FAQs do Verdão: perguntas frequentes sobre a crise do Palmeiras

29/3/2016 13:18

FAQs do Verdão: perguntas frequentes sobre a crise do Palmeiras

Elenco rachado? Problemas de direção? Falta de um camisa 10? São tantas teorias que o GloboEsporte.com resolveu listar as principais aqui num formato

FAQs do Verdão: perguntas frequentes sobre a crise do Palmeiras

Elenco rachado? Nope... (Foto: Marcos Ribolli)



Com o Palmeiras em crise, correndo grande risco de ser eliminado da Libertadores ainda na primeira fase e a apenas três pontos da zona do rebaixamento no Paulistão, críticos e torcedores tentam entender o que se passa no clube. Elenco rachado? Problemas de direção? Falta de um camisa 10? São tantas teorias que o GloboEsporte.com resolveu listar as principais aqui num formato "FAQs".



Para quem não é tão familiarizado assim com internet, o termo "FAQs" é um acrônimo da expressão inglesa "Frequently Asked Questions", que pode ser traduzida por "Perguntas Mais Frequentes".



Vamos, então, ao FAQs do Verdão:



O elenco é rachado?

O GloboEsporte.com tem três repórteres setoristas que acompanham todos os treinos e fazem todas as viagens com o elenco, ouvindo jogadores em "on" e em "off" – ou seja, com declarações gravadas e comentários "não oficiais". Nunca se ouviu um relato sequer de "racha" no elenco. Pelo contrário: a indignação com que os jogadores reagiram a esses boatos chamou atenção. Vale lembrar também a maneira como o time se uniu ainda mais para conquistar a Copa do Brasil, por conta das provocações de Ricardo Oliveira antes da decisão. Desentendimentos podem acontecer? Sim, claro, como em qualquer time ou emprego. Nada, porém, que possa ser usado para atestar a fase ruim do time em campo.



Falta treino/



Cuca orienta o time em treino: atenção à parte tática (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)



Cuca trabalha mais a questão tática do que Marcelo Oliveira – isso ficou evidente já na primeira semana do novo treinador no clube. Cuca mostrou que já sabia quais os problemas que deveriam ser corrigidos nos treinos, principalmente a questão da compactação. O novo técnico, porém, acabou pagando um preço alto (as quatro derrotas) por tentar implantar novos conceitos de forma muito repentina. Mas é importante ressaltar que Cuca passa mais tempo conversando com os jogadores, tentando explicar a eles o que deseja. O time mostrou uma ligeira melhora contra o RB Brasil, com mais troca de passes. Acabou perdendo por erros antigos (defesa exposta a contra-ataques e vacilos imperdoáveis na marcação de escanteio).

O preparo físico da equipe é ruim?

O preparador físico Juvenilson de Souza vinha tendo o trabalho questionado no clube. Na opinião de dirigentes, o time vinha se cansado muito de um tempo para o outro. A insatisfação aumentou após a difícil vitória sobre o Rosario Central, pela Libertadores. Apesar de ter vencido, o time foi encurralado pelos argentinos em toda a segunda etapa e se limitou a devolver a bola para o adversário. Ao final da partida, muitos atletas desabaram no gramado, que estava encharcado e contribuiu para o maior desgaste. Também eram comuns os casos de cãibras. Até mesmo o goleiro Fernando Prass se queixou. Sem contar as diversas lesões musculares - ocasionadas, na opinião de alguns jogadores, devido justamente à sobrecarga de atividades na Academia de Futebol. O coordenador científico Altamiro Bottino também andou sendo alvo de questionamentos. A função dele é monitorar os jogadores individualmente, para evitar lesões musculares, especificando os trabalhos que cada um deve realizar. Mas a equipe continua tendo problemas. Um novo preparador físico chegou com Cuca: Omar Feitosa, que, curiosamente, já havia trabalhado na gestão Paulo Nobre como gerente de futebol.





Fernando Prass admite que falta confiança ao time

(Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)




Existe um problema psicológico? O time parece se abater facilmente...

