Parceiro de Ademir, Dudu comemora centenário: "Anos de dedicação"

11/8/2014 08:40

Parceiro de Ademir, Dudu comemora centenário: "Anos de dedicação"

Terceiro atleta que mais vezes vestiu a camisa do Palmeiras, ex-volante relembra carreira marcante no Verdão

Parceiro de Ademir, Dudu comemora centenário:

As duas Academias do Palmeiras tiveram um meio de campo tão entrosado que os dois atletas que carregavam o time alviverde nas décadas de 1960 e 1970 ficaram praticamente conhecido como um nome composto.



Mas para ser marcante e criar uma das mais belas identidades da história do clube, uma alteração se fez necessária: saiu Olegário Tolói de Oliveira, garoto humilde do interior de São Paulo, e entrou Dudu, o volante incansável. E assim a escalação alviverde ficou eternizada com Dudu e Ademir.





Dudu, com a camisa do Palmeiras, na Academia de Futebol (Foto: Sergio Gandolphi)



Nascido em Araraquara (SP), Dudu começou sua carreira profissional na Ferroviária no fim da década de 1950. Destaque da equipe que terminou na terceira colocação do Campeonato Paulista de 1959, o meio-campista técnico, voluntarioso e que chegava constantemente ao ataque despertou o interesse de grandes clubes do Brasil, mas permaneceu no clube do interior para, em 1964, acertar com o Palmeiras e dar o maior – e último – passo da sua importante carreira no futebol.



– Antes de vir para o Palmeiras, eu quase fui para o Flamengo. Cheguei na sede do clube, mas acabou não dando certo. Quase fui para o Santos e também não deu certo.



Acho que certos clubes estão na vida da gente. Eu tinha que vir para o Palmeiras. Um pouco por causa da minha nacionalidade. Meu avô era italiano.



Isso praticamente me puxou para cá. Tive momentos de muita alegria no Palmeiras, e não sei se teria o mesmo sucesso em outro clube – conta o ex-jogador, hoje aos 74 anos.



– Chegando aqui, eu me senti à vontade, a diretoria me recebeu com muita dedicação, os jogadores me receberam muito bem. Naquele tempo, o time tinha atletas de muita qualidade, como Djalma Santos, Djalma Dias, Vavá, Julinho Botelho, Ademir... E aqui eu fiquei por 12 anos. Não é fácil ficar tanto tempo num clube grande como o Palmeiras – completa.





Dudu relembra sua época de jogador do Palmeiras (Foto: Sergio Gandolphi)





Mas, para dar certo em um time recheado de craques, Dudu precisou se sacrificar para fazer parte daquele time que anos depois ficaria marcado como a primeira Academia do Verdão. Os avanços ao ataque relembrando os tempos de meia e ponta ficariam para o passado com um único objetivo: completar o meio de campo e dar segurança para o seu novo parceiro, Ademir da Guia.



– Eu era um volante versátil e jogava solto na Ferroviária, fazia muito gol. Como era um time do interior, não tinha problema nenhum. Mas no Palmeiras tinha um craque em cada posição. E você tinha de fazer o seu papel dentro de campo.



Então eu precisei mudar minha característica de jogo para poder jogar com o Ademir. Ele já era campeão e veterano aqui no Palmeiras. Então eu fiquei mais fixo, procurando me aperfeiçoar em cobertura e marcação. Senão não ia casar com o Ademir. E foi aí que deu certo. Eu precisei sacrificar o futebol que eu sabia fazer em benefício da equipe. No fim acabou sendo um benefício para mim também – relembra.



Incansável na marcação e com um espírito guerreiro que contagiava os companheiros, Dudu foi peça fundamental nas duas Academias. Tanto que, sob o comando principalmente de Filpo Nunez e Oswaldo Brandão, ele fez 609 jogos com a camisa do Palmeiras.



Os 25 gols marcados em 12 anos de clube deixam claros o papel tático que desempenhava em campo. “Carregador de piano” do Verdão, o volante dava liberdade para Ademir se aproximar dos atacantes e fortalecia o sistema defensivo.





Dudu é o terceiro de pé, da esquerda para direita, entre Leão e Luis Pereira (Foto: Arquivo / Agência Estado)



Homem de confiança dos companheiros e da comissão técnica, ele sempre queria estar dentro de campo. Até mesmo quando não tinha condições. Em um dos diversos episódios marcantes da sua carreira no clube, Dudu recorda com detalhes a decisão do Campeonato Paulista de 1974. Após uma violenta cobrança de falta de Rivellino, a bola acertou em cheio o rosto do palmeirense.



– Levei uma bola no rosto e caí desmaiado. Mas logo o Brandão conseguiu me acordar. Eu fiquei dois minutos desacordado e, voltando ao normal, entrei em campo para jogar sem medo. Para mim aquilo foi uma coisa comum, e acho que deu um pouco de força para o resto da equipe para buscar a vitória – conta.



Coincidência ou não, o Palmeiras chegou ao gol da vitória com Ronaldo, aos 24 minutos do segundo tempo. Por tudo o que envolvia a partida – o Corinthians completou naquele ano 20 anos sem títulos –, os jogadores daquela época citam o título paulista de 1974 como o mais marcante da geração.



Experiência como técnico



Em 1976, Dudu pendurou as chuteiras e passou a integrar a comissão técnica palmeirense, na época comandada por Dino Sani. Apesar da pouca experiência no novo cargo, o agora auxiliar técnico foi convidado para deixar o time sub-20 e assumir o plantel profissional durante o Campeonato Paulista do ano.



Com a demissão de Dino Sani, os palmeirenses apostaram no bom relacionamento de Dudu com os atletas para fazer o time retomar a boa fase na temporada. A tática deu tão certo que o Verdão, além de se recuperar no torneio, acabou faturando o título estadual daquele ano, em decisão disputada contra o XV de Piracicaba, no Palestra Italia.



– Eu não queria ainda porque achava que era muito cedo, mas como a gente gosta do clube eu fui como treinador; O Palmeiras vinha de alguns tropeços, quando me deu a ideia de colocar o Pires de volante, procurando acertar melhor a equipe.



Ele entrou no time e deu mais proteção para a defesa, deixando o Ademir mais livre para atacar. A equipe teve um equilíbrio e dali partiu com algumas vitórias seguidas e conseguimos ser campeão – afirma.



Morador do bairro de Sumaré, próximo ao antigo estádio Palestra Italia, desde os tempos em que era jogador, Dudu mantém a rotina atualmente trabalhando com futebol e acompanhando jovens talentos do Grêmio Esportivo Campo Grande, clube do bairro de Santo Amaro, na capital paulista.





Dudu é um dos maiores ídolos da história do Palmeiras (Foto: Sergio Gandolphi)



Mas bastou colocar o pé na rua, ou almoçar acompanhado pela família na sede social do Palmeiras para que a Academia volte a ser tema de conversa ou recordação em bate-papos com amigos ou torcedores desconhecidos.



– É uma coisa bem corriqueira as pessoas virem falar comigo. Eu me sinto contente de ter mostrado junto com os meus companheiros. O Palmeiras não teve apenas Dudu e Ademir, teve grandes jogadores ao nosso redor. Isso que manteve a equipe na frente dos outros clubes e sempre campeão. Isso foi muito importante – diz.



– O Palmeiras representou tudo na minha carreira. Até hoje eu vivo praticamente em função do Palmeiras, por aquilo que o clube me deu e pelo o que eu fiz. Isso enche o coração de alegria. Fui muito dedicado ao Palmeiras. Isso é motivo de grande alegria.



Talvez por isso o pessoal tenha esse carinho por mim. Deixei tudo na minha vida e fiz tudo em benefício do clube – finaliza o ex-volante.











15468 visitas - Fonte: Ge

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