Aos 42 anos Zé Roberto celebra carreira e pensa em adiar aposentadoria

22/7/2016 15:27

Aos 42 anos Zé Roberto celebra carreira e pensa em adiar aposentadoria

Veterano tem contrato com o Palmeiras até o fim do ano, mas ainda sonha com inédito título da Libertadores e avisa: "Minha carreira me deu o direito de decidir"

Aos 42 anos Zé Roberto celebra carreira e pensa em adiar aposentadoria

Zé Roberto, em treino na Academia do Palmeiras (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras)



– Cara, por que você parou bem? Você poderia continuar jogando!



A frase acima faria parte de um diálogo entre José Roberto da Silva Júnior, o Zé Roberto, com ele mesmo, diante do espelho, no início desta temporada. Campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras em dezembro do ano passado, o veterano pensou em voltar atrás no contrato de renovação assinado com o clube – que vai até o fim de 2016. Tomou coragem, deu sequência, e hoje é titular do Verdão, líder do Campeonato Brasileiro. Não ter dado chance à frustração é motivo de sorriso e, nas palavras do próprio atleta, diversão.



Zé Roberto se diverte ao lembrar que completou 42 anos há pouco mais de duas semanas e que ainda impressiona os profissionais que trabalham com ele. A dedicação é motivo de elogios de todos: dos jogadores mais jovens, a quem busca deixar um legado, até a diretoria. O veterano tomou as rédeas da própria carreira e fez um caminho inverso ao trilhado pela maioria dos companheiros de profissão – passou a crescer depois dos 30.



– Hoje eu estou aqui no Palmeiras e não sei quando vou parar. Completei 42 anos. Acho que minha carreira me deu o direito de decidir o que eu faço. Muitos acabam com as pessoas decidindo. Um contrato decide, o rendimento, uma lesão... Comigo, através da longevidade e da forma que me cuido, estou colhendo o que plantei. Tenho o direito de decidir se jogo mais um ou dois anos, se paro no fim do ano. Isso é o mais divertido. É algo muito legal – contou, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com.



Dos 42 anos de idade, 22 foram dedicados ao futebol profissional. Uma história iniciada na Vila Ramos, bairro da zona leste de São Paulo, e com um protagonista que superou muitos obstáculos. Zé venceu uma infância difícil, o racismo e encontrou no futebol um refúgio.



Espelhado em Dener, ídolo da Portuguesa, onde começou sua carreira, construiu a própria trajetória até a realização do sonho maior: a seleção brasileira.



Em aproximadamente 40 minutos de conversa, Zé Roberto relembrou momentos marcantes da sua história, no aspecto pessoal e também no profissional. Das cobranças da família à frustração de não ter sido convocado para a Copa do Mundo de 2002. Do aprendizado com Vanderlei Luxemburgo à admiração por Cuca.



E revelou: assim como canta a torcida do Palmeiras, para ele a Taça Libertadores da América também ainda é uma obsessão...



GloboEsporte.com: Zé, você chegou aos 42 anos jogando em alto nível, como titular do Palmeiras. Você projetava ir tão longe quando começou a jogar futebol?

Zé Roberto:
Quando criança, meu maior sonho era me tornar um atleta profissional. Desde quando isso aconteceu, passei a projetar em busca dos meus sonhos. Comecei na base da Portuguesa, o próximo sonho seria me profissionalizar. Um dia vestir a camisa da seleção brasileira, jogar fora... Fui conquistando cada passo. Quando cheguei à Europa, aprendi muita coisa a respeito da minha carreira. Na Alemanha, eu entendi que o corpo era meu instrumento de trabalho. Ali comecei a cuidar dele. Boa alimentação, vida regrada, período adequado para dormir, treinar no outro dia. Quando entendi isso, sempre consegui jogar em alto nível. Trouxe uma coisa primordial naquela fase. Falei que queria jogar até quando meu corpo permitisse. As coisas aconteceram na minha vida ao contrário do que acontece na carreira de muitos jogadores. A partir dos 31 anos, minha carreira decolou, em vez de regredir.



