É quase uma tradição nas famílias alviverdes. Quem nasceu depois dos anos 80 cresceu ouvindo histórias daqueles times do Palmeiras que marcaram época nas décadas de 1960 e 1970. “Você não tem ideia o que foi a Academia”, diziam pais e avôs.
Para apresentar a formação que os torcedores mais antigos declamam até hoje ao pé da letra com um orgulho inabalável após mais de 40 anos, e relembrar algumas das diversas passagens marcantes daquele esquadrão na centenária história alviverde, o GloboEsporte.com conversou com os principais personagens da Academia.
Na década de 1960, coube a um argentino montar o primeiro esquadrão. Com craques como Valdir Joaquim de Moraes; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Geraldo Scotto; Dudu e Ademir; Julinho Botelho, Servílio, Tupãzinho e Rinaldo, sem se esquecer de outros tão importantes quanto Vavá, Ademar Pantera, Ferrari, Minuca e Zequinha, o técnico Filpo Nuñez se eternizou na história alviverde como o “pai” da Academia.
A conquista do Torneio Rio-São Paulo de 1965, e o amistoso disputado pelo Verdão representando a seleção brasileira no mesmo ano, contra o Uruguai, no Mineirão, marcam aquela geração.
Primeira academia do Palmeiras representou a seleção brasileira em amistoso contra o Uruguai, em 1965 (Foto: Reprodução)
– Aquele time do Palmeiras tinha a felicidade de escolher jogadores. E como o Palmeiras era uma grande equipe todos queriam jogar lá – afirmou Valdir Joaquim de Moraes, que também participou da segunda Academia, mas como preparador de goleiros.
– Mais ou menos comparando com o que o Barcelona estava fazendo com o Guardiola, tocando a bola e permanecendo com a posse de bola por quatro ou cinco minutos com a bola no pé, era o que nós fazíamos. O Palmeiras ficou conhecido como Academia por causa disso – completou Dudu, volante das duas formações.
Anos mais tarde, e com estilo completamente diferente, Oswaldo Brandão foi o escolhido para marcar a renovação da equipe. Agora com Leão, Luis Pereira, César e Leivinha, mas com o meio de campo mantido com Dudu e Ademir, o Palmeiras conquistou quase tudo o que disputou na década de 1970.
Em pé: Eurico, Leão, Dudu, Luis Pereira, Alfredo e Zeca. Agachados: Edu, Leivinha, César, Ademir e Nei. A formação do Palmeiras da década de 1970 ficou conhecida como a segunda Academia (Foto: Arquivo / Agência Estado)
Confira o depoimento dos craques que marcaram época no time da década de 1970 explicando o que foi a Academia palmeirense:
EMERSON LEÃO – 617 jogos (326 vitórias, 188 empates e 103 derrotas)
"A Academia nada mais era que a repetição de uma mesma escalação. Uma coordenação positiva dos conhecimentos de tática e de companheirismo, além de uma confiança mútua. Eu sabia o que o meu zagueiro ia fazer, quando ele ia cabecear para trás, quando eu ia participar, quando eu não devia participar. Nós nos conhecíamos por olhares. Lógico que tínhamos umas discordâncias às vezes, mas isso fortalecia também. O que jogamos hoje não é futebol, é outro esporte. Antigamente era mais bola. Hoje em dia o jogador passa 70% dentro da academia e 30% com a bola.
Leão lançou uniforme com listras horizontais na década de 1980 (Foto: Sergio Gandolphi)
O Palmeiras ganhava muito porque merecia ganhar muito. Tínhamos adversários maravilhosos como São Paulo, Portuguesa, Corinthians, tinha o Santos de Pelé, mas ganhávamos. Teve um ano que foi exceção - o Palmeiras não ganhou apenas um campeonato, mas todos. Em 1972 nós ganhamos cinco títulos. O time estava todo coordenado. Os treinadores eram calmos também. Eles iam falar o quê? Acabou o jogo? Parabéns. Era isso. Jogava no norte, no sul, era tudo igual. Não tinha diferença. Era uniforme a maneira de jogar do Palmeiras.
