1/8/2016 14:35

Sem esmorecer: Palmeiras precisa agora jogar por Prass

Na final da Copa do Brasil, Prass foi um gigante ainda maior que seu painel



“Amor, fodeu. Pera que eu vou gravar, não tô conseguindo nem digitar.” Paulo se assustou ao ler no celular a mensagem da namorada. Estava longe de casa desde quinta-feira, num evento de trabalho, e nem imaginava o que teria acontecido. Será que ela tinha passado mal ou tido alguma daquelas malditas crises de cólica renal? Ou sido assaltada no metrô, ou algo parecido? Aciona o botão play e a voz de Mariana soa alto, no meio da rua. “Amor, fodeu. O Prass machucou o cotovelo naquela droga de seleção, não joga mais neste ano, estamos sem ele, vai dar tudo errado de novo, não é possível.”



Ao longo dos poucos segundos do áudio da namorada, Paulo sentiu o estômago doer, revirar, calafrios percorrerem toda a sua espinha. “Não é possível”, pensou. Mas tentou manter o otimismo ao falar com ela, embora não acreditasse em uma palavra do que estava dizendo. “Calma, minha linda, vai dar tudo certo. O Prass é ótimo, mas o Vágner também é bom. Vamos ser campeões, acredite.”

O cotovelo esquerdo acabou com o sonho olímpico de Fernando Prass



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Não foi uma semana pródiga de boas notícias para o torcedor do Palmeiras. A proximidade da Olimpíada tirou o foco do trabalho de Cuca com o elenco, o que é ótimo depois de uma derrota inesperada e doída como foi a de domingo passado, mas nossos jogadores que servem à seleção olímpica ocuparam as manchetes o tempo todo com notícias extracampo: Prass sente dor, Gabriel Jesus negocia com não-sei-quem, Prass é poupado, Jesus vai pra tal lugar, Prass aquilo, Jesus confirma ida pro raio que o parta, Prass vai ser cortado da seleção e não joga mais no Brasileiro. Que encerramento para uma semana terrível.



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“Eu sabia que ia dar merda. Odeio a CBF, odeio aqueles canalhas todos, odeio a seleção, quero que se exploda, odeio tudo, odeio futebol, odeio o Paulo Nobre”, Mariana disparava as mensagens em sequência em meio a um ataque de ir e Paulo só pensava nos copos da casa. Ela tinha dito, no começo do namoro: “Quando o Palmeiras perde eu tenho crises de raiva e fico com vontade de quebrar copos”. Ele não entendia bem o sentido do ódio ao Paulo Nobre estar manifestado nesse contexto fora da política do Palmeiras, mas sabia que não era uma hora boa pra discutir. Apenas gravou a mensagem: “Calma, Mari, não vai quebrar nenhum copo que isso não vai curar o cotovelo dele. Se sarasse eu mesmo quebrava uns 20 copos aqui. Calma. Tem que ter calma.” Ainda que não acreditasse muito no que estava dizendo, tentava bancar o cerebral do relacionamento.



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É mais ou menos essa postura que devemos tomar, na minha opinião. Assim como meu amigo Paulo, eu também estou preocupado com o efeito que a lesão de Fernando Prass, nosso camisa 1, capitão e líder, terá no time no decorrer no campeonato. Já não contávamos com ele por mais cinco jogos, e agora a ausência será um pouco mais longa. Caberá a Vágner, Jailson e Vinícius a missão de defender a meta alviverde nas próximas rodadas, talvez até o fim de 2016.



Vai ser difícil? Sim, ninguém disse que era fácil. Mas a nós, torcedores, cabe apenas acreditar. Vágner é bom goleiro, fez boa estreia apesar da derrota, tem talento e agora será definitivamente ungido pelo manto de São Marcos para fechar nossa meta. Há um título a disputar, temos um jogo a vencer neste domingo no Rio, e o Palmeiras é maior do que qualquer um de seus ídolos. É óbvio que Prass fará falta, mas, se queríamos ser campeões com ele, agora teremos de ser campeões sem ele. Campeões por ele (e pela Mariana também, inclusive pelo bem dos copos do casal).

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4818 visitas - Fonte: ESPN FC

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