O ex-atacante Ronaldo, em sabatina realizada nesta quinta-feira (29) pela Folha de S. Paulo, na capital paulista, reafirmou seu sentimento de vergonha em relação aos atrasos na Copa, criticando diretamente o governo federal pela situação.
Para o Fenômeno, que fez as críticas como membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, o maior problema nem é em relação à construção dos estádios, mas à falta de legado para a população.
— Eu sinalizei principalmente as obras de infraestrutura e não exatamente os estádios. Quis dizer as obras que ficariam de legado para a população. Os estádios eram exigência principal da Fifa para fazer a Copa. Os estádios estão quase todos terminados, mal ou bem, vão estar prontos. Como eu disse para a Reuters, a minha vergonha é pela população que esperava realmente esses grandes investimentos, esse grande legado de Copa do Mundo para eles mesmos, para população: reformas de aeroportos, mobilidade urbana. Tudo que foi prometido e não foi entregue. Tem estatística, é noticiado, 30% só vai ser entregue para a Copa do Mundo, essa é minha preocupação, minha vergonha. Maior prejudicado é a população.
O ex-jogador não considera que a realização da Copa no Brasil seja a responsável pelas mazelas e pelos problemas de infraestrutura do Brasil. Para ele, a Copa foi a vítima de um cenário que há tempos apresenta problemas.
— Não podemos esquecer do país que vivemos. O brasileiro também tem uma memória muito curta. Parece que antes da Copa do Mundo, a saúde, educação, segurança eram perfeitas. A Copa do Mundo é uma grande vítima disso tudo. A grande pena é que tudo que foi prometido antes da Copa do Mundo não será entregue.
Segundo o jogador, o grande responsável pelos atrasos foi o governo, que falhou ao não planejar adequadamente os preparativos para o evento.
— Acho que o faltou foi planejamento para que tudo que foi prometido fosse entregue. O país foi eleito para receber a Copa em 2007. Tinha tempo para entregar tudo que foi prometido. Mas agora tem uma série de falta de informação para a população. A Copa do Mundo não veio para resolver nossos problemas. Quem tem que resolver os nossos problemas somos nós mesmos. A Copa do Mundo veio para ser uma grande festa para a população brasileira.
Ele fez questão de desvincular suas queixas à preparação para o Mundial de um eventual apoio a Aécio Neves, candidato à presidência do Brasil pelo PSDB, partido que faz oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff.
— Eu sou amigo do Aécio. Falei na entrevista, desde 2000, quando apoiei ele na campanha ao governo do Estado de Minas. De lá para cá, somos amigos. E o que falei é que meu voto é dele. Não sei nem porque declarei o meu voto. Não sou ligado a nenhum partido. Eu apoio meus amigos. O Andrés vai sair para deputado federal e vou apoiar ele. E ele vai sair pelo PT. Eu tive a sorte de conviver com ele, conhecer o caráter dele. E por isso meu voto é dele.
Ronaldo admitiu que sempre foi próximo ao ex-presidente Lula, mas que não tem contato com Dilma Rousseff. Ressaltou até que interage mais com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso do que com os petistas.
— Eu era amigo do Lula. Não tenho partido, tenho amigos. Também era muito amigo do Fernando Henrique, mas gostava de passar tempo com o Lula, acho ele um cara incrível. Com a Dilma, não tenho relação. Vai ver que é porque a Dilma não bebe uma cachaça, como eu bebia com o Lula. Eu perdi contato com ele. Nesta correria, ele está tomando conta da saúde. Hoje falo mais com o Fernando Henrique.
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