Zé, Gaúcho e Nossa Senhora da Cabeça

19/3/2016 16:57

Zé, Gaúcho e Nossa Senhora da Cabeça

Zé, Gaúcho e Nossa Senhora da Cabeça

Aí o Targino, amigo pernambucano dono do BlogSport, entrou no estúdio onde trabalho e me ofertou um santinho. "Me deram agora na rua", disse sem muita consideração pelo papelzinho ao qual me detive por alguns segundos e lembrei de Cuca, nosso novo e cristão treinador. Adotei o papel como amuleto, não sem antes me abestalhar com a, digamos assim, criatividade religiosa do folheto.



Nossa Senhora da Cabeça, era a santa. A imagem sagrada de Nossa Senhora em seu manto azul, segurando na mão direita um bebê, ou um anjo, e no outro uma cabeça, sem corpo, só a cabeça mesmo. Aos seus pés, três figuras angelicais seguram mais duas cabeças. No verso, a mensagem: "quando você sentir que precisa de ajuda para manter sua cabeça em equilíbrio, livre de tormentos, peça socorro à Nossa Senhora da Cabeça".



É fato que não tenho vasto conhecimento religioso, mas nunca me ocorreu qualquer vestígio da existência de Nossa Senhora da Cabeça, e nem com muito esforço criativo conseguiria imaginar uma santa com uma cabeça sem corpo nas mãos. Achei bastante curioso. Enfim. O que eu concluí, pobre de metáforas que sou, era que um gol de cabeça aconteceria nesta quinta. Aconteceu: 0x1, gol de cabeça, e a obsessão que seque os instintos do caboclo otimista.



Zé e os Juvenis



Zé Roberto é um filme francês, em preto e branco, neblinoso, blasé, em campo. Não destoaria de quase todo o resto do time não fosse a dissonância entre o que (não) faz e o que prega. O homem do discurso, soterrado de experiência internacional, está espreguiçado vergonhosamente em seu próprio nome, atuando pela liderança que em campo se traduz em nada. Empurra com a barriga a carreira graças ao Palmeiras mais água-com-açúcar da história, incapaz de cobrar devidamente um líder que coleciona atuações como a de ontem, inaceitável, inoperante, indiferente. Tantos bagres tinham que matar um leão por dia antes de existir um REC da TV Palmeiras...



Eu não espero nada do Egídio. Do Lucas ainda tenho alguma memória de futebol medíocre, mas aceitável. Os dois, quando mostrarem sinais de maturidade futebolística - isso inclui parar de ficar ofendidinho com apresentador de TV - podem até conquistar uma torcida de time médio antes da aposentadoria. Estará bom demais. O Zé Roberto não. Ele é diferente. Dele a gente pode cobrar mais bola e menos papo furado.



No mais, nada de novo em campo. Cuca fez as mudanças, experimentou, arriscou no fim, mas o temperamento dos dez sujeitos de verde com um GPS gigante na nuca não deve mudar a tempo de classificarmos. Fricote com o juiz, esculacho psicológico dos adversários, nenhuma iniciativa e pouca inteligência. "Está mais compacto", diz o comentarista na TV, focado em uma textura tática que tampouco existiu. Noves fora, zero. Eliminação na porta, reforma no elenco urgindo.



O Palmeiras joga hoje o mesmo futebol miserável com os mesmos jogadores que ganharam a Copa do Brasil. Não dá pra viver ganhando na loteria todo mês. Não adianta espernear contra os analistas. O time joga futebol para ser eliminado, mesmo, simples. Ganhou a Copa do Brasil no limite do limite e graças à sua torcida. Este time joga menos que o Palmeiras de 2013, do Kleina e do Patrik Vieira, que, vá lá, apesar de rebaixado e com Brunoro, cumpriu o seu papel contra o Tijuana. Com 4 pontos, hoje, estamos no lucro: pela bola, estaríamos com só 1. O Nacional tem mais time com muito menos dinheiro.



Gaúcho



Nossa Senhora da Cabeça abençoou Gaúcho, centroavante de ótimo cabeceio que vestiu nossa cobiçada camisa 9 da Agip. Ele entendeu tanto o Palmeiras que virou goleiro no Maracanã, em 1988, e defendeu dois pênaltis contra o Flamengo. Após encerrar a carreira, sempre foi muito gentil nas palavras direcionadas ao clube. Morreu horas antes de Nacional 1x0 Palmeiras.



Foi para o gol graças à contusão grave de Zetti em dividida com Bebeto. No jogo seguinte, Velloso assumiu. Zetti nunca mais teve espaço no clube. Foi parar no São Paulo e fechou o gol contra a gente em 1994, pelas oitavas da Libertadores. Velloso viveu história parecida em 99, quando se contundiu e foi engolido por São Marcos. Muitos anos depois, Prass também se contundiu, Bruno assumiu a meta e, nas oitavas da Libertadores, entregou o ouro para os mexicanos. Mas aí eu já estou divagando...



É muito maluca, mesmo, nossa sina com goleiros. Gaúcho foi o centroavante que experimentou esta delícia. Com nostalgia de criança digo adeus ao Gaúcho, dono de uma das histórias mais legais da Fila - letra maiúscula pra falar da Fila - que, em 16 anos sem taças, montou uma dúzia de times de futebol mais respeitáveís do que este de hoje, frágil e dodói.





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