Não pago, não recebo e desconfio: a relação de dívidas milionárias entre Palmeiras e WTorre

Palmeiras vai enfrentar o América-MG longe do Allianz Parque



A conturbada relação entre Palmeiras e WTorre ganhou um novo capítulo nesta semana, com o Palmeiras correndo o risco de perder o jogo contra o América-MG para uma sessão de cinema no Allianz Parque (o que acabou não acontecendo depois que a CBF mudou a data do confronto). E, no enredo, acusações de calotes, de dívidas milionárias entre ambas as partes e uma rusga que parece não ter fim.



Conforme apurações do ESPN.com.br com gente ligada aos dois lados, o que existe é um ambiente cercado por desconfiança e não cumprimento das cláusulas do acordo contratual existente entre construtora e clube, na guerra pela utilização do Allianz Parque.

LADO DO PALMEIRAS



Do lado palmeirense, fontes do time alviverde disseram acreditar que a conta da WTorre "não fecha".



Isso porque o clube acredita que a empresa cobra em torno de R$ 150 mil pelo aluguel em eventos no anfiteatro do Allianz Parque. E, por contrato, a empresa precisa pagar multa de 50% em cima do borderô da partida que o Palmeiras teve de realizar longe de seu estádio.



Para completar, 20% do valor do aluguel - ou R$ 30 mil, se o preço acordado for R$ 150 mil - são direcionados ao clube palestrino.



Mas a alegação do lado do Palmeiras é que a construtora não vem pagando seus compromissos junto à agremiação palestrina e, por isso, não se importa em assumir mais dinheiro à dívida, que está na casa dos milhões.



Para efeito de comparação, a partida do Palmeiras diante do Grêmio foi no Pacaembu teve renda de R$ 525.845,00. Nesse caso, então, a construtora deveria arcar com quase R$ 300 mil ao time alviverde.



Já contra o Corinthians, igualmente no Estádio Paulo Machado de Carvalho, a arrecadação com arquibancada foi de R$ 644.765,00. Ou seja, mais cerca de R$ 322 mil da WTorre ao Palmeiras.



O Palmeiras acredita que a tendência é que perca 16 jogos em 2016 no Allianz Parque por conta de eventos da WTorre.



LADO DA WTORRE



Em sua defesa, a construtora diz que o Palmeiras, por sua vez, também não vem pagando a sua parte com relação às contas de fornecedores de serviços, policiamento, luz, água e afins ao longo dos jogos do time alviverde no estádio.



Uma fonte disse à reportagem que a dívida do time alviverde com a construtora "já soma alguns milhões".



Os custos por jogo costumam dar em torno de R$ 420 mil, em média.



Segundo fontes da WTorre, existe uma discussão de encontro de contas entre as partes, com o Palmeiras não pagando os reembolsos devidos à empresa.Além disso, a alegação da multa dada por fotnes do clube não procede.



De acordo com fontes da empresa, a multa é prevista em contrato e é devida, nos casos em que há um jogo agendado e ele é deslocado por conta da realização de algum evento.



Quando o evento é agendado antes de haver qualquer jogo previsto, essa multa não é devida.



O sentido dessa cláusula seria inibir o deslocamento dos jogos já agendados e estimular o clube a trabalhar para não permitir o agendamento de jogos em datas já previamente reservadas para eventos.



"É um raciocínio simples e funcional, promovendo um espírito de 'ganha-ganha' na relação", apontam fontes ligadas à construtora.



Oficialmente, a empresa não comentou o assunto.



ENTENDA



Na última segunda-feira, o Palmeiras descobriu que teria que procurar outro lugar para abrigar o seu jogo contra o América-MG, no dia 22 de junho, pelo Brasileiro. Na mesma data, no Allianz Parque, será realizada a sessão de estreia do filme 'Independence Day: O Ressurgimento' na América Latina.



Antes de a a CBF antecipar o jogo alviverde para o dia 21, o fato gerou desentendimento público entre WTorre e Palmeiras. O diretor da construtora, Rogério Dezembro, disse que a decisão foi em comum acordo com o clube, mas foi desmentido por Paulo Nobre ao vivo na ESPN.



"A declaração de Rogério Dezembro não condiz com a realidade, o Palmeiras não participa da escolha de eventos. É apenas comunicado que em tal data não pode utilizar o Allianz Parque. Nós tentamos com a CBF e a WTorre, o Palmeiras não trabalha a quatro mãos com a WTorre. O Palmeiras na verdade discute todas as questões na arbitragem", afirmou o mandatário.



"É a primeira vez que um lançamento mundial de um blockbuster tem sua estreia no Brasil. Ou é na Europa, ou EUA, ou Ásia. Não é um eventinho, põe lá uma tela de cinema e passa um filme. Não é isso, e dentre as possibilidades que tínhamos, trabalhamos com o clube e achamos essa a melhor data, tendo o clube trabalhado até o último momento para tentar mudar o jogo para quinta-feira. Tentou transferir, solicitou para CBF há meses atrás. Em comum acordo achamos que era esse e tentamos levar a partida para quinta", havia dito Dezembro.



"O Palmeiras não concorda em jogar fora de casa. Jogar fora do Allianz enfraquece o Palmeiras. Pelo motivo que for, não estamos satisfeitos. Porém, existe um contrato, a WTorre tem o direito de marcas eventos como Paul McCartney e até eventos corporativos. Quando o Palmeiras é comunicado disso, joga fora do Allianz, e nos pagam uma multa de 50% do borderô. É assim que funciona", finalizou Nobre.