Valdivia, amado pelos pequeninos (Foto: Fellipe Lucena)
O palmeirense que tem Valdivia como ídolo não merece ser condenado. Que mal há em admirar o chileno? É bom de bola, irreverente e desperta ódio nas torcidas rivais. As crianças o adoram (a foto ao lado foi tirada em uma noite de autógrafos do jogador que a Adidas promoveu para festejar o 99º aniversário do clube e causou grande aglomeração em um shopping da capital). E vale lembrar que o camisa 10 participou dos três títulos que o Alviverde ganhou nos últimos dez anos, sempre com desempenho destacado: o Paulistão de 2008, a Copa do Brasil de 2012 e a amarga Série B do ano passado.
Mas o palmeirense que detesta Valdivia também não pode ser condenado. Na frieza dos números, a segunda passagem do meia, encerrada agora com uma transferência para o desconhecido Al Fujairah, foi um péssimo negócio.
Valdivia não tem culpa se os dirigentes não honraram com os compromissos que firmaram e fizeram o preço total da transação superar os R$ 30 milhões. Também não tem culpa se lhe ofereceram cerca de R$ 500 mil mensais. Tem culpa, sim, por não ter se comportado como atleta profissional em boa parte dos últimos quatro anos – e ele mesmo admite que exagerou na(s) dose(s). Esse desleixo fragilizou sua musculatura e o fez perder mais de 100 partidas por lesão. Muito para quem custa tanto, para quem joga tanto e para quem gera tanta expectativa na torcida.
Ele poderia ter sido muito maior, a ponto de não haver divisão entre os que amam Valdivia e os que odeiam Valdivia. Bola não falta. Talvez tenha faltado um pouco de ambição – a decisão de se esconder nos Emirados Árabes em vez de esperar uma oferta europeia mostra que esse não é mesmo o forte do jogador. E não adianta dizer que está indo porque “o clube precisava da grana”. O clube não moveu uma palha para aproximá-lo de Wagner Ribeiro, empresário que passou os últimos meses procurando interessados por ele no Velho Continente.
Somadas as duas passagens, foram seis anos de Palmeiras. Quantos jogadores, nas últimas duas ou três décadas, passaram tanto tempo no Palestra Itália? Nem seria preciso ganhar mais títulos. Bastava fazer com que o torcedor se sentisse representado. E nem todos tinham essa sensação ao vê-lo em campo (ou no departamento médico).
Chegou ao fim a “era Valdivia”. E ele poderia ter sido enorme. Uma pena.
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