Chegou uma época em que estávamos tão confiantes que nós já sabíamos que íamos ganhar. Só não sabíamos de quanto íamos ganhar. É difícil confessar, mas é verdade. Isso não era prepotência, era certeza de que por tudo o que fazíamos nós merecíamos ganhar. Eu me lembro que alguns presidentes pediam opinião para nós depois de títulos e perguntavam o que o time precisava. Era um ponta, um atacante? Escolhiam o melhor e iam lá e compravam na hora. Não estavam satisfeitos com o bom, queriam o melhor. Não estavam satisfeitos com o melhor, queriam o excelente. Não estavam satisfeitos com o excelente, queriam o maravilhoso. E depois, vai pra onde? Para a Academia".
EURICO – 467 jogos e quatro gols (265 vitórias, 131 empates e 71 derrotas)
"Era um time muito bem armado. Nós tínhamos vários jogadores que desequilibravam. O conjunto era muito bom porque ficamos muito tempo juntos. Tinha Ademir, Leão, Luis Pereira, Zeca, eu, Dudu, Ademir, César, Nei, Edu. Tinham outros jogadores que estavam no grupo também como Arouca, Fedato, João Carlos. O grupo era muito bom. O Pelé estava parando, então não dava para falar muito dele porque ele era outra história (risos). Dudu e Ademir eram muito bons no meio de campo, ficava fácil jogar com eles. Os dois estavam sempre ajudando, marcando, isso sem falar da habilidade que o Ademir tinha. E o Leivinha com o César resolviam lá na frente. Eu sou palmeirense e tenho uma família grande aqui com a maioria palmeirense, filhos, netos, sobrinhos. E sempre aparece algum torcedor mais antigo para falar desse time".
LUIS PEREIRA – 568 jogos e 35 gols (283 vitórias, 193 empates e 92 derrotas)
"Nós tínhamos uma equipe muito unida, todos nós nos conhecíamos muito. Foi um time praticamente refeito em 1968 e 1969 para começar a colher os frutos em 1970. Era uma equipe unida, batalhadora, que se entregava muito. E tínhamos uma tranquilidade grande por ter um grande treinador como o Brandão. Foram 11 anos na minha vida, não foram 11 dias. Teve a época do Santos do Pelé e depois veio a época do Palmeiras. Foi uma época muito importante. Todo o palmeirense e todo jornalista conhecia a escalação do Palmeiras, que era Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Nei. E tinha Madurga, Pio e outros.
Era um time que vestia a camisa do Palmeiras com pele. O mais especial daquele time era a dupla de meio de campo: Dudu e Ademir. Eles já tinham jogado juntos em vários momentos do Palmeiras e tinham um respeito muito grande do grupo. Os dois foram muito marcantes. Existia amizade e respeito. Uma das peças mais importante era o César, que era brincalhão. Um estilo carioca que chegou em São Paulo e mostrou um futebol brilhante. O que define o Palmeiras é a esperança do verde e o branco da paz. O Palmeiras sempre foi e sempre será grande. Eu sempre levei comigo uma coisa que eu aprendi com a torcida. O Palmeiras não é melhor, o Palmeiras não é pior, o Palmeiras é diferente".
ALFREDO – 303 jogos e seis gols (167 vitórias, 98 empates e 38 derrotas)
"Vi até o Falcão falando sobre isso. Ele estava conversando sobre a carreira dele como jogador e treinador e citou a Academia do Palmeiras como referência. Naquela época jogava Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo, Zeca, Dudu, Ademir, Edu, Leivinha, César e Nei. Depois de tanto tempo as pessoas se lembram, infelizmente alguns diretores atuais se esquecem. Mas qualquer torcedor palmeirense, principalmente os de 50 anos, falam essa escalação inteira. Isso dá muita satisfação. Naquela época jogávamos em campo com buraco, fazíamos infiltração, e hoje em dia o atleta não joga por causa de gripe. Nós tínhamos um time unido. E aprendi isso na Seleção. Na Copa do Mundo de 1974, o Zagallo não cumprimentava os jogadores, tinha o grupo dos cariocas, dos mineiros e dos paulistas. E o Palmeiras era totalmente ao contrário. Os jogadores frequentavam a casa um do outro. Em 1972 nós disputamos cinco títulos e ganhamos todos. E nós queríamos jogar porque sabíamos que nós poderíamos perder a vaga caso outro entrasse. Eu entrei no lugar do Polaco num torneio em Mar Del Plata e não saí mais. O nosso time não dava muita goleada, mas se fizéssemos 1 a 0 dificilmente perderíamos ou até empataríamos".
