Gareca (o mais alto do Boca) jogou longe o cartão vermelho (Foto: Reprodução/El Gráfico)
Ricardo Gareca, novo técnico do Palmeiras, ficou tão entusiasmado com o convite do clube que ignorou uma velha superstição: evitar o verde. O argentino de 56 anos de idade tornou-se um técnico supersticioso depois de ser um jogador "azarado" que, curiosamente, ganhou os primeiros títulos da vida pelo colombiano América de Cáli, que veste vermelho e tem o Deportivo Cáli, verde, como maior rival.
Em seu time do coração, o Vélez (ARG), de onde saiu em dezembro de 2013 com quatro taças em cinco anos, Gareca ficou famoso por manias como repetir a roupa após vitórias. A imprensa argentina conta que ele já vetou o verde no ônibus do clube e em um hotel no Uruguai.
- Não tem problema, mas é melhor deixar o verde fora - sorriu ele, certa vez, ao ser questionado.
El Tigre (que sente-se mais à vontade quando chamado pelo outro apelido, Flaco, que significa magro em espanhol) demorou para espantar a "mala suerte". A única taça do Boca Juniors (ARG) entre 1978 e 1984, período que durou a passagem de Gareca por La Bombonera, aconteceu nos seis meses em que ele esteve emprestado ao Sarmiento de Junín (ARG).
Em negociação polêmica, mudou-se para o rival River Plate (ARG), campeão da América e do mundo em 1986, ano seguinte à sua saída. Ele e o zagueiro e grande amigo Ruggeri foram os primeiros a trocar La Boca por Nuñez sem escalas, após liderarem uma greve por atrasos de pagamentos. No próprio América de Cáli, apesar dos troféus, ficou marcado por três vices seguidos na Libertadores.
Ele diz ainda que "chorou como condenado" por ficar fora da seleção argentina que só disputou (e ganhou) a Copa de 86 graças a um gol seu, contra o Peru, nas Eliminatóras. Para aumentar a frustração, meses antes convocara uma reunião entre jornalistas e líderes do grupo para defender o técnico Carlos Bilardo, o mesmo que o "esqueceu".
O azar se foi - afinal, Gareca está consagrado em seu país pelo trabalho no Vélez - e o temperamento também mudou: chegou a arrancar o cartão vermelho da mão do árbitro Abel Gnecco quando jogava no Boca, o que lhe custou gancho de sete jogos.
Hoje, atende a todos com educação - nessa quarta, ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, pediu desculpas aos jornalistas por não ter respondido a todos nos últimos dias - e não levanta a voz com seus comandados. Quem o acompanhou no Vélez diz que não havia imposições e que tudo era resolvido com diálogo.
Nobre, reticente com estrangeiros, empolgou-se com o que ouviu do gerente Omar Feitosa e do vice Genaro Marino, que reuniram-se com Gareca semana passada, em Buenos Aires, e adiantaram a negociação. O salário será de R$ 200 mil, mais bônus por metas atingidas, como o de Gilson Kleina.
O técnico aprovou a busca pelo atacante Lucas Pratto, do Vélez. Entusiasta do jogador, Gareca comemorou um gol dele contra o All Boys, no ano passado, rolando no chão. Alegria que o torcedor espera vê-lo sentir muitas vezes. E de verde!
QUEM É?
Nome:
Ricardo Alberto Gareca Nardi
Nascimento:
10/2/1958, em Tapiales (ARG)
Como jogador:
O centroavante começou no Boca Juniors (ARG), em 1978. Passou por Sarmiento de Junín (ARG), River (ARG), América de Cáli (COL), Vélez (ARG) e Independiente (ARG). Ganhou dois Colombianos pelo América e um Argentino e uma Supercopa Sul-Americana no Independiente.
Como técnico:
Começou no San Martín (ARG), em 1995. No Talleres de Córdoba (ARG), conquistou a segunda divisão nacional e a Conmebol. Depois, teve passagens rápidas por Independiente (ARG), Colón (ARG), Quilmes (ARG), Argentinos Juniors (ARG), América de Cali (COL), Independiente Santa Fe (COL) e pelo próprio Talleres até ser campeão peruano pelo Universitario e conquistar três Argentinos e uma Superfinal em cinco anos pelo Vélez.
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