Nos últimos três jogos, o Palmeiras foi para o intervalo perdendo por dois gols de diferença. E isso diante de times pequenos (Audax, RB Brasil e Água Santa). O Verdão até começa bem, mas logo toma um gol e desmonta em campo, mostrando pouco ou nenhum poder de reação. Cuca já identificou esse problema. Dois psicólogos (José Anibal e Eduardo Cillo) estão trabalhando com o elenco. Em entrevistas, os jogadores admitiram "falta de confiança". O capitão Fernando Prass explicou que o nervosismo do time gera "uma bola de neve".



O Palmeiras contratou demais?

Sim, foram 71 jogadores em três anos e três meses de administração Paulo Nobre até agora (clique aqui e veja a lista). Nos dois primeiros anos, com o Palmeiras endividado e na Série B, o dirigente apostou em parcerias com empresários que muitas vezes acabavam usando o Verdão como vitrine – o clube não pagava pela contratação, mas poderia perder o jogador a qualquer momento, como ocorreu, por exemplo, com Marquinhos Gabriel. E houve, claro, casos de atletas de qualidade discutível para o padrão Palmeiras, como Weldinho, Rondinelly e Rodolfo, além de outros em fim de carreira ou sem as condições físicas ideais, como Lúcio, Victorino e Bruno César. Em janeiro de 2015, Alexandre Mattos chegou ao Verdão gabaritado pelo bom trabalho no Cruzeiro, então bicampeão brasileiro. Houve uma mudança radical no clube – saíram 23 jogadores e chegaram 25 em um ano. O time deu um salto de qualidade – foi vice-campeão paulista, campeão da Copa do Brasil e voltou à Libertadores da América, mesmo sem um futebol totalmente convincente. Em 2016, Mattos fez mais oito contratações. Só Edu Dracena (quando não está machucado ou suspenso) é titular absoluto.





Alexandre Mattos contratou 25 ano passado e oito este ano (Foto: César Greco / Ag. Palmeiras / Divulgação)



Alexandre Mattos contrata bem?

Sim e não – já que é humanamente impossível acertar sempre. O dirigente teve o mérito, por exemplo, de trazer Dudu, então destaque do Grêmio e cobiçado pelos rivais Corinthians e São Paulo. Há vários casos de jogadores que chegaram praticamente a "custo zero" e que se tornaram titulares, como Lucas, Gabriel, Zé Roberto e Arouca. Algumas apostas deram certo, como Vitor Hugo e Thiago Santos, ambos ex-América-MG. Outras, nem tanto, como Andrei Girotto, Amaral e João Paulo. E há os casos de jogadores contratados com lesões crônicas: Cleiton Xavier e Fellype Gabriel. Com ambos, Mattos "pagou pra ver" – poderia tanto ganhar um reforço desacreditado que viria a brilhar (como Ricardo Oliveira no Santos) ou ficar com um mico no departamento médico...





Gabriel Jesus: produto da nova base do Palmeiras

(Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo)




Não seria o caso de dar mais espaço para as equipes de base?

Com certeza. Gabriel Jesus é a maior revelação do clube desde Vagner Love, e garotos como Matheus Sales, Lucas Taylor e Nathan já demonstraram qualidade para tapar buracos no elenco quando necessário. Importante ressaltar que esta melhora nas equipes de base do Palmeiras é recente e coincide com a administração Paulo Nobre. O Verdão ainda é o único grande paulista a nunca ter conquistado a Copa São Paulo de juniores, mas suas últimas campanhas foram melhores do que as de cinco ou dez anos atrás. A gestão Paulo Nobre implantou um sistema de integração entre futebol amador e profissional. As equipes sub 15, sub 17 e sub 20 treinam constantemente na Academia de Futebol e participam dos trabalhos da equipe principal. O clube contratou João Paulo Sampaio, ex-Vitória, para ser o coordenador da base. O fato é que, para promover um garoto ao time de cima, é preciso paciência – algo que anda em falta no Palmeiras já há mais de um século (para entender "O Palmeirense", clique aqui).



O problema é técnico?

