Nacional-URU tem ídolo que morreu deprimido por não poder ajudar o time

16/3/2016 11:48

Nacional-URU tem ídolo que morreu deprimido por não poder ajudar o time

Adversário do Palmeiras nesta quinta, clube uruguaio reverencia a memória de Abdón Porte, que, há 98 anos, tirou a própria vida porque sua carreira entrou em declínio

Nacional-URU tem ídolo que morreu deprimido por não poder ajudar o time

Abdón Porte foi ídolo do Nacional e não aceitou a má fase (Foto: Reprodução/Site oficial do Nacional)



Torcedores costumam pedir que os jogadores de seus times deem sangue pelo time. Um exagero que transcende a razão. Porém, há 98 anos, um jogador uruguaio entrou para a história ao levar à última consequência o seu amor ao Nacional, adversário do Palmeiras nesta quinta-feira, pela Taça Libertadores da América.



No círculo central do Gran Parque Central, estádio onde brasileiros e uruguaios farão duelo decisivo, Abdón Porte entregou seu último suspiro ao clube onde se tornaria ídolo eterno. Aos 25 anos, sofrendo de depressão porque sua carreira havia entrado em declínio, ele deu um tiro no próprio coração.



Os relatos em livros contam que “El Indio” era "half-back" (volante, na terminologia atual) de bom poder de marcação. Titular indiscutível da equipe, conquistou quatro vezes o Campeonato Uruguaio, que ainda vivia seus tempos de amadorismo, nos anos de 1912, 1915, 1916 e 1917. Foi capitão do Nacional e também da seleção do Uruguai, pela qual levantou o título da Copa América de 1917. Serviços prestados que já renderiam um lugar de honra ao jogador na história do clube e do esporte nacional.



A glória, que parecia permanente, foi passageira. Abdón passou a enfrentar um período de instabilidade, e o posto de titular não era mais uma garantia. Sentiu que não seria tão essencial quanto nos anos anteriores. As críticas vieram, as atuações decaíram, e o jogador tomou uma decisão extrema após vitória sobre o Charley, no dia 4 de março de 1918. Com casamento marcado para o mês seguinte, ele arquitetou seu último ato para o lugar onde havia vivido seus momentos de maior felicidade.



No silêncio da madrugada de 5 de abril de 1918, Abdón Porte entrou no gramado do Parque Central, com uma arma. Caminhou até o círculo central e disparou contra o peito. Foi encontrado no dia seguinte pelo jardineiro do estádio, alertado pelos latidos de seu cachorro. Com ele, uma carta de despedida em que se dirigia ao presidente do Nacional à época.



"Pelo sangue de Abdón", faixa exposta em um dos setores do estádio (Foto: Reprodução/Site oficial do Nacional)



– Querido Doutor José María Delgado. Peço a você e aos demais companheiros da diretoria que façam por mim como fiz por vocês: façam pela minha família e pela minha querida mãe. Adeus, querido amigo – escreveu.



Logo abaixo, um recado para o Club Nacional de Football.



– Nacional, ainda que em pó convertido, e em pó sempre amante. Não me esquecerei um instante o quanto eu te amei. Adeus para sempre.



O impacto da morte de Abdón Porte foi gigantesco. O Peñarol, maior rival do Nacional, enviou uma coroa de flores para homenagear o ídolo adversário. O Wanderers se ofereceu para uma partida amistosa, onde toda a renda seria dirigida à família do jogador – jogo, este, realizado cinco dias após o suicídio. Em relato da época, o jornalista uruguaio Diego Lucero disse que “quando os olhos distraídos olhavam para o meio-campo, buscavam Porte. Ali havia sido visto muitas vezes, ali havia morrido”.



Abdón Porte liderou o Nacional campeão uruguaio em 1912, 15, 16 e 17 (Foto: Reprodução/Site oficial do Nacional)



– Ele não aceitou a decadência. Amava tanto o Nacional que preferiu dar um tiro no próprio peito. É uma história que fascina os torcedores até hoje. O futebol era amador, os jogadores atuavam por vontade própria – explicou Gerardo Cal, funcionário do museu do estádio Centenario e profundo conhecedor do futebol local.



Eduardo Galeano, ícone da literatura sul-americana, contou a história de Abdón Porte em seu livro “Futebol ao sol e à sombra”. O mártir do Nacional também inspirou o conto “Juan Polti, half back”, escrito por Horacio Quiroga e publicado na revista argentina Atlántida, em 1918. No texto, o jogador é retratado com o nome fictício em questão, e o autor busca entender as razões de um ato tão extremo como o de Abdón.



– Quando um garoto chega, por A ou B, sem treinamento prévio, a gostar dessa bebida de homens que é a glória, perde a cabeça irremediavelmente. É um paraíso artificial demais para seu coração jovem. Às vezes perde algo mais, que depois se encontra na lista de mortes – escreveu Quiroga.



Hoje, Abdón Porte dá nome ao setor das arquibancadas do Parque Central onde ficam os torcedores mais vibrantes do Nacional. Uma faixa, com o rosto do jogador e a inscrição “Por la sangre de Abdón” (“Pelo sangue de Abdón”), tenta inspirar os jogadores atuais.



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