Cesar Sampaio com o pôster da série especial do L! do centenário: 1993 (Foto: Ale Cabral