ZECA – 389 jogos e sete gols (218 vitórias, 114 empates e 57 derrotas)
"Era uma equipe nova formada pelo Oswaldo Brandão com a experiência do Dudu e do Ademir, que tinham ficado da primeira Academia. O time era jovem e cheio de vontade que só deu alegrias aos palmeirenses. A equipe tinha um padrão de jogo e se baseava no ritmo do Ademir. A grande sequência fez também com que esse conjunto ficasse perfeito e resultasse em tantos títulos. Quando eu cheguei ao Palmeiras, conversei com o Valdir de Moraes e ele disse que se eu desse espaço outro entraria no meu lugar. O grupo era muito bom, e os craques se equilibravam.
Em 1973 eu joguei todas as 76 partidas do Palmeiras no ano. Ter feito parte desse time é o maior orgulho da minha vida. Trabalhei nas comissões do Felipão e do Espinosa no Grêmio, ganhei muitos títulos, mas a minha maior glória foi ter jogado no Palmeiras. Hoje, depois de tanto tempo, todo mundo ainda fala desse time, até aqui em Porto Alegre onde eu moro. As pessoas me contam que tinham times de botão da Academia. Para nós que participamos da Academia é motivo de muito orgulho ser reconhecido até hoje. Gostaria de ser lembrado e de participar do centenário do Palmeiras, da inauguração da Arena. Isso seria a minha maior satisfação".
DUDU – 609 jogos e 25 gols (340 vitórias, 160 empates e 109 derrotas)
Dudu formou dupla histórica ao lado de Ademir da Guia no Verdão (Foto: Sergio Gandolphi)
"Se não me engano nós vencemos o Rio-São Paulo em 1965 quando o time foi designado como a primeira Academia, do Filpo Nuñez. Depois os outros títulos nacionais vieram com a segunda Academia, do Oswaldo Brandão, quando nós tínhamos uma equipe muito boa, com Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Nei. E aí entrava o Fedato, Arouca, João Carlos... Foi uma façanha muito bonita porque éramos uma equipe coesa, com muita amizade e união. Nós tínhamos uma condição técnica tão boa que nós ficávamos com a bola no pé muito tempo. Isso dava confiança para nós e deixava o adversário muito preocupado. E nós nos aproveitávamos disso.
Na primeira Academia, montada pelo Filpo Nunez, os jogadores já estavam aqui. Ele orientou e definiu um estilo de jogo em que nos adaptamos rapidamente. Como a equipe tinha praticamente dois bons jogadores por posição, foi fácil assimilar aquilo que ele queria. Nós entramos no Rio-São Paulo contra as melhores equipes que tinham naquele momento. E nós íamos para o Rio de Janeiro e goleávamos os times de lá. Aquilo começou a despertar a curiosidade. Nós estávamos praticando um futebol com uma condição técnica muito boa. Foi quando a crônica passou a chamar o Palmeiras de Academia.
A segunda foi com o Brandão. Ele contratou alguns jogadores e foi colocando aos poucos o esquema de jogo dele para que nós nos adaptássemos e sentíssemos facilidade em fazer aquilo que ele queria. A equipe foi se encorpando e mostrando qualidade tanto na defesa, quanto no meio de campo e ataque. E assim fomos de vitória em vitória. Tecnicamente as duas eram muito boas, mas a primeira durou apenas um ano. A segunda durou quatro, com muitos títulos e marcou mais, mas não que ela seja melhor".
ADEMIR – 900 jogos e 153 gols (509 vitórias, 243 empates e 157 derrotas)
Ademir da Guia, com a faixa de campeão paulista pelo Palmeiras, em 1974 (Foto: Agência Estado)
"A primeira Academia surgiu no Rio-São Paulo. Nós jogávamos no Maracanã contra as equipes do Rio e eles lá diziam que nós mostrávamos um futebol acadêmico com gols, com bons resultados. Por isso surgiu esse apelido. Nós vencemos alguns campeonatos, como em 163 e 1966. Senão o Santos teria sido campeão direto.