Dá para dizer que você ganhou autonomia sobre a própria carreira, certo? A parte física passa longe de ser um problema.

Hoje eu estou aqui no Palmeiras e não sei quando vou parar. Completei 42 anos. Acho que minha carreira me deu o direito de decidir o que eu faço. Muitos acabam com as pessoas decidindo. Um contrato decide, o rendimento, uma lesão... Comigo, através da longevidade e da forma que me cuido, estou colhendo o que plantei. Tenho o direito de decidir se jogo mais um ou dois anos, se paro no fim do ano. Isso é o mais divertido. É algo muito legal.





Bate no peito e grita! Zé Roberto festeja o título da Copa do Brasil do ano passado (Foto: Marcos Ribolli)



O fato de você não sentir o peso da idade reabre sua decisão sobre a aposentadoria?

Fica martelando o tempo todo (risos). Eu me cobro muito. Por eu me conhecer, tenho certeza que, se tivesse parado no ano passado, quando conquistamos a Copa do Brasil, que foi algo que passou na minha cabeça, eu estaria me questionando todos os dias. Eu olharia no espelho e diria: “Cara, por que você parou bem? Você poderia continuar jogando!”. Tenho certeza de que fiz a escolha certa. Eu me sinto muito bem e tenho objetivos. Ainda tenho sonhos, ainda quero conquistar. Quando você tem isso vivo, o impulsiona. Quero manter minha regularidade, fazer uma grande temporada e conquistar um título no fim do ano.



Tentar de novo conquistar a Taça Libertadores da América é algo que te motiva a adiar o fim da carreira?

É um objetivo, com certeza. A Libertadores é um título que ainda não tenho e gostaria muito de conquistar. Claro que temos o Brasileiro e a Copa do Brasil nesse ano, mas eu queria ter a Libertadores no meu currículo. Eu sempre me projetei antes de qualquer desafio. Temos de andar de acordo com os passos dados. O próximo passo é consolidar a classificação. Depois, planejar, ver qual decisão vou tomar. Estamos no caminho certo.



Você vê algum empecilho que possa de atrapalhar na ideia de continuar jogando?

Algo que pode me dificultar é o calendário. Lá fora, eu estava acostumado a ter tempo para a minha família, a não jogar tantos jogos durante o ano como aqui. Ele suga muito de você. O calendário faz com que você tenha treinamentos diários, dois jogos durante a semana... Você viaja muito, concentra muito. Isso torna o desgaste muito grande.



Sua família cobra?

Às vezes, sim, ainda mais no fim de semana, que é quando meus filhos estão livres, porque não tem de ir à escola. Eles me cobram um passeio, um almoço de família. O meu filho mais velho tem 16 anos, daqui um ano e meio se forma e quer fazer uma faculdade fora. Ele quer ir para a Alemanha ou para os Estados Unidos. Eu praticamente não convivi com ele por causa da minha profissão, dessa rotina em que você fica muito tempo fora de casa. Eu só tenho de agradecer a Deus por me permitir fazer o que mais gosto, que é jogar futebol, ter feito uma carreira de longevidade.



Você procura passar seu legado para os mais jovens?

Essa ideia de que o corpo é o instrumento de trabalho de um jogador de futebol. A gente conversa bastante a respeito de planejamento de carreira. Hoje, no Brasil, é algo que falta um pouco. Isso leva o atleta a ficar focado somente no trabalho dele, as demais coisas ficam para pessoas específicas. Assim que aconteceu na minha carreira. Eu converso com os jovens do Palmeiras, já conversava no Santos, no Grêmio.



Quem é o jogador mais incrível com quem você conviveu durante a carreira?

