Qual briga Paulo Nobre vai comprar?

Paulo Nobre tem pela frente uma decisão a tomar que pode definir, na reta final de seu mandato, seu lugar na memória do torcedor.



O setor mais popular de seu estádio está fechado, por decisão do STJD. Ele tem o poder de precificar todo o resto do dito cujo - e como precifica! O Sócio Avanti é um sujeito que aderiu a um modelo, uma regra do jogo que prevê benefícios aos que mais pagam ou mais frequentam.



Paulo Nobre pode praticar os preços do Gol Norte, único setor que dá 100% de desconto a alguns Sócios Avantis, em algum outro setor. Ao fazer isso, sabota a punição do STJD. Por outro lado, se não praticar estes preços e deixar o estádio sem a mais vantajosa e acessível das faixas, destrói uma relação de confiança com muitos torcedores.



É impossível agradar os dois lados. A bola está dividida, presidente. Qual briga você vai comprar?



Eu



Não estou disposto a pagar pelo que não fiz. Não sou rico e não aguento mais desaforo. Objetivamente, se o Palmeiras não mudar a relação de preços, estará me punindo a pagar algumas centenas de Reais, ou me excluindo do estádio. Considerando que todos nós sabemos que basta o clube tomar uma decisão a nosso favor, posso entender que esta punição a mim seria deliberada por parte do clube, e, na prática, a punição do STJD estaria fazendo um corte econômico, e não disciplinar, nos cinco jogos sem Gol Norte.



Pode ser a gota d´água para muito torcedor, e eu, com esforço, entendo a tentativa de prejudicar o torcedor violento vinculado à Mancha Verde que estava em Brasília e quebrou o pau com flamenguistas. Não parece, contudo, um recorte bem específico? O estádio Mané Garrincha, o mais caro da história do país, com tudo de primeiro mundo, se mostrou inseguro, frágil, polícia, câmeras de vigilância, justiça, estão todos aí mas ninguém resolveu a questão, e sou eu que terei de desembolsar várias pratas como punição?



O ponto de saturação chega, senhoras e senhores. Pode demorar, mas chega. E O Periquitão vai aguardar a posição do clube antes de se posicionar de fato.



Um contra o outro



Essa punição, como disse acima, faz corte econômico e só. O lugar no estádio tanto faz, a Mancha Verde ficou em vários no Parque Antarctica e tem como se organizar noutro setor. Trocando em miúdos: estádio aberto só com os outros setores abertos pune inocentes, mas só os inocentes sem grana. Inocente com crédito no cartão dá um jeito e vai para outro setor, inocente mais pobre fica de fora. Ou seja, um duplo desaforo.



Depois irão dizer que a torcida está rachada, mas enxergo, em caso de omissão diretiva do clube, mais este efeito. Vai jogar torcida contra torcida outra vez. Adaptados a uma relação de preços e benefícios que hoje consideram, vá lá, justa, o que vão pensar aqueles que ficarão de fora? Inocente rico vale mais que inocente pobre?



Qual a disposição do clube em proteger o torcedor que paga o Avanti, acredita no que o clube lhe diz mas não vai pagar, por desaforo ou por não ter dinheiro, ainda mais grana por algo que não lhe diz respeito? Com a chance de se sair muito bem ou muito mal, Paulo Nobre. Só vou me posicionar depois do clube. Tenho todo direito de desconfiar de seu empenho e das articulações que a gente não vê - todos sabem da participação ativa de Paulo Nobre na promoção da adesão da torcida única em clássicos paulistas. Vou, contudo, esperar.



Até porque já ouvi amigo me perguntando o motivo de "perseguir" Paulo Nobre (respondo sempre que a diferença dele para os outros é que agora tenho este blog), assim como vivo respondendo o que tenho contra as novas arenas (respondo que não sou eu que odeio as arenas, são elas que me odeiam) e, nesse sentido, a decisão que Paulo Nobre tem pela frente pode sintetizar com muita clareza sua gestão, sua visão da própria torcida (esqueça organizada, estou falando de sócio-torcedor, que ele tanto quis que fosse a base de seu mandato) e sua lealdade com quem é correto.