A segunda Academia jogou mais tempo junto. Em 1972 nós conquistamos os cinco títulos que disputamos. Essa equipe, Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Nei, que tinha ainda o Ronaldo e Fedato que entravam, ficou marcada porque jogou mais tempo junta e conseguiu mais conquistas. Ela deu mais alegria ao nosso torcedor. O esquema em que nós jogávamos era o 4-2-4, que tinha quatro atacantes e quatro jogadores atrás.
Eu tinha a função de ser o meia armador, mas essa função muitas vezes com que eu voltasse para marcar. Eu tinha essa condição de chegar nas duas áreas. Não tinha um chute muito forte, era mais técnico, tanto que praticamente todos os meus gols foram dentro da área, eu tinha de ter essa condição física para ajudar o Dudu. Tinha de ir e voltar durante os 90 minutos, fazer tabela na frente, voltar para marcar, era um trabalho grande. A Academia entrava sempre favorita. Os jornais e as rádios falavam isso".
EDU – 472 jogos e 75 gols (248 vitórias, 155 empates e 69 derrotas)
"A Academia era uma união de todos os jogadores, que tinham como objetivo manter a amizade e dar título aos torcedores. Todos os atletas se davam bem, desde o porteiro até o massagista, médico, preparador físico, treinador e diretor. A partir de momento em que você se une todos ganham um prestígio maior. Eu me sinto orgulhoso de ter feito parte desse time. É legal andar na rua e ser reconhecido por todas as torcidas, não apenas pelos palmeirenses. Eu posso andar de cabeça erguida pelos dez anos em que eu joguei no Palmeiras. Fiz grandes amizades que eu mantenho contato até hoje. E esse respeito é mútuo. Eu só tenho a agradecer por ter ganhado a cadeira cativa no novo estádio e por ter vestido a camisa do Palmeiras. O clube me dá essa condição de ser hoje por tudo o que nós fizemos naquele time.
Todos que participavam daquele time foram importantes, tanto os que jogavam como os que ficaram no banco. Dudu e Ademir eram 50% do time, os outros estavam para ajudar. Até hoje somos cumprimentados na rua e a primeira coisa que os torcedores falam é a escalação. Tinham coisas ruins também, mas passávamos por cima de tudo. Nossa equipe era bem formada, bem treinada e bem dirigida. E antes da nossa teve outra Academia, de Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Ferrari, Carabina, Zequinha, Dudu, Ademir, Julinho, Servílio, Rinaldo, Tupã, Dario, Vavá... Era muita gente para um time só (risos)".
LEIVINHA – 263 jogos e 105 gols (156 vitórias, 78 empates e 29 derrotas)
Leivinha também foi homenageado com uma cadeira cativa na Arena (Foto: Felipe Zito)
"Cheguei com o Palmeiras disputando a Libertadores. Não estava inscrito e não joguei. Aquela equipe estava sendo formada e tive a sorte de participar de um grande time. O Brandão teve a oportunidade de ter em mãos um time, que além de ser bom, dificilmente tinha problema de lesão.
O Palmeiras tinha um elenco bom, mas praticamente jogava a mesma equipe e por isso o entrosamento era muito grande. E entrávamos sempre disputando títulos. Já se passaram mais de 30 anos e somos lembrados até por torcedores de outros times por aquela formação: Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Nei. É incrível isso. Quando eu era garoto adorava o ataque do Santos. Mas para lembrar a escalação inteira é muito difícil, e não vejo isso em outra equipe.
Para mim é motivo de muito orgulho ter participado de uma verdadeira seleção. O Palmeiras foi a equipe mais importante que eu pude jogar. Joguei no Atlético Madrid, fui campeão espanhol, joguei na Portuguesa, no Linense, fiquei apenas quatro meses no São Paulo porque me machuquei e depois parei de jogar. Mas o clube que me marcou mais foi o Palmeiras pelos títulos que eu conquistei e pela equipe que eu joguei. Hoje posso dizer que sou torcedor e gosto do Palmeiras. Ter participado da história do clube é motivo de muito orgulho e satisfação".