São 22 anos de carreira profissional, e eu destacaria três. (pausa) Na verdade, quatro. Um eu vi muito pouco, não tive a oportunidade de conviver muito tempo, que foi o Dener. Ele estava na Portuguesa, eu era da base. Eu faltava da escola para ver ele treinar, quando o treino era no fim da tarde. Era um jogador no qual eu me espelhava. Infelizmente ele perdeu a vida precocemente, não vi muito tempo. O que eu vi marcou muito para mim. Eu diria também o Ronaldo Fenômeno, o Messi e o Zidane. Esses quatro foram os melhores que eu já vi.



E os melhores técnicos com quem você trabalhou?

Eu tive vários. Cada um com sua personalidade, sua filosofia. Eu poderia citar três também, que foram diferentes. Quando eu iniciei a minha carreira, fui treinado pelo Zagallo. No decorrer dela, tive a felicidade de trabalhar com o Vanderlei Luxemburgo, que é muito inteligente, me passou muitas coisas positivas. Aprendi muito com ele. E também um que trabalhou quatro ou cinco anos no Bayern de Munique, o Ottmar Hitzfeld.





Zé Roberto treina pesado diariamente para manter a forma no Verdão (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)



Quais foram os dias mais felizes na sua carreira como jogador de futebol?

Meu dia mais feliz no futebol foi quando eu era juvenil ainda, que passei na peneira da Portuguesa. O segundo foi quando assinei meu primeiro contrato, de 18 para 19 anos. E o terceiro foi em 1995, quando fui convocado pela primeira vez para a Seleção principal.



E o dia mais triste?

Com certeza foi não fazer parte do grupo que disputou a Copa do Mundo de 2002. Eu estava em excelente fase. O Leverkusen disputou a Copa da Alemanha, a Bundesliga (Campeonato Alemão) e foi para a final da Champions. Eu estava na minha melhor fase da carreira. Acabei não indo.



No futebol, você teve de encarar racismo?

Eu vivenciei no início da minha carreira. Quando eu me profissionalizei na Portuguesa, comprei meu primeiro carro. Meu sonho era ter um carro igual ao Dener tinha, que era um Mitsubishi Eclipse, na época um carro fora de série. Na época eu namorava com a minha esposa, a Luciana. Todos os dias após o treino eu ia à casa dela, visitá-la. Quando eu passava por algum carro da polícia, sempre me olhavam e vinham na minha direção, mandavam parar e me revistavam. Depois que me reconheciam, ficavam normal. Depois de passar por essa situação diversas vezes, acabei vendendo o carro. Foi um momento triste que eu passei e me marcou, uma coisa negativa.



A impunidade faz com que isso continue sendo um problema no Brasil?

É uma questão que, por mais que a gente fale, já está enclausurada dentro das pessoas que agem dessa forma. É difícil tirar. Teria de ter punições, não adianta. Vai da consciência da pessoa, da forma de cada um pensar. É algo muito visível no Brasil e que eu nunca consegui ver na Alemanha. Um país que passou por guerras, que teve a questão dos judeus nos campos de concentração... Os alemães conseguiram virar uma página, mostrar que o país passou por isso, mas que aquilo não faz mais parte do presente. Eu morei 12 anos na Alemanha e nunca passei por nenhuma discriminação.



Quando você jogou na Alemanha, a realidade do futebol já era superior à atual do Brasil?

Já, sim. O futebol lá já era muito avançado. A organização do campeonato, dos clubes, do país. Eu só aprendi no tempo em que fiquei lá. Pude colocar muitas coisas positivas dentro da minha vida. Só me fez crescer. Foi um país em que fui bem acolhido, me aceitou com a minha cor de pele, a minha nacionalidade não sendo alemã, tendo os meus costumes.



Você acha que é possível recuperar a identificação do povo com a seleção brasileira? Tem solução?

Tem, desde que comece lá de cima. O primeiro passo que a CBF deu foi a mudança. No meu ponto de vista, não teria outra pessoa com o gabarito do Tite para implantar a forma de trabalho que ele tem e ir em busca de coisas melhores para o futebol brasileiro. Nossa esperança é que isso aconteça de forma rápida, até porque daqui a dois anos tem um Mundial na Rússia. O Brasil precisa voltar a ganhar, a ser respeitado.



