Roberto, Fernando Prass e Dida: líderes do Bom Senso F.C(Foto: Carlos Augusto Ferrari/GloboEsporte.com)
A criação de uma entidade reguladora foi a principal proposta do Bom Senso F.C. para colocar em prática o fair-play financeiro, um dos pontos que encabeçam a lista de sugestões do movimento para melhorar o futebol brasileiro. O princípio é obrigar os clubes a não gastarem mais do que arrecadam.
Em estatística apresentada no seminário na manhã desta terça-feira, afirmou-se que o endividamento líquido dos 24 maiores clubes do Brasil chegou a R$ 4,7 bilhões em 2012. Pedro Daniel, consultor de conteúdo do Bom Senso, disse que o cenário é preocupante, mas que vê potencial para o Campeonato Brasileiro se tornar o maior do mundo.
- A entidade reguladora não serviria para punir ninguém, mas sim para garantir que os clubes não quebrem. O jogo limpo financeiro é uma proteção aos clubes. Alguns estão financeiramente falidos.
A adesão das equipes ao programa seria voluntária, e elas teriam de atender a normas. Nos primeiros dois anos, seu déficit não poderia exceder 10% de suas receitas. O número cairia para 5% no terceiro e no quarto ano. A partir do quinto, o clube teria de trabalhar sem déficit. É o que o Bom Senso considera "período de adaptação", que também foi implantado na Europa, modelo básico do projeto apresentado.
Alguns prejuízos, entretanto, poderiam ser perdoados. Seria o caso da construção de um centro de treinamento para as categorias de base, por exemplo. O movimento quer encorajar esse tipo de investimento.
O custo do futebol também não poderia ser superior a 70% da receita total do clube. Como exemplo, o consultor citou a Bundesliga (liga alemã), que usa 51% das receitas no futebol. Segundo ele, a entidade ainda daria bonificações a clubes que apresentassem variadas fontes de receitas.
O órgão a ser criado garantiria ainda o cumprimento de todos os contratos de trabalho, impedindo, por exemplo, que um time contratasse um jogador se algum atleta ou funcionário estivesse com salários atrasados. Os dirigentes passariam a ser responsabilizados durante suas gestões, as demonstrações financeiras seriam padronizadas para evitar lavagem de dinheiro e haveria a oferta de cursos profissionalizantes para envolvidos, como jogadores e cartolas.
Clubes menores, com faturamento inferior a R$ 5 milhões ou sem demonstrações financeiras, estariam isentos de cumprirem alguns itens do regulamento.
Haveria penalidades aos clubes que não cumprissem as exigências, desde um mero aviso, passando por reprimendas, multas, perda de pontos e até exclusão de competições em andamento e na temporada seguinte.
A ideia é que essa entidade não tenha vínculo nem com a CBF nem com o governo. Porém, ambos teriam representantes num comitê de sete pessoas, cuja formação ainda está sendo estudada. De acordo com o consultor, o custo inicial da entidade nos primeiros 18 meses seria de R$ 3 milhões. A partir de 2016, ela custaria anualmente mais R$ 3,2 milhões. São 26 funcionários no planejamento.
4863 visitas - Fonte: GE