostrem isso em campo e não só no canto que vem da arquibancada.

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