Em meio às disputas simultâneas do Campeonato Paulista e da Libertadores de 1999, o Palmeiras, pelas quartas de final da Copa do Brasil, perdeu para o Flamengo na partida de ida por 2 a 1, no Rio de Janeiro, no dia 14 de maio. Uma semana depois (21 de maio), a equipe carioca fez 2 a 1 no Palestra Italia aos 14 minutos do segundo tempo e complicou demais a situação alviverde – o Verdão precisaria marcar três tentos em praticamente 30 minutos para avançar de fase. Mas Euller, o Filho do Vento, entrou em ação e protagonizou uma das viradas mais emblemáticas da centenária história palestrina, ao garantir, balançando as redes rubro-negras duas vezes nos minutos finais, o resultado positivo de 4 a 2. Quinze anos depois do duelo memorável, o ex-atacante conversou com o Site Oficial do Palmeiras e contou, além dos detalhes do triunfo, como aquela vitória ajudou o clube a conquistar a América no mês seguinte.
Euller, o que aquela virada significa para você?
Significa muita coisa. Afinal, já se passaram 15 anos e todo ano lembram-se daquele jogo histórico. Sempre que houver o confronto entre Palmeiras e Flamengo, aquela partida será lembrada. Foi um momento pessoal muito bom também, pois eu vinha de uma contusão muito grave no joelho, sofrida no ano anterior no Japão.
O Felipão me ajudou muito na recuperação e aquele duelo era um dos meus primeiros depois da volta aos gramados. Nos anteriores, eu havia ficado no máximo 10 minutos jogando. Aquele, porém, foi o da afirmação, o da superação, o da determinação, o da volta por cima.
De onde o time buscou forças para consumar a reação?
A força veio de fora para dentro, veio do torcedor. A vibração era imensa. Nosso time já era qualificado, e aí, quando nos arrepiamos com aquela atmosfera, foi só colocar para dentro de campo.
Você estava tão confiante de que decidiria o embate que, no intervalo, colocou mais uma camisa, certo?
É verdade. A confiança que eu estava naquele dia era sobrenatural. Quando o Felipão desceu para o vestiário comigo, dizendo que me colocaria, eu decidi colocar outra camisa. Eu sabia que decidiria a partida! Quando fiz o primeiro gol, eu me preocupei em somente pegar a bola e colocar no meio de campo. Nem comemorei. Mas quando fiz o segundo, não tive dúvida: tirei a camisa, saíram as duas, o Agnaldo (zagueiro) veio me ajudar para eu não ser expulso, foi uma confusão (risos). Mas deu tudo certo e joguei uma camisa para a torcida. Foi inesquecível.
Foram dois gols de cabeça. Qual foi o segredo?
Em todos os clubes por que passei fiz gols de cabeça. Isto porque eu não tinha uma marcação específica, os adversários se preocupavam com os mais altos, e eu aproveitava para me posicionar bem. Sempre deu certo.
Os palmeirenses ainda te param na rua para recordar daquele confronto?
O legal é que a lembrança não parte apenas dos torcedores do Palmeiras, mas dos amantes do futebol. Foi uma partida histórica. Sem contar que até hoje serve para muitos treinadores como palestra de motivação.
Aquela vitória influenciou na conquista da Libertadores, obtida no dia 16 de junho, quase um mês depois?
Com certeza, influenciou muito. Foi um ingrediente importante. A prova disso é que, a partir daquele jogo, toda vez que nos aquecíamos no Palestra - o confronto ocorreu entre as semifinais contra o River Plate-ARG - tinha um vídeo com todos os momentos daquele embate, inclusive com o jovem torcedor (Enzo Cid) chorando nas arquibancadas. Enfim, nos ajudou muito.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 4 x 2 FLAMENGO
Local: Estádio Palestra Italia
Data: 21/05/1999
Árbitro: Antônio Pereira da Silva (GO)
Cartões amarelos: Fabão, Jorginho, Pimentel e Vágner (Flamengo)
GOLS: Rodrigo Mendes, a um minuto do primeiro tempo; Oseás, aos 11 minutos do segundo tempo; Rodrigo Mendes, aos 14; Júnior, aos 15; e Euller, aos 41 e 43 minutos do segundo tempo
PALMEIRAS: Marcos; Arce (Euller), Roque Júnior, Agnaldo e Júnior; César Sampaio (Evair), Rogério, Alex e Zinho; Paulo Nunes e Oseás (Galeano)
Técnico: Luiz Felipe Scolari
FLAMENGO: Clemer; Pimentel, Fabão, Luiz Alberto e Athirson; Jorginho, Maurinho, Beto e Caio (Bruno Quadros); Rodrigo Mendes e Romário (Vágner)
Técnico: Carlinhos
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