Esperança do Palmeiras hoje, volante Gabriel já foi preterido em clubes por ser baixinho

Volante Gabriel em entrevista coletiva no Palmeiras



Xodó da torcida do Palmeiras, o volante Gabriel sabe como poucos o significado da expressão "tamanho não é documento". Hoje com 1,71 m, o jogador, que retorna ao Palmeiras titular nesta quinta-feira, contra o Nacional-URU, pela Libertadores, após oito meses recuperando uma lesão no joelho, sofreu para conseguir um clube no início da carreira. Não era por falta de 'futebol', mas sim pela estatura.



Ainda garoto, ele começou a dar os primeiros chutes com 12 anos jogando futsal e society. Já se destacava atuando ao lado de outros jovens talentos de Campinas.



"Com 12 anos fizemos uma seleção em Campinas para uma associação, com vários professores que queriam mudar a forma de ensinar futebol. Fizemos uma peneira e selecionamos o Gabriel. Ele era meia atacante, atuava mais pelas beiradas do campo. Muito rápido, bom drible e batia bem na bola. Mas ele era muito pequenininho e não chamava atenção dos clubes por isso. Era pirralho demais (risos). Tinha um grande potencial mas ninguém acreditou", relembrou Elio Sizenando, ex-técnico do Paulinia.



Segundo Sizenando, a maneira como aquela equipe atuava favorecia o estilo de jogo de Gabriel. A estratégia era baseada na posse de bola e na velocidade dos meninos. Isso acabava favorecendo os jogadores de baixa estatura.



"A gente jogava de igual para igual mesmo com isso, mas sofríamos com a força física dos adversários. Mas nosso jogo ajudava os meninos menores e facilitava muito para ele".



TRILHANDO O SUCESSO



Aos 13 anos, Gabriel foi para o Paulínia a convite de Sizenando. Lá foi identificado o problema para o jogador ser tão baixinho. "Ele tinha maturação atrasada. Era muito baixinho, mas com 17 anos ele cresceu e daí começou a chamar a atenção no futebol", disse o treinador.



Em 2009, Gabriel se destacou com o Paulínia ao eliminar o São Paulo no Campeonato Paulista sub-17. O time tricolor era mais 'baladado' e tinha jogadores como o volante Casemiro, atualmente no Real Madrid, e o meia Lucas, do Paris Saint-Germain.



Gabriel passou a se destacar tanto entre os juniores que, com 18 anos, foi promovido para o time profissional do Paulínia. Em 2010, disputou a Segunda Divisão do Paulista, que na prática é a quarta e última divisão do Estado. Disputou a Copa São Paulo de futebol júnior pelo time em 2011 e acabou chamando a atenção do Botafogo.



"Ele sempre foi titular com a gente desde os 12 anos. Quase nunca ia para o banco e se superou. Superou o problema de ser baixinho", disse Sizenando.



FAMA NACIONAL



O Botafogo deu uma visibilidade para Gabriel que ele jamais poderia imaginar. Mas, para se adaptar ao time que tinha Seerdof e Rafael Marques, ele deixou de ser meia e virou volante.



De reserva, logo passou a jogar como titular. Teve como incentivador o técnico Oswaldo de Oliveira. E até sagrou-se campeão pelo Botafogo, do Estadual de 2013.



A trajetória no Botafogo só não foi mais longa porque o time atrasou os salários e o jogador acabou rescindindo o contrato na Justiça. Em dezembro de 2014, assinou com o Palmeiras. Adaptou-se rapidamente ao time e caiu nas graças da torcida facilmente.



A lesão no joelho em agosto do ano passado o tirou das fases finais da Copa do Brasil, o único título que tem pelo Palmeiras. Ainda assim o retorno dele é visto como fundamental pela torcida. Ainda não é certo que ele enfrentará o Nacional, nesta quinta, no Uruguai. Mas, se depender do histórico dele, faz sentindo o palmeirense ficar animado.



"Ele superou muita coisa para chegar até esse momento. Até acho que se ele tiver mais liberdade para jogar ele vai surpreender mais. Ele sabe fazer gols, chuta bem. Ele precisa pegar um treinador que faça ele descer mais para o ataque, como é na Alemanha com o Pep Guardiola, do Bayern. O Gabriel vai se dar bem na Europa", conclui Sizenando.