Foto cedida à Gazeta Esportiva pela família Paolillo mostra o campo do Parque Antártica nos anos 1920
A tradicional família Matarazzo foi intimamente ligada ao Palestra Itália, principalmente no começo do clube. Para comprar o Parque Antártica, terreno no qual atualmente a construtora WTorre trabalha para concluir a nova arena, a agremiação contou com a ajuda do empresário Francisco Matarazzo, aclamado como presidente honorário perpétuo.
Na virada do século XIX, a Companhia Antártica Paulista criou um parque para oferecer opções de lazer aos funcionários. O espaço de 300 mil metros quadrados abrangia uma vasta área verde, com lago, restaurantes, choperia e instalações esportivas, como pista de atletismo, quadras de tênis e um dos primeiros campos de futebol de São Paulo.
Com a modalidade em desenvolvimento no começo dos anos 1900, a empresa passou a alugar o campo para alguns clubes. Neste contexto, o Germânia, fundado por Hans Nobiling, começou a mandar suas partidas no Parque Antártica. No dia 3 de maio de 1902, o time de origem alemã perdeu por 2 a 1 do Mackenzie College na abertura do primeiro campeonato oficial do Brasil, o Paulista.
O Germânia diminuiu suas atividades durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e repassou o contrato de locação para o extinto América, clube fundado por Belfort Duarte. A agremiação, em situação financeira delicada, sublocava o espaço para outras equipes. Desta forma, no ano de 1917, o Palestra Itália começou a mandar seus jogos na área.
Em 1920, respaldado pelas Indústrias Matarazzo, o clube comprou o campo de futebol e grande parte do terreno do Parque Antártica por 500 contos de réis, uma verdadeira fortuna à época.
O Palestra Itália, então presidido por Menotti Falchi, se comprometeu a pagar metade do valor à vista e o restante em duas prestações anuais de 125 contos de réis.
O contrato, firmado no dia 27 de abril de 1920, estabeleceu uma longa exclusividade aos produtos da Antártica, encerrada apenas em 2003. Na primeira partida como legítimo proprietário do estádio, disputada no dia 16 de maio de 1920, o Palestra Itália venceu o Mackenzie College por 7 a 0, gols de Caetano (3), Heitor (2), Fabbi e Imparato.
Com dificuldades para pagar a última parcela da compra do Parque Antártica, o clube contou com a boa vontade do conde Francisco Matarazzo, que adquiriu parte do terreno por 187 contos de réis. Aos poucos, o clube passou a investir em grandes reformas. Em 13 de agosto de 1933, venceu o Bangu por 6 a 0 na abertura do Stadium Palestra Itália, com arquibancadas de concreto.
No mesmo período, a sede social do clube foi transferida do centro da cidade para o entorno do estádio. Em 1942, ano em que acabou obrigado a mudar de nome para Palmeiras, já que o Brasil entrou na guerra ao lado dos Aliados, os palestrinos precisam defender o patrimônio, cobiçado por outros clubes - o São Paulo, refundado em 1935, seria um deles.
No final da década de 1950, uma nova e profunda reforma resultou no Jardim Suspenso, com os vestiários no subsolo. A reinauguração ocorreu no dia 7 de setembro de 1964, uma vitória por 2 a 0 sobre o Guaratinguetá. De 1967 a 1974, o centroavante César Maluco brilhou com a camisa do Palmeiras e se acostumou a comemorar seus gols diante da torcida.
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“O Palestra Itália nunca vai sair da memória”, diz César Maluco à Gazeta Esportiva, enquanto observa as obras da arena. “Sinto saudades, porque só tive alegrias aqui. Eu praticamente comandava a torcida de dentro do campo. Fazia gol e saía para a torcida, jogava a camisa para o torcedor. Era uma festa, era o meu quintal de casa. Eu brincava aqui dentro”, completa o ex-jogador, saudoso.
A partir da década de 1990, o Palmeiras fez diversas obras pontuais em seu estádio. Depois de alguns projetos e maquetes mirabolantes, a construção da nova arena finalmente começou. O estádio, fechado desde 2010, deve reabrir ainda em 2014. “Tem que ser tudo moderno agora, né? Já não é mais o Jardim Suspenso. Isso aqui é um gigante, um monumento”, constata César Maluco.
Ao longo de seus 100 anos, o clube foi campeão paulista, do Rio-São Paulo, da Copa Mercosul e da Libertadores da América dentro de casa.
O estádio abrigou triunfos históricos, como a goleada por 5 a 1 sobre o Santos de Pelé em 1959, os 6 a 1 contra o Boca Juniors em 1994 e os 4 a 2 diante do Flamengo em 1999, além dos 8 a 0 contra o arquirrival Corinthians em 1933, maior derrota da história do adversário. Ansiosos, os torcedores aguardam pela reabertura do palco.
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