Cuca é o sexto treinador da era Paulo Nobre (sem contar o interino Alberto Valentim). Antes dele, passaram pelo clube Gilson Kleina, Ricardo Gareca, Dorival Júnior, Oswaldo de Oliveira e Marcelo Oliveira. Então... não, o problema não é treinador.



Falta um camisa 10?

Essa pergunta pode começar a ser respondida com outra questão: qual time do mundo ainda joga com um "camisa 10 clássico"? Jogadores como Paulo Henrique Ganso estão em extinção há décadas porque o futebol mudou e exige maior participação de todos os jogadores de linha tanto no ataque como na defesa. Deixar um atleta exclusivo a uma função (a de armação) é um luxo a que nem todos os treinadores podem se dar. Os bons times formados no Brasil nos últimos anos não tinham "camisa 10 clássico": Everton Ribeiro jogava com a 17 no Cruzeiro, mas caía mais pelo lado direito, Lucas Lima só aparece no Santos para dar o passe final (o armador do time é Renato) e o Corinthians de Tite joga com uma linha de quatro em que todos marcam e todos atacam. Então, a resposta é "não, o Palmeiras não precisa ficar refém de um camisa 10 clássico. É muito mais importante criar um padrão de jogo em que não precise depender de apenas um jogador".



Valdivia faz falta?

Ver resposta acima e também a de baixo.



O departamento médico é ruim?

O Palmeiras tem uma infraestrutura moderna que não deve nada a clube nenhum do Brasil e do mundo. Os profissionais que estão lá estudaram e trabalharam por anos até que conseguissem se destacar no mercado e fossem chamados para fazer parte dessa equipe de ponta. Mais importante do que tudo isso: médico não é pago para chutar a gol ou fazer a cobertura do lateral.



Mas é verdade que tem jogador que tem preparador físico e fisioterapeuta particular?

Sim, Lucas Barrios tem um personal trainer que o acompanha desde a época em que atuava no futebol europeu, assim como Cristaldo. Valdivia também tinha um preparador físico. O clube dá aos jogadores esse direito.





Paulo Nobre enfrenta resistência da Mancha Alviverde (Foto: César Greco / Ag. Palmeiras / Divulgação)



Há instabilidade política no clube? Isso atrapalha o time?

Mais uma pergunta que deve ser respondida com outra questão: qual equipe não tem problema com isso no Brasil? Mas é fato que os bastidores do Palmeiras eram bem mais quentes na década passada, no embate entre os aliados de Mustafá Contursi e os que pregavam contra o ex-dirigente. Paulo Nobre chegou ao poder com a anuência de Mustafá, mas conseguiu afastar o futebol do restante do clube (por conta disso, é até criticado por opositores, por ter dado "muita autonomia" para Alexandre Mattos) e paga salários em dia – então... não, a política não chega a atrapalhar o time. Mas o clima pré-eleitoral já começou, e isso fica evidente nas manifestações recentes da Mancha Alviverde contra Paulo Nobre (torcida e dirigente tiveram relações cortadas há dois anos, e, desde então, os membros da facção ensaiam um protesto ou outro quando as coisas não vão bem em campo, sempre direcionando as críticas ao presidente do clube).

E a mais importante das perguntas: o elenco é bom mesmo?

Numeroso, com certeza é. Mas fica a dúvida sobre a qualidade individual. O último jogador do Palmeiras a ser convocado para a seleção brasileira foi o zagueiro Henrique (hoje no Fluminense), em 2014. Com exceção de Fernando Prass, ninguém tem gerado comoção, nem mesmo entre os torcedores mais fanáticos, para merecer uma convocação. As laterais, o miolo de zaga, os homens de meio-campo... são muitas posições sem um dono absoluto, e o torcedor, muitas vezes, fica com a sensação de que as trocas no time são de seis por meia dúzia. Mas o futuro é promissor: Gabriel Jesus, Matheus Sales, João Pedro e Nathan têm colecionado convocações para as seleções de base.



* Com informações dos repórteres setoristas Felipe Zito, Rodrigo Faber e Tossiro Neto



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