Atacante 'obrigou' mãe corintiana a virar casaca e torcer para o Palmeiras

Vinícius fez estreia com 16 anos no time profissional



Toda vez que acontece um Dérbi, um casal que mora na Vila Maria, zona norte de São Paulo, fica dividido. Seu Noel, palmeirense, e Dona Nalva, corintiana, tem um casamento sólido de muitos anos, mas quando é dia de clássico cada um vai para o seu canto.



Eles só se uniram para torcer pelo mesmo time quando o filho Vinícius atuava pelo Palmeiras. A rivalidade, aliás, indiretamente foi a responsável pela carreira do jovem.



"Minha mãe é corintiana fanática, mas não queria que eu jogasse bola de jeito nenhum. Então meu pai falou que ia me levar para fazer testes, mas o Palmeiras não tinha minha categoria ainda. Ela falou assim: ‘Já que você vai levá-lo, terá que ser no Corinthians'. Ela estava crente que ele não iria aceitar. Mas a paixão do meu pai pelo futebol falou mais alto (risos)", contou o jogador, atualmente no Coritiba, ao ESPN.com.br.



Vinícius Santos Silva foi aprovado em uma peneira e ficou no Parque São Jorge por um ano e meio, atuando ao lado de João Schmidt (hoje no São Paulo), Paulinho (ex-XV de Piracicaba) e o goleiro Matheus Vidotto (que faz parte do elenco profissional).



"Como não jogava contra o Palmeiras, ele nunca precisou torcer contra, era a sorte dele (risos). Ele tinha uma paixão pelo futebol, mas não imaginava que eu seguiria esse caminho. Ele me levava desde pequeno pelos campos porque jogava na várzea", contou.



Depois, passou pela Portuguesa e com 12 anos realizou o grande sonho do pai: atuar pelo Palmeiras, seu time do coração.



"Um dos meus primeiros jogos na base pelo sub-13 foi contra o Corinthians e vencemos com um gol meu. Ainda era meia nesse tempo e o meu pai ficou três dias bêbado (risos)", relembrou, ao risos.



Seu Noel era caminhoneiro e fazia de tudo para poder acompanhar a carreira do filho. "Ele fazia as entregas e voltava correndo para poder ver os jogos e os treinos. Minha mãe que era contra no começo acabou me ajudando muito também. Minha avó era outra pessoa que me apoiou demais sempre", agradeceu.



"Meu pai ama futebol e o Palmeiras. É aquele torcedor chato pra caramba (risos). Minha mãe virou casaca, mesmo sendo corintiana, ela é Vinícius Futebol Clube. No time que estou ela torce por mim (risos)", garantiu.



Com apenas 16 anos, o atacante estreou pela equipe principal no empate por 2 a 2 com o Rio Branco, pelo Campeonato Paulista de 2010 e entrou para a história como mais jovem jogador a vestir a camisa alviverde em uma partida oficial.



"Eu subi jovem e só pensava em jogar bola. Os mais velhos tiravam a responsabilidade das minhas costas, então ficava tranquilo. Mas claro que era outro mundo, eu mal tinha corpo para dividida com os caras mais velhos (risos). Isso pesava um pouco", afirmou.



Durante os quatro anos em que atuou no Palmeiras, uma das maiores alegrias que Vinícius deu para Noel foi o gol marcado no empate por 2 a 2 contra o Corinthians pelo Campeonato Paulista de 2013.



"Quando tem clássico mexe com todo mundo, a motivação é o próprio jogo em si. É um sentimento único que só quem jogou sabe como é", afirmou.



Seu Noel é tão coruja que ganhou de presente um CD da Rádio ESPN com a narração dos gols do filho pelo Palestra Itália. Segundo Vinícius, ele riscou a mídia de tanto escutá-la no carro.



"Meu pai teve a sorte de eu jogar no Palmeiras. Ele só tinha o sonho de ter um filho que gostasse de bola. Eu virei jogador profissional e ainda no time do coração dele", relatou.



Com o clássico deste domingo, no Allianz Parque, às 16h, pelo Campeonato Brasileiro, como ficará a casa da família Santos Silva?



"Hoje em dias meus pais estão mais tranquilos em relação a futebol, mas tem aquela rivalidade ainda. Pode ser que o bicho pegue em casa (risos)", finalizou.