Palmeiras vence, mas pode mais; derrota do Flamengo na conta da diretoria

Cuca novamente armou o Palmeiras para anular as virtudes do rival no jogo fora de casa: Tchê Tchê aberto pela esquerda perseguindo Rodinei, o mesmo com Roger Guedes à direita fechando as descidas de Jorge. No meio, Moisés vigiando William Arão e Matheus Sales pegando Alan Patrick.



O problema dessas marcações individuais é que a movimentação do adversário mexe com as peças e, na retomada de bola, se não for um contragolpe, só resta o chutão para rearrumar as peças. Ou seja, é time para vencer no erro do adversário e nas jogadas aéreas, com bola parada ou rolando.



O Flamengo pecou na saída de bola, Gabriel Jesus abriu o placar. Quando Alan Patrick saiu da marcação de Sales, o empate veio num golaço no lance seguinte. O gol da vitória de pênalti bem cobrado por Jean. Falha de Léo Duarte, que já havia tocado com o braço na bola dentro da área em pênalti ignorado pela fraca arbitragem comandada por Dewson Fernandes Freitas da Silva. Era impossível não notar a “defesa'' no reflexo de César Martins.



Com o clima de estádio neutro no Mané Garricha e a torcida alviverde mais quente, a sensação de visitante se diluiu para Cuca a ponto de arriscar mudanças ousadas no segundo tempo, como Luan na vaga de Matheus Sales e Cleiton Xavier no lugar de Roger Guedes. Retomou o domínio do jogo. Ponto para o treinador.



Mas o Palmeiras pode mais. Tentar propor o jogo também longe de São Paulo, ter mais a bola. Ser protagonista e não reagir às ideias do rival. Está no G-4 pelo triunfo fora por conta do contexto diferente da partida, inclusive nas arquibancadas. Mas não será sempre assim.



Já o Flamengo pode jogar na conta de sua diretoria o revés que tirou o time da zona de classificação da Libertadores.



Primeiramente por não ter se preparado para não ter Maracanã e Engenhão no ano dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. A ideia de rodar o Brasil desgasta o time e ficou claro que sequer garante um ambiente favorável, de casa, em todas as partidas.



Além disso, a zaga formada por Léo Duarte e César Martins teve erros capitais. Culpa deles? Óbvio que não. Um tem 19 anos e foi escalado na emergência da saída de Wallace. O outro já estava descartado e ainda apanhou de marginais travestidos de torcedores. Desde janeiro o clube tenta buscar os nomes sem fechar com ninguém. Quem escalar contra o Figueirense em Florianópolis?



Para completar, o equívoco de não definir a situação do técnico Zé Ricardo. “Ele vai ficando'' significa um total condicionamento aos resultados. Nem efetivado, nem interino. Certamente essa insegurança, além da inexperiência, pesaram na decisão de trocar Felipe Vizeu por Marcelo Cirino e Everton por Cuéllar que entregaram o domínio de jogo ao Palmeiras.



E o presidente Bandeira de Mello com a seleção brasileira numa inexplicável aproximação com a CBF depois de ser uma voz forte de oposição. Mais uma prova de que se é competente nas finanças, na condução do futebol a diretoria é inepta. Para dizer o mínimo.



Só não é mais ineficiente que a polícia em Brasília que não se preparou para um duelo de rivalidade histórica. Gás de pimenta que afetou famílias e atrapalhou até a saída dos jogadores depois do intervalo. Principalmente a falta de um serviço de inteligência para se prevenir.



A ideia de “deixar os brigões se matarem'', além de fascista, não evita que o confronto respingue em inocentes. A notícia de um torcedor entre a vida e a morte num hospital sempre é chocante. Infelizmente já não provoca reflexões e muito menos ações que de fato mudem este cenário desolador.



A mancha no bom jogo disputado na capital federal.