Cristaldo vive uma nova fase no Palmeiras: titular e '100% profissional'
O status de talismã era antigo, mas ele queria mais. Jonatan Cristaldo caiu no gosto da torcida palmeirense pela raça demonstrada em campo e simpatia fora dos gramados. O carinho cresceu ainda mais nos últimos dois jogos, quando, titular diante de Rosario Central e Capivariano, o argentino balançou as redes duas vezes e sacramentou um lugar entre os 11 de Marcelo Oliveira.
Para chegar à nova fase, o processo foi doloroso. O carisma e os pedidos de #ajudanoix não eram suficientes. Cristaldo precisava provar em campo que merecia a titularidade. Ela veio graças a uma mudança no comportamento do argentino mais brasileiro do elenco palmeirense.
O churrasco tão adorado, agora só na folga. "Nem Coca-Cola posso beber mais agora. Só salada, frango e proteína (risos)", afirmou o camisa 9, em entrevista exclusiva concedida ao ESPN.com.br.
O regime forçado contagiou até o membro mais ‘carismático' da família, o buldogue-inglês Keko, que vive na Argentina.
"Ele é muito gordo. Precisa fazer um regime, comeu pedra um dia aí e passou mal. Ele é gordo e burro", brincou o novo titular do ataque de Marcelo Oliveira, autor de três gols em três duelos consecutivos - além dos tentos diante de Rosario e Capivariano, ele também balançou as redes no revés contra a Ferroviária, no último dia 28.
Ao ESPN.com.br, Cristaldo falou sobre o atual momento, a paixão repentina pelo Brasil, o clássico do próximo final de semana contra o São Paulo e, claro, o cachorro Keko, que assustou o jogador ao desaparecer por algumas horas. O final feliz da história, você lê abaixo.
O ARGENTINO MAIS BRASILEIRO
Gosto muito da personalidade do brasileiro, do carisma e da liberdade de expressão que ele tem. (Os brasileiros) Não são como o argentino, que pensa antes de falar; o brasileiro não pensa. Eu falo o que penso, o que sinto, então me sinto muito identificado aqui com o Brasil. Posso brincar tranquilamente aqui. Lá na Europa, muitas vezes, não era a mesma coisa. Aqui todo mundo tem carisma e brinca, eu gosto muito.
PALMEIRENSE 'DESDE CRIANCINHA'
Acho que o mais me encantou foi a torcida. Eu era um cara a mais, ainda mais sendo argentino. Logo no primeiro jogo que fiz (derrota na estreia contra o São Paulo, em 17 de agosto de 2014), o torcedor me apoiou e acreditou em mim desde o início. Isso já me fez identificar rapidamente com o torcedor. Cada gol que faço, você vê como vibro. Vai crescendo mutualmente essa relação.
O DIA A DIA DAS REDES SOCIAIS
Tem como todos. Sempre tem um cara chato, depois do jogo ainda mais, mas não dou importância para essas coisas. Não posso sempre ver o que o torcedor está falando. Ontem fiz o gol (dia depois da vitória sobre o Rosario Central) e falaram que eu era o cara do Palmeiras: ‘ah, você é raça'; ‘ah, você é titular'. Eu não tenho que ouvir essas coisas. Sei o que sou, não era o pior um mês atrás e não sou o melhor agora. Tenho que estar com os pés no chão e sempre ouvir as críticas. Mas às vezes tem o cara chato que te xinga.
VITÓRIA CURA-CHATOS
Uma vitória sempre dá uma aliviada em todo mundo. Vínhamos de resultados ruins no Paulista, mas ganhar na Libertadores e ser primeiro do grupo é muito importante para nós. Serve para dar uma aliviada no clima. Acreditamos muito na gente, só depende de nós para jogar bola. Demonstramos no primeiro tempo contra o Rosario, quando fizemos um grande jogo. Temos que aprender a jogar com o resultado.
CHURRASCO, CAIPIRINHA E BRASILEIRICES
Não, não (há mais churrasco para comemorar). Agora está tudo fora para mim. Hoje em dia estou me cuidando muito, estou 100% profissional. Deixei para lá o churrasco, só bebo água ou suco. Nem Coca-Cola posso beber mais agora. Só salada, frango e proteína. Só na folga (abusa da alimentação), que sempre espero ansioso (risos).
DESAPARECIMENTO DO CACHORRO KEKO
(risos) O desaparecimento dele foi na Argentina. Eu estava na casa da minha sogra, que vive com os tios dela (esposa), em uma casa grande. Muitas vezes saem e deixam o portão aberto. Aí minha sogra chegou em casa e começou a chamar ‘Keko, Keko' por toda a casa e não encontrava, nem fora. Aí ela ficou assustada, todo mundo começou a perseguir para acha-lo. Ficaram umas duas, três horas, procurando, minha mulher até tinha ligado me chorando, dizendo que tinha perdido o cachorro.
O FINAL FELIZ
Depois, a gente...(pausa para rir) achou. Ele estava dormindo debaixo da cama. Acho que ele estava ouvindo a gente chama-lo, mas ele é muito preguiçoso. Não estava nem aí para a gente. A preguiça é o principal problema dele, só quer dormir. Você joga a bola nele, a primeira vez ele vai lá e pega. Na segunda, o Keko já olha mal. Na terceira, ele nem vai atrás da bola. Ele mete o ‘migué' sempre.
KEKO ACIMA DO PESO
Não, ele não tem roupinha do Palmeiras. Minha mulher é mais de comprar essas roupinhas, mas eu não gosto tanto. Ele está gordinho ainda, não cabe. Se estivesse mais magro, aí sim. Ele é muito gordo. Precisa fazer um regime, comeu pedra um dia aí e passou mal. Ele é gordo e burro.
AMIZADE COM O SÃO-PAULINO KELVIN
Mantemos contato. Conversamos, às vezes por mais que o cara esteja do outro lado, é o trabalho dele, você tem que respeitar. Quero ele como pessoa, não porque jogou aqui. É um grande amigo. Brincamos bastante, não podemos falar o que brincamos sobre palmeiras e são Paulo. Sempre, às vezes tem uma provocadinha...
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