Pensa em trabalhar com outra função no futebol no futuro?

Por eu ainda estar jogando, não tenho nada na cabeça. Quem sabe depois que parar, projetar outras coisas, eu possa fazer algo em prol do futebol. Até porque são muitos anos nesse meio. Tudo o que eu aprendi de repente pode ser benéfico.



Qual a característica mais marcante do trabalho do Cuca no Palmeiras?

O diferencial do Cuca é a leitura diferente de outros treinadores com quem trabalhei. Ele consegue mudar a forma do time jogar de uma maneira muito rápida. Consegue neutralizar as melhores jogadas dos times que vamos enfrentar. Além disso, consegue mudar uma peça ou outra e deixar jogando em alto nível. Ele sabe lidar com um elenco como o Palmeiras tem, com a maioria dos jogadores em condições de jogar. Não é uma tarefa muito fácil. Todos querem jogar. Ele consegue tirar o melhor de cada um, formar uma equipe competitiva e ter um jogo bonito e dinâmico.



O Gabriel Jesus é um atleta que vem sendo muito badalado pelo futebol europeu aos 19 anos. O que você tem a dizer dele? Está pronto para sair do Palmeiras?

Eu joguei com muitos jogadores de potencial, tanto brasileiros quanto estrangeiros. O diferencial do Gabriel Jesus e dos demais jovens que tenho visto surgir é a concentração no dia a dia, nos treinamentos. A cobrança que ele faz para melhorar a cada treino e a cada jogo. É difícil ver um jogador como ele, tão badalado, com clubes europeus querendo levar, não se empolgar. Não vejo empolgação nenhuma nele. Vejo ele somente focado, buscando melhorar aquilo que pode melhorar. Independentemente do clube que ele vá jogar, não tenho dúvida que vá fazer sucesso.



O que você tem a dizer para a torcida do Palmeiras neste momento?

Meu recado para o torcedor palmeirense é somente de agradecimento. O que o torcedor tem feito para nós jogadores é incrível. A minha identificação foi imediata desde que cheguei aqui. Nunca imaginei que eu teria um grito dos torcedores, o mesmo que gritavam para o Edmundo. Isso vai ficar marcado na minha carreira. O que tenho a fazer é agradecer. Que eles possam continuar nessa força, nessa corrente, nos apoiando e incentivando. Vamos dar o nosso melhor a cada jogo, em busca do nosso objetivo, que é chegar no fim do ano, poder virar para cada torcedor palmeirense, bater no peito e dizer: “O Palmeiras é gigante”.





Zé Roberto: titular do Palmeiras aos 42 anos (Foto: Chris Mussi)



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o cara e um exemplo de jogador de homem e d carater o palmeiras so tem a agradecer e juntos ganharmos este brasileiro e o ano q vem libertadores e mundial vamos porco

Monstro! Tomara que dei mesmo a aposentadoria enfoque no Palmeiras! Você ainda tem muito a contribuir com Palmeiras!

Se tratando de Zé Roberto. Sem comentário né.
É sem dúvida um mito

sempre fui fã desse cara mas não imaginei velo jogando no PALMEIRAS. Desde a portuguesa até hoje joga em alto nível! parabéns.

Esse jogador é um garoto, joga muito é um dos melhores que o Palmeiras tem, não deve parar agora.

Zé vc é um mito

tá certo tá jogando demais não pé para agora vamo ser campeão da libertadores ano q vem

Nosso Zé Roberto é monstro se todos jogadores tivesse a cabeça do Zé o Brasil teria umas 10 copas vou citar só 3 aqui Ronaldinho Ronaldo e Adriano todos adoram a Noite

se vc e um grandre exemplo tem caráter e humildade. vc vai parar sendo campeão .UM ABRAÇO . W.R

Sem palavras esse merece todo nosso respeito

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MAIORES INFORMAÇÕES PELO WHATSAPP 11946268875

Zé vç e um exemplo em td sentido como pessoa /profissional parabéns

Joga muito monstro

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