Só queria entender

É preciso mesmo comemorar a vitória sobre o Rosario Central. Em condições normais, já seria um grande resultado. O time argentino é o que joga melhor futebol no país vizinho atualmente. Do jeito que o resultado aconteceu, a festa vem com direito à liderança e a um alívio absurdo. O Palmeiras só ganhou a partida porque os argentinos souberam dominar as ações durante todo segundo tempo, mas foram de uma incompetência inacreditável nas conclusões – com direito a pênalti perdido, inclusive.



O Allianz Parque foi endereço de um milagre na noite de quinta-feira. Anestesiado, sem reação, o Palmeiras foi encurralado, amassado dentro do seu próprio campo, perdeu todos os rebotes e não ganhou nenhuma segunda bola. Limitou-se a uma estratégia defensiva simplista e, mesmo assim, ganhou os três pontos, graças ao gol raçudo de Cristaldo no primeiro tempo e ao contra-ataque (único na etapa final) bem concluído por Allione, já nos acréscimos. Pelas circunstâncias, a vitória caiu do céu junto com o temporal que castigou o gramado, principalmente no primeiro tempo. Com o campo encharcado, o Palmeiras até fez boa partida e teve o controle. No segundo tempo, a bola rolou mais, e o Rosario Central teve o chicote debaixo do braço, mas foi incapaz de chegar ao empate.





Afinal, qual é o Palmeiras de fato? O do primeiro ou o do segundo tempo? Como o Palmeiras conseguiu ser tão diferente de um tempo para o outro? O Rosario Central não era desconhecido. Semana passada, Juan Sebastián Verón encheu a bola do time argentino em sua visita a Belo Horizonte.



Qualquer um sabia que o Rosário Central lidera o Campeonato Argentino. Marcelo Oliveira, certamentem recebeu dossiês completos sobre o adversário. Até porque jornalistas, como Renato Zanata, conhecedor profundo do futebol dos hermanos, publicaram relatórios completos e detalhados sobre as características, virtudes e defeitos do adversário verde. E, mesmo assim, o Palmeiras não conseguiu reagir quando o Rosario Central mostrou a sua verdadeira cara no segundo tempo.



Eu entendo que um time, mesmo fora de casa, jogue melhor do que o outro, como fez o Rosario no Allianz Parque. Só não compreendo como um time com a qualidade do Palmeiras não tenha apresentado nenhuma estratégia de reação durante o jogo. O time limitou-se a correr atrás do rival. Havia alguma surpresa no desempenho do Rosario Central?



Tudo aquilo era novidade mesmo? Eu só gostaria de entender. Ainda bem que a vitória caiu do céu.