Levir Culpi deu voto de confiança aos jogadores do
Atlético-MG (Foto: Tayrane Corrêa)
Após a vitória do Atlético-MG diante do xará paranaense no último domingo, o técnico Levir Culpi confirmou o fim da concentração no clube mineiro, e espera que os jogadores demonstrem comprometimento com o voto de confiança dado.
O Galo não é o primeiro clube a adotar esse hábito tão comum, por exemplo, no futebol europeu, mas a medida ainda assim é pouco usual no futebol brasileiro. O SporTV ouviu três experientes treinadores, que concordaram com a decisão de Levir.
- Todo técnico vai de encontro a algumas posições porque está vivendo aquele momento e sabe até onde pode ir. Se o Levir aboliu o tipo de concentração do Atlético-MG é porque ele sabe que ali dentro os atletas vão dar a resposta necessária para ele - afirmou Vágner Mancini, técnico do Botafogo, que encontrou em General Severiano a mesma prática, mas por um outro motivo.
- É uma situação vivida dentro do Botafogo por uma questão simples: o clube está numa situação difícil em termos financeiros e acabou abolindo a concentração, só que também de outro lado fez com que o grupo de jogadores entendesse a necessidade de ser profissional, de ter uma boa alimentação, um bom descanso, e a partir daí acho que como grupo acabou tendo uma evolução - explicou o treinador alvinegro. A prática adotada pelo Botafogo já existe desde o comando de Oswaldo de Oliveira.
Com larga experiência na função de treinador, Joel Santana, hoje sem clube, lembra que o problema maior não é com o risco de o jogador cair na noite, mas até mesmo com a rotina diferente que tem dentro de casa.
Joel Santana apoia Levir: "Não tem coisa mais
chata que concentração" (Foto: Site Oficial Bahia)
- Claro que existe esse problema, é uma questão de adaptação e hábito do jogador brasileiro. Às vezes não é porque o jogador vai para a noitada, às vezes o jogador tem problema em casa com questão de criança pequena, alimentação, hora de dormir, essas coisas todas, e um jogador para ir para uma competição tem que estar bem alimentado e bem dormido, principalmente.
Acho que foi essa questão que o Levir quis colocar. Se pudesse, também acho que não deveria ter concentração, não tem coisa mais chata na vida que concentração.
Andrade, técnico do São João da Barra-RJ e campeão brasileiro de 2009 à frente do Flamengo, lembra que os jogadores precisam ter responsabilidade, e que a prática da concentração precisa mesmo ser extinta.
- Acho que é o início, temos que começar por aí. E aquele que chegar em campo e não tiver rendendo vai buscar outras soluções. Mas passamos muito tempo concentrando o jogador brasileiro, jogando quarta e domingo, é muito tempo de concentração.
E muito custo para um clube. Esse é o momento exato de a gente dar essa liberdade e confiança a eles, e eles têm que responder com responsabilidade. Até porque na hora de discutir um contrato em valores altíssimos eles têm responsabilidade, e porque não agora abolir a concentração? - questionou.
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