Cuca, o grande acerto do Palmeiras em 2016

por Humberto Luiz Peron

Desde o início do ano passado, o Palmeiras se tornou uma máquina de contratações de jogadores. Os inúmeros atletas contratados – alguns que nem chegaram a atuar – trouxeram ao clube a sensação de que formara um elenco forte, mas que ainda não rendia o máximo. Mesmo com a conquista da Copa do Brasil no ano passado, era clara a desconfiança que todos tinham da equipe.



Por mais que suas trajetórias tenham sido vitoriosas em outros clubes, Osvaldo Oliveira e Marcelo Oliveira, além de cometerem alguns erros na armação da equipe, nunca foram unanimidades entre a diretoria e os torcedores do clube.



Para alguns palmeirenses, eles eram discretos e tranquilos demais. O Palmeiras – torcedores e diretores – gosta de técnicos que tenham, além de capacidade técnica, personalidade forte, pulso sobre o elenco, que não fiquem à beira do campo, parados com as mãos para trás, como se nada estivesse acontecendo nas quatro linhas, que vistam a camisa do clube, e que não tenham medo de enfrentar a própria torcida.



Isso é fácil de verificar. É só dar uma olhada na lista de técnicos que fizeram sucesso dirigindo o clube - nomes como o argentino Filpo Nuñez, que montou a primeira academia nos anos 1960, Osvaldo Brandão, Vanderlei Luxemburgo (nos anos 1990) e Luiz Felipe Scolari.



Outro método para saber se um técnico agrada aos palmeirenses é circular pelo estádio em dias de jogos e conversar com os torcedores do Palmeiras. Se você ouvir a expressão “não vai” várias vezes é que a passagem do técnico no cargo vai ser curta – o mesmo acontece quando se trata dos jogadores. Com os “Oliveiras”, o “não vai” dos chamados “corneteiros” era frequente, já com Cuca, isso não acontece.



Cuca já tinha uma identificação com o clube, criada com sua boa e rápida passagem como jogador do Palmeiras, em 1992. Mas sua aceitação como técnico foi imediata, muito embora ele tenha tido uma sequência de derrotas em suas primeiras partidas no clube.



É que, mesmo nessa fase mais difícil, o treinador tentava armar o time de maneira com que o torcedor do clube mais se identifica. Historicamente, o palmeirense gosta de times técnicos, que jogam no ataque.



O Palmeiras de Cuca é um time bem treinado. A equipe no Brasileiro mostra, até agora, um padrão de jogo definido, joga com os setores juntos, passou a tocar a bola com rapidez e a equipe cria várias oportunidades de gol com a bola rolando. O treinador também trabalha muito em jogadas ensaiadas em bolas paradas.



Cuca também mostra muita competência em administrar um elenco inchado. Antes da chegada dele, havia muitas reclamações dos jogadores que não atuavam. Hoje isso mudou, o treinador conquistou a confiança dos atletas e as reclamações terminaram. É assim, por exemplo, que ele consegue que os jogadores participem ativamente da marcação.



O treinador tem os méritos também no crescimento da produção de alguns jogadores, como Jean, Moisés, Cleiton Xavier, Róger Guedes e Gabriel Jesus. Com este último, Cuca foi muito inteligente ao posicioná-lo como um centroavante e deixá-lo com um ponta, jogando longe do gol e sendo obrigado a marcar o avanço dos laterais adversários.



Ainda é cedo para dizer que o Palmeiras será campeão brasileiro, mas não é nenhuma precipitação afirmar que o clube, ao contratar Cuca, fez sua melhor jogada em 2016.



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