Rival do Palmeiras, Sérgio Soares desconfia que racismo o impediu de dirigir um grande; ele vê São Bernardo com 40% de chances contra o Verdão

18/4/2016 14:36

Rival do Palmeiras, Sérgio Soares desconfia que racismo o impediu de dirigir um grande; ele vê São Bernardo com 40% de chances contra o Verdão

 Rival do Palmeiras, Sérgio Soares desconfia que racismo o impediu de dirigir um grande; ele vê São Bernardo com 40% de chances contra o Verdão

Sérgio Soares tirou o São Bernardo da degola e está no mata-mata (Gazeta Press)



Sérgio Soares já foi campeão estadual com Bahia e Ceará, ficou com o vice no Paulistão e na Copa do Nordeste, acabou como segundo colocado na Série B do Brasileiro… O último feito do técnico de 49 anos foi tirar o São Bernardo da zona de rebaixamento do Paulistão e classificá-lo para o mata-mata contra o Palmeiras, que será disputado às 21h desta segunda, no Allianz Parque.



Apesar do currículo vitorioso, construído em quase 12 anos de carreira, Sérgio Soares nunca teve a chance de treinar um dos gigantes do futebol brasileiro. “Às vezes, me pergunto por que nunca estive em um clube grande”, lamenta o paulista, sem duvidar da possibilidade de ser vítima de racismo. “Tomara que não seja, mas fica um balãozinho no ar”, afirma.



O duelo com o Palmeiras será diferente para o ex-volante, que fez parte do mágico time alviverde de 1996. Ganhando ou perdendo, ele se despede do São Bernardo. “Não dá mais para continuar, porque o Ceará está me esperando”, justifica Sérgio Soares, que já foi até apresentado pelo Vozão.

O técnico ainda falou sobre Paulistão, futebol, futuro…



BLOG_ É possível para o São Bernardo vencer o Palmeiras dentro do Allianz Parque e passar às semifinais?

SÉRGIO SOARES_
Eu acho possível. É um jogo difícil, mas está aberto. A única vantagem deles é jogar em casa, até porque o empate leva a decisão para os pênaltis. Pelo que apresentamos nos últimos oito jogos, vejo possibilidade de avançarmos, sim.



Em percentual, qual a chance de vocês eliminarem o Palmeiras na segunda-feira?

O Palmeiras é favorito, até por todo o investimento que fez e por atuar ao lado de sua torcida. Mas acho que a nossa chance é de uns 40% contra 60% deles.



Como é saber que o Cleiton Xavier, sozinho, ganha mais do que todo seu elenco?

É nossa realidade toda vez que jogamos contra os times grandes. A folha salarial do São Bernardo é de R$ 380 mil por mês, mas isso não conta na hora da partida. O que vale é dentro de campo. E tem outra: quem desequilibra uma partida no futebol brasileiro não está mais no país. Estou falando do Neymar.



Você assumiu o São Bernardo com seis pontos em seis jogos e sob sério risco de rebaixamento. Imaginou que chegaria ao mata-mata?

Eu acreditava que não iríamos cair. Cheguei com o pensamento de manter o time na Série A-1, mas reconheço que não imaginava conseguir cinco vitórias, dois empates e só uma derrota nos últimos oito jogos. Os atletas também foram acreditando naquilo que eu dizia e crescemos demais.



E qual foi a mágica?

A forma como o São Bernardo jogava não me agradava. Era um time mais contido, defensivo. Fui alterando a maneira e coloquei a equipe para cima. A virada começou na minha segunda partida, quando vencemos o São Paulo por 3 a 1, no Pacaembu, depois de sairmos perdendo no placar.



O São Bernardo tem qual objetivo no Campeonato Paulista a partir de agora?

Alcançar a Série D. São três vagas, duas neste ano e uma para 2017. Se eliminarmos o Palmeiras, garantimos a participação já neste ano, porque ficaríamos à frente do São Bento e do Red Bull. Se cairmos, assim como todos os outros pequenos que foram às quartas de final, teremos a vaga na Série D da próxima temporada.



Tem bicho previsto para a decisão com o Palmeiras?

Não posso falar em valores, mas, para os padrões do São Bernardo, é uma premiação muito boa.



A eliminação do Palmeiras na Libertadores foi melhor ou pior para vocês?

Certamente, vai ser mais difícil. Fará com que o Palmeiras vá para o jogo com uma obrigação de passar de fase. O Cuca e os jogadores do Palmeiras sabem que será uma fumaça se eles forem eliminados de dois torneios em uma semana. Se o Palmeiras continuasse na Libertadores, dá para apostar que um tropeço contra nós causaria bem menos impacto.



Qual a maior virtude do seu adversário de amanhã?

Desde que o Cuca assumiu, o Palmeiras procura ter a posse de bola e isso me agrada.



E a principal fragilidade?

Isso não dá para falar. Trabalhamos isso ao longo da semana com os jogadores, mas fica reservado para nós.



O que o torcedor do Palmeiras deve temer no seu time?

Nossa agressividade. É um time que procura jogar, incomodar o adversário. Repito: das últimas oito, perdemos só uma e fomos o time que mais criou chances de gol de acordo com as estatísticas neste período.



O presidente do São Bernardo, Luiz Fernando Teixeira, entende que o Cañete tem futebol para ser titular em todos os grandes de São Paulo. Não é um exagero?

Ele tem potencial para jogar em time grande, sim. Vejo o Cañete como um jogador diferente, com qualidade, drible, coragem… Ele é especial.



E por que não deu certo no São Paulo e na Portuguesa?

Ele chegou ao Brasil muito novo, com 21 anos. Para piorar, ainda teve lesões sérias. Hoje, está maduro, tem potencial, desmonta as defesas adversárias. O Cañete e o Luciano Castán estão prontos. O Castán é um baita zagueiro, porque sabe jogar com a bola nos pés, marca bem… Se me perguntassem, indicaria ambos.



Por que Sâo Bernardo, São Bento e Audax tiveram pontuação tão próxima dos grandes na fase de grupos?

Red Bull, Audax e São Bento têm o mesmo técnico há mais de um ano. E o ajuste tático dos pequenos fez com que existisse esse equilíbrio. Só eu que peguei o bonde andando e já fui para a janela.



Qual o melhor time do Paulista, na sua opinião?

O Corinthians, até por tudo o que mostrou ao longo da campanha, é o mais coeso. Mas aquele que mais me agrada é o Santos, pela forma ofensiva e rápida de jogar. Tem mais a ver com o meu perfil. Acho que ficamos mais próximos do resultado trabalhando e pensando de forma ofensiva.



Você está chegando ao 12º ano na carreira como técnico e ainda não dirigiu um clube grande. Por quê?

Às vezes, me pergunto isso. Em 2010, estive muito perto. Meu nome ficou muito forte no Santos depois da saída do Dorival Júnior. Nessa mesma época, alguns davam como certo que eu substituiria o Ricardo Gomes no São Paulo. Também fui cogitado no Palmeiras e no Corinthians. Mas não sei por que nunca rolou.



O Cristóvão Borges afirmou que já foi vítima de racismo. Será que o preconceito ajuda a explicar sua falta de chance em um time grande?

Eu não quero crer, mas me pergunto, sim, se sou vítima de racismo. Tomara que não seja, mas fica um balãozinho no ar: Tenho duas finais de Copa do Nordeste, sou bicampeão estadual, por Bahia e Ceará, já fui campeão de primeiro turno da Série B, finalista no Paulistão… Se for racismo, não tem porque continuar me esforçando.



Mas você nunca sentiu nada de racismo no ar?

Coisa direta, não. Mas você acaba pensando. Eu surgi na mesma época do Mano Menezes. Eu no Santo André, em 2004, e ele no Caxias. Cheguei a enfrentá-lo no Grêmio, quando subi o Santo André para a Série A do Brasileiro. O Mano cresceu, subiu… e faltaram oportunidades para mim.



E por que há tão poucos treinadores negros no futebol brasileiro?

Essa é uma boa pergunta. Porque temos muito mais jogadores negros do que brancos no Brasil. Aí, em relação a técnicos negros que se destacam no país, só tem o Cristóvão, o Hemerson Maria, eu…



Por falar em mercado, você vive dias agitados: foi apresentado como novo técnico do Ceará na segunda-feira e estava de volta para treinar o São Bernardo na terça.

Quando surgiu o convite do Ceará, eu disse que gostaria de dirigir o São Bernardo em caso de classificação para o mata-mata. Fiquei um ano e dois meses no Ceará e eles entenderam que valia a pena aguardar uns dias para contar comigo, então estou aqui de volta.



E se o seu time alcançar a semifinal do Paulistão?

Aí, não dá mais. Terei de começar a trabalhar lá e ficarei na torcida pelo São Bernardo. O que dá para fazer é criar uma situação com o Denis, que é meu auxiliar-técnico. Ele ficaria aqui até terminar o trabalho, até porque manteria a mesma filosofia, e seria interessante para todos os lados.



Você esteve perto de subir para a Série A com o Ceará em 2014 e com o Bahia em 2015, mas acabou demitido dos dois clubes. Sabe os motivos?

Não entendi até agora. Faltavam cinco jogos para o fim do campeonato em um e sete no outro. Houve uma queda de rendimento, o que é natural em uma competição longa, e os presidentes acabaram não sabendo conduzir a pressão. Mas nenhum dos clubes subiu depois de eu sair. E olha que fui demitido a um ponto do G4 nos dois casos.



Qual foi seu melhor trabalho como técnico?

Gosto muito daquele time que montei no Santo André em 2008, quando subimos como vice-campeões da Série B. Em 2010, também no Santo André, fizemos uma final do Paulistão de igual para igual com o Santos. Pelo Ceará, o trabalho também foi bem legal.



Quais são suas inspirações?

Na forma de jogar, me inspiro no que vivi com o Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras em 1996. Já em relação à postura e à conduta, gosto muito do que vi do Candinho.



Os treinadores brasileiros estão defasados?

Não acho, não. É só ver o que andam fazendo o Tite e o Cuca. É que trabalhar no futebol brasileiro nunca foi fácil, com jogo de quarta e domingo, pressão… Veja como o Bauza está sofrendo no São Paulo.



Você chegou a afirmar que o Neymar é o único diferente do Brasil. Tem algum candidato a substitui-lo?

O Gabriel Jesus pode ser um jogador diferente. E gosto muito do Lucas Lima.



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5976 visitas - Fonte: Blog do Jorge Nicola

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