Elas são o Palmeiras; que o Palmeiras também seja delas
Terça-feira é Dia Internacional da Mulher, e o Palmeiras antecipou as tradicionais homenagens pela data levando um grupo de torcedoras, salvo engano clientes selecionadas pela Academia Store, para entrar em campo de mãos dadas com os atletas antes da vitória por 4 a 1 sobre o Capivariano, neste domingo, no Allianz Parque. Bacana, mas, como sempre, é pouco.
Não que a minha opinião importe muito, mas o Dia da Mulher vai continuar sendo necessário, como um dia de luta, de conscientização, e não de dar presente, florzinha e bombom - ainda que eu compreenda quem fique feliz com bombom e flor e não haja mal nenhum nisso.
Vai ser necessário enquanto mulheres ganharem menos para fazer a mesma função de homens, enquanto for "esquisito" ver mulheres em determinados empregos, como motorista de ônibus, mecânica ou executiva de empresa. Vai ser necessário enquanto a principal ligação que mulheres podem ter com o Palmeiras é torcer.
Nos links disponíveis no site do clube, entre comissão técnica, departamento médico e departamento de futebol, contei quatro: a nutricionista Alessandra Favano, a analista de marketing Aletia Albanez, a secretária Rosiani Oliveira e a recepcionista Rhayanne Cavalcante. Parece até muito, num meio machista como o futebol, mas elas estão ali, minoria numa turma com cerca de 50 pessoas. Deve haver outras, ainda, provavelmente faxineiras (talvez terceirizadas), telefonistas, copeiras e por aí vai. E isso aqui não é um apontar de dedos ao Palmeiras, mas à sociedade, que certamente acha "normal", pois futebol "é coisa de homem", "temos que ter os profissionais mais competentes independentemente do gênero", é verdade, o que está errado é um sistema que distancia mulheres de trabalhar com futebol "porque sim" (e eu nem falei da inexistência de um time feminino).
Enfim, as mulheres que entraram em campo e as presentes na arquibancada inspiraram uma incomum vitória tranquila. O único momento de sofrimento ficou restrito a alguns minutos do primeiro tempo, quando Egídio achou que era sócio Avanti Blaster Top Mega, que dá direito a ver o jogo uniformizado e dentro de campo, e deixou de acompanhar o atacante do Capivariano - mas tudo logo se acertou e o Palmeiras fez o que deveria ter feito contra um dos piores times do campeonato.
Que o Palmeiras seja sempre assim em campo, como as mulheres, que sabem alternar muito melhor que os homens os momentos de serenidade e paixão, de empolgação e cuidado, de ir com tudo ao ataque e de se resguardar na defesa. Que na quarta, contra o Nacional, essa sensibilidade geralmente creditada às mulheres nos ajude a vencer e caminhar com mais tranquilidade e menos sofrimento aos mata-matas da Libertadores.
E que as mulheres saibam que devem vir sempre, torcer, contribuir, trabalhar, porque o Palmeiras também é delas. Porque elas, dentro e fora de campo, também são o Palmeiras.
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