Lá se vão 98 dias desde que o Palmeiras demitiu Gilson Kleina. Durante esse período, o treinador fugiu o quanto pôde das entrevistas, preocupado em evitar polêmicas e temeroso em não receber os R$ 600 mil a que tinha direito pela rescisão – isso, é claro, se não se empregasse nos três meses seguintes.
O tempo passou, Kleina recusou três ofertas e, desde segunda-feira, ele está de volta ao mercado. “Esperei esses três meses, descansei um pouco e agora quero retomar minha carreira”, admite o curitibano, que pode ser anunciado nas próximas horas como novo comandante do Bahia.
Nesta entrevista exclusiva, a primeira desde que foi despedido, ele revelou que o Palmeiras ainda não depositou a última parcela da rescisão, se disse surpreso com a má fase do time no Brasileirão, elogiou a contratação de Gareca e assegurou que a perda de Alan Kardec interferiu demais no desempenho da equipe. Confira:
BLOG: Você foi demitido pelo Palmeiras há mais de três meses. É verdade que ainda não se empregou para poder receber pela rescisão com o seu antigo clube?
GILSON KLEINA: Eu tive algumas propostas durante esse período, mas sempre joguei claro com os clubes. Havia um dinheiro a receber do Palmeiras, então, essa questão acabou dificultando o acordo.
A terceira e última parcela que o Palmeiras lhe deve venceu na segunda-feira. O clube já fez o pagamento?
Ainda não. Mas estou imaginando que pagará logo. As duas primeiras parcelas também acabaram atrasando alguns dias.
Quando pretende voltar ao mercado?
O mais breve possível. Agora, estou liberado. Há uma negociação em andamento, mas não dá para saber se dará certo.
Como vê a fase do Palmeiras, a dois pontos da lanterna da Série A?
Vejo com tristeza, porque deixei muitos amigos lá (o Palmeiras era o 14º quando Kleina foi demitido, também a dois pontos da zona da degola). A verdade é que a cobrança lá é muito forte e, se não houver tranquilidade, os resultados dificilmente aparecerão.
Ficou mágoa de alguém?
Mágoa, não. Sou obrigado a admitir que tinha o objetivo de terminar o ano no Palmeiras. A gente ficou bem perto de ganhar o Paulistão, o que mudaria toda a situação. Eu tinha o comando dos atletas, tanto que, depois do rebaixamento, em 2012, não perdi duas partidas seguidas, por exemplo.
Que análise faz do trabalho do Gareca?
Acho que o Palmeiras fez bem em apostar em uma outra linha, de um técnico argentino, com currículo vitorioso… Mas essa transição nunca é muito simples.
Por que o Palmeiras, que quase foi campeão paulista, caiu tanto?
A saída do Alan Kardec foi um baque geral. Ele era muito importante dentro de campo, para os companheiros de time e para a torcida. Logo, ele viraria ídolo da torcida. Falando sobre o Paulista, até hoje ainda não me conformei com o fato de não termos ganho aquele campeonato. Demos muito azar na partida contra o Ituano, perdendo cinco jogadores. Se não, o título seria nosso.
4791 visitas - Fonte: Diário de SP/Jorge Nic