Julio César pediu desculpas a Evaristo após o desentendimento no Flamengo (Foto: Alexandre Cassiano / O Globo)
Quando o microfone chegou perto de Emerson Sheik nesta quarta-feira, ele não pensou duas vezes: “Com ele é normal, né, considerado no meio da galera como mau-caráter”. As palavras nada amistosas tinham como endereço o zagueiro Lúcio, acusado pelo atacante botafoguense de ser preconceituoso e tê-lo chamado de gay. Na réplica, o jogador do Palmeiras citou até contrabando para atacar o rival (veja no vídeo ao lado). E a noite de futebol terminou com mais uma intensa troca de farpas, o que está longe de ser novidade em campos brasileiros. Da rivalidade clássica entre Romário e Edmundo até os xingamentos entre Julio César e Evaristo de Macedo, passando por episódios com Neymar e Rogério Ceni, relembre alguns bate-bocas famosos no futebol nacional.
PRÍNCIPE, REI E BOBO
Romário e Edmundo já não se bicavam em 2000, quando o Baixinho retornou ao Vasco. O Animal reclamava das regalias de seu desafeto e ambos trocavam provocações nos microfones. Na partida contra o Bangu, pelo Campeonato Carioca, o camisa 11 pegou a bola para bater um pênalti, à revelia do companheiro, que treinava as cobranças. Romário errou, e Edmundo não perdoou: “O rei quer que bata o príncipe, eu não tenho culpa”. Contra o Olaria, o Baixinho marcou três gols e o respondeu na mesma moeda: “Agora a corte está toda feliz, o rei, o príncipe e o bobo”.
ROGÉRIO CENI X PARADINHA DO NEYMAR
Na sétima rodada do Paulistão de 2010, o garoto Neymar, então com 18 anos, não se intimidou diante da experiência de Rogério Ceni. Ele marcou um dos gols da vitória por 2 a 1 do Peixe diante do Tricolor ao marcar de pênalti com uma paradinha que deixou o goleiro no chão. No intervalo, o capitão são-paulino abordou o jovem craque e depois revelou qual foi o recado: “Falei para ele aproveitar que é só no Brasil que dá para fazer essas coisas”. Neymar não o respondeu imediatamente, mas após marcar mais um gol de pênalti, com paradinha, na vitória por 3 a 0 na semifinal contra o mesmo São Paulo, ele não perdoou: “Eu bati com paradinha de novo, e o Rogério caiu de novo”.
LEVIR X TARDELLI: "NENHUM CHUTE A GOL"
Pouco tempo após chegar ao Atlético-MG neste ano para comandar o time após a saída de Paulo Autori, Levir Culpi se viu envolvido num bate-boca público com um dos principais jogadores do elenco. Diego Tardelli se irritou com uma substituição no jogo contra o Nacional-COL, pela Libertadores: “Eu estava bem na partida, não entendi também por que ele fez a substituição”. O treinador não mediu as palavras ao rebater o atleta: “Ele está certo, quem tem que substituir é o treinador, ele tem que jogar. O Tardelli talvez seja o melhor nas estatísticas do Atlético, mas não comigo. Comigo não deu nenhum chute a gol.”
NEYMAR E O CHAPÉU DE SOLA
O jovem craque brasileiro protagonizou outra polêmica. No Paulistão do ano passado, Neymar inovou ao dar um chapéu “de sola” em Nunes, do Botafogo-SP, e depois partir para a linha de fundo e ficar com as mãos na cintura, à espera da reação do adversário. Ele não conseguiu concluir o drible, mas despertou a ira do marcador botafoguense. “Pensei dez vezes, ia quebrá-lo todo”, disse Nunes após a partida, que terminou com vitória santista por 3 a 0. Neymar foi simples na resposta: “Só tenho que rir”.
GABIGOL X ROGÉRIO: QUEM MANDA EM CAMPO?
Rogério Ceni também se desentendeu com outro jovem santista. No Paulistão deste ano São Paulo e Santos empataram por 0 a 0, mas um lance gerou polêmica. O árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Carvalho marcou pênalti em Rildo, mas em seguida voltou atrás, porque o assistente Marcelo Carvalho Van Gasse marcou posição irregular do atacante do Peixe, após intensa reclamação do goleiro tricolor. Depois da partida, Gabigol reclamou do lance e ironizou a atitude do rival: “O Rogério (Ceni) manda no jogo. Ele falou, o juiz não tinha levantado a bandeira, mas voltou atrás”. O camisa 1 são-paulino não aliviou: “Se ele (Gabriel) disser que eu mando no jogo, está ótimo. Assim, ele aprende como se joga”.
DIEGO SOUZA X DOMINGOS: "É SÓ MARCAR"
Era a semifinal do Paulistão de 2009. Após vencer o primeiro jogo contra o Palmeiras na Vila Belmiro por 2 a 1, o Santos já vencia a segunda partida no Palestra Itália pelo mesmo placar. Aos 38 minutos do segundo tempo, o zagueiro Domingos entrou em campo com um alvo: Diego Souza. Os primeiros passos do alvinegro foram em direção ao palmeirense. Algumas poucas palavras ao pé do ouvido do meia foram suficientes para iniciar a confusão. Domingos caiu no gramado simulando ter sido agredido, e o árbitro Sálvio Espíndola expulsou os dois. Diego Souza surtou, retornou a campo e aí não aliviou. Deu uma rasteira no rival. Após a partida, ele soltou o verbo: “Domingos falou que era bom de porrada e eu queria ver se ele tinha atitude. Achei que ele foi covarde”. Dois dias depois, o zagueiro respondeu sem medo: “Pode marcar a hora e o local que quiser”.
JULIO CÉSAR X EVARISTO: "BURRO É ELE"
Após sofrer uma goleada de 4 a 0 em um Fla-Flu de 2003, Julio Cesar já estava de cabeça quente, e as entrevistas no gramado após a partida só pioram a situação. O goleiro foi informado pelos repórteres que o treinador Evaristo de Macedo o chamara de burro por ter abandonado o gol e tentado uma subida ao ataque quando o Flamengo já perdia por 4 a 0. Julio, hoje titular da Seleção, atacou o técnico e disse que “Burro é ele, que deveria estar preocupado com as goleadas que o time sofre”. Depois, o goleiro pediu desculpas e disse que reagiu mal a uma interpretação errada das palavras de Evaristo.
12354 visitas - Fonte: Globoesporte.com