Emerson Leão, um dos ídolos da histórica Academia de Futebol (Foto: Eduardo Viana/LANCE!Press)
Emerson Leão é, por definição própria, um filho do futebol. Ex-goleiro e hoje técnico desempregado, se vê como um parente próximo do Palmeiras, clube que considera um bom lar. Pudera: nasceu em família alviverde, conheceu sua esposa graças ao Verdão e cansou de ganhar títulos. Com 617 jogos, só fica atrás de Ademir da Guia e seus 901.
- Estive no Palmeiras recentemente e encontrei alguns membros da diretoria, conselheiros. Eram os meninos que ficavam lá enquanto eu estava treinando, e eles não acreditaram que eu lembrei deles, com os apelidos. Essa era a família que ficava no Palmeiras - disse.
Expoente da famosa Academia de Goleiros, Leão chegou ao clube em 1969, vindo do Comercial de Ribeirão Preto, cidade onde nasceu há 65 anos.
O contrato era de risco, válido por três meses, mas sua primeira passagem só chegou ao fim em 1978. Ganhou o Robertão de 1969, o bicampeonato brasileiro em 1972 e 1973 e quatro estaduais.
- O Palmeiras me contratou por empréstimo para ver se era ou não era. Descobriram que era - sorriu.
Foi naquela época que ele conheceu Evani, com quem casou-se em 1976 e permanece até hoje.
- Era filha de uma pessoa que trabalhava no Palmeiras, isso que é bonito, que é a vida. Fui apresentado a ela e, quando voltei para casa, minha mãe até perguntou o que tinha acontecido. Eu disse: "Se não ficar com ciúme, eu falo". Mãe sabe tudo, né? "Conheci uma menina e vou casar com ela" – lembrou o ex-arqueiro.
Embora tenha jogado em Vasco, Grêmio e até no rival Corinthians, Leão voltou a defender a meta alviverde entre 1984 e 1986, quando encerrou a carreira com quatro Copas no currículo (70, 74, 78 e 86).
Voltou a usar verde como técnico, também em duas passagens. Não ganhou títulos, mas virou “dono” do lar e adotou postura firme com Marcos, já consagrado, em 2005.
- Ele encostou na minha porta e falou: "Tô parando". Eu disse: "Então volta para sua casa e não pisa mais aqui". Ele estava precisando de um choque e depois disso ficou mais uns quatro, cinco anos - recordou.
BATE-BOLA: EMERSON LEÃO
‘Eu gostava do Santos. A gente sempre ganhava’
Qual foi a importância do Palmeiras para sua vida?
Comecei a ouvir Palmeiras, Parque Antártica, periquito, dentro da minha casa. Sou neto de italiano e também fiquei muito tempo ouvindo meu pai falar do goleiro Oberdan Cattani. Eu brincava com ele falando que também seria goleiro do Palmeiras, e aconteceu.
Como é sua relação com a torcida do Palmeiras? Você passou pelo Corinthians.
Todos os torcedores conversam comigo, dizem "Leão do Palmeiras". Isso é a pessoa mais velha que estava acostumada comigo, senão é o "Leão da Seleção", porque comparecer a quatro Copas num país como o Brasil e ser goleiro não é mole.
Houve uma votação popular e ganhei duas cativas no estádio novo, que por sinal é magnífico, maravilhoso. Até brinquei com um dirigente e disse: "Esse estádio só tem um problema: vai ter que arranjar um time bom para jogar lá dentro, porque ainda não tem". Ele deu risada e falou que eu tinha razão.
É verdade que, logo que chegou, você queria o salário do Dudu?
O Dudu me aconselhou. Perguntei: “Dudu, quanto você ganha? Eu quero saber para ganhar mais que você”. Aí ele disse: “Olha, vou te dizer uma coisa, meu filho: qualquer dinheiro lá no Palmeiras é vantagem”. Dava prazer jogar no Palmeiras.
Você travou vários duelos com Pelé. Como era pegar o Santos?
Normal. Em 70, eu já conhecia bem o Pelé. Já tínhamos ido para a Copa juntos, estudávamos educação física na mesma faculdade em Santos. Só tinha que tomar cuidado, porque o Q.I. dele é muito alto. Mas o Palmeiras era tão grande e tão bom, que era o único a enfrentar o Santos com sucesso.
Você gostava de enfrentar o Santos naquela época?
Em um evento, disseram ao Pelé que ele não gostava do Corinthians. Ele respondeu: ”Gostava, sim! Sempre fazia gol”. Eu gostava do Santos também, a gente sempre ganhava do Santos. Nossa Senhora, era 90%.
O Palmeiras para mim é...
"Um bom lar"
A minha maior alegria pelo Palmeiras foi...
"Conhecer a minha mulher. Ela era filha de um funcionário do clube, e lá nos vimos a primeira vez. Estamos juntos há 44 anos."
A torcida do Palmeiras para mim é...
"Um relacionamento maravilhoso. Eu gosto do Palmeiras, e eles sabem disto."
A minha maior tristeza pelo Palmeiras foi...
"Ainda está engasgado eu ter sido expulso (na final do Paulista de 1978) sem merecer (acusado de dar uma cotovelada em Careca)."
Meu jogo inesquecível pelo Palmeiras foi...
"Não tenho um, são vários."
Leão recebeu o LANCE!Net em sua casa, em São Paulo (FOTO: Eduardo Viana)
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