CÉSAR – 324 jogos e 180 gols (170 vitórias, 91 empates e 63 derrotas)
César Maluco é o segundo maior artilheiro da história do Palmeiras (Foto: Sergio Gandolphi)
"Eu vim para o Palmeiras em novembro de 1966 e o Aymoré me colocou de centroavante. O Tupãzinho teve um estiramento muscular e o técnico me colocou. Ele me disse que não ia falar nada, só me mandou fazer o que estava acostumado e ir pra cima. Mas eu não jogava de centroavante. Cheguei aqui e tive muito carinho. Eles torciam por mim. O Tupãzinho me dava muito apoio. Não existia ciúme, um torcia pelo outro.
Eu já cheguei agitando correndo muito. Tanto que meu apelido da primeira Academia era Leão. Eu sentia um amor, não senti que tinha gente contra mim. Eles queriam ver o César vencer. O Palmeiras da Academia era um time disciplinado, vencedor, que não brincava. Se o treino tivesse duas horas eram duas horas de trabalho. Treinamento de manhã e à tarde. Era uma briga porque quem era titular não gostava de sair. Quem ficava gripado queria se curar logo para não sair do time. Tanto é que o apelido do Valdir é manco até hoje, porque até mancando ele jogava (risos). Tinha o Maidana para entrar no lugar dele. O nosso objetivo era vencer apenas. Tive a sorte de jogar na primeira Academia. Não participei daquele time que jogou pelo Brasil em Minas. Mas era um time que tinha muitos jogadores de nome. Djalma Santos era o comandante. E a diretoria transmitia isso para gente. Delfino Facchina, Ferrucio Sandoli, Arnaldo Tirone. Eles transmitiam vitória e só vitória. Premiação sempre após o jogo, pagamento em dia, contrato só de um ano, começando em janeiro e terminando em dezembro para todos.
Nós víamos os presidentes de seis em seis meses. Só aparecia antes de final ou algum clássico importante. As duas Academias tinham o mesmo estilo. Fazia 1 a 0 e não perdia mais. Tocava a bola, se pudesse fazer o segundo gol fazia, mas não dava chance. Tanto é que Santos e Palmeiras dominavam. O Santos até 1965 e depois quem dominou foi o Palmeiras".
NEI – 489 jogos e 72 gols (255 vitórias, 153 empates e 81 derrotas)
"O que fazia aquela equipe ser tão vitoriosa era o conjunto. Claro que nós tínhamos um grande craque como o Ademir, mas o time jogou quatro anos juntos praticamente. Ninguém era suspenso ou tinha contusão. O conjunto era tão bom que a preleção do Brandão durava cinco minutos apenas.
Leão, Edu, César e Nei ganharam cadeiras cativas no novo estádio do Palmeiras (Foto: Felipe Zito)
Nós já sabíamos o que ele ia pedir para nós fazermos dentro de campo. O time se conhecia e sabia em que posição cada jogador ia estar. Quando eu fazia um cruzamento eu sabia que o Leivinha ia estar na segunda trave para cabecear, com o César mais no meio. Às vezes na primeira trave entrava o Ademir. Tanto que o time só caiu um pouco quando o Leivinha e o Luis Pereira foram vendidos para a Espanha. Mesmo assim fomos campeões em 1976. Eu tinha uma facilidade para driblar e cruzar, essa era a minha função. E o time deixava espaço para eu ir até a linha de fundo. Do outro lado tinha o Edu Bala, que nós sabíamos que ele ia ganhar na corrida. Essas jogadas eram mortais.
Era fácil de jogar e tocar a bola, com o Dudu comandando. Além dos nossos atacantes, o Luis Pereira também aparecia e tinha liberdade para atacar. Os laterais ficavam mais fixos e dificilmente passavam o meio de campo, e ele tinha habilidade para sair com a bola pelo meio. O que impressiona é que até os rivais falam a escalação certinha do Palmeiras daquela época. Quando nós sabíamos na frente o adversário se fechava para não tomar mais. Por tudo isso eu ganhei uma cadeira no estádio novo. Não tem nada melhor do que ser homenageado em vida. Meu nome vai ficar pra sempre na história do clube, e esse é o maior título".
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