De bronca à expulsão: como Marcelo Oliveira ganhou sobrevida no Verdão

Ameaçado, técnico do Palmeiras cobrou jogadores antes da partida contra o Rosario Central, na qual foi expulso; conquistada a vitória, apareceu com semblante mais leve

Marcelo Oliveira tem enfrentado tempestade

(Foto: Marcos Ribolli)



Havia dentro do Palmeiras quem garantisse, na quinta-feira à tarde, que a demissão de Marcelo Oliveira estava agendada: se não vencesse o Rosario Central à noite, na arena, o técnico cairia na manhã seguinte, dia do seu aniversário. A vitória por 2 a 0 sobre o time argentino, ainda que no sufoco, o manteve no cargo e lhe deu alguma tranquilidade para prosseguir o trabalho.



Antes do apito final, a situação não era fácil. O treinador pediu privacidade, fechou os treinos de terça e quarta-feira e mexeu no time, depois da derrota em casa para a Ferroviária. Na quinta, dia da partida, deu uma sacudida nos jogadores, conforme revelou o zagueiro Thiago Martins, substituto do lesionado Roger Carvalho e uma das novidades na escalação titular – a outra foi o argentino Cristaldo, que ganhou a vaga de Alecsandro e marcou o primeiro gol do jogo.



– Na preleção, ele nos falou que tinha gostado muito dos treinamentos e que sairíamos com o resultado positivo se fizéssemos o que tínhamos feito no treino. Deu um chacoalhão para entrarmos com mais garra e determinação em campo – contou o jovem defensor, na reapresentação do elenco, na sexta-feira à tarde.



Minutos depois da entrevista de Thiago Martins, os jogadores reservas foram surgindo aos poucos no campo principal da Academia de Futebol. Marcelo Oliveira, com semblante visivelmente diferente – bem mais aliviado –, deixou o vestiário em seguida, com um copo de café na mão, e gastou alguns minutos num bate-papo descontraído com a comissão técnica da equipe sub-20, que trabalhava ao lado.



Depois, parou na grade para conversar informalmente com jornalistas, o que não fazia havia um bom tempo. Um dos assuntos foi sua expulsão no final da partida, logo depois do segundo gol, marcado por Allione. Reiterou o que já tinha dito na coletiva: o desentendimento com o técnico do Rosario, Eduardo Coudet, foi um equívoco de interpretação do argenti

no em uma reclamação direcionada exclusivamente ao quarto árbitro.





Marcelo Oliveira e Alexandre Mattos durante treino

(Foto: César Greco / Ag. Palmeiras / Divulgação)



Resenha feita, Marcelo Oliveira se dirigiu para o campo principal, no que foi questionado por alguém sobre quantos anos estava completando.



– Mais de cinquenta – respondeu, sorrindo, o treinador de agora 61 anos, numa brincadeira singela, mas impensável dias atrás, no período em que mais se falava a respeito de sua possível demissão do que sobre o confronto com o Rosario em si.



E mesmo conquistando um ótimo resultado na Libertadores diante do líder do Campeonato Argentino – ainda que com extrema dificuldade, visto o sufoco no segundo tempo –, o emprego do técnico palmeirense permanece sob análise. Até por isso, assim que retornou ao vestiário da arena, ao término do jogo, ele cobrou desempenho superior de seus atletas. Ou igual ao da primeira etapa.



– Ele falou parabéns pelo primeiro tempo, mas disse que precisamos melhorar algumas coisas do segundo – disse Thiago Martins.

Na próxima quarta-feira, a equipe defende a liderança do Grupo 2 do torneio sul-americano em duelo em casa contra o Nacional, do Uruguai.



Antes, no domingo, recebe o Capivariano, pelo Campeonato Paulista. Com Marcelo Oliveira um pouco mais aliviado, porém ciente de que é essencial vencer o time de menor pontuação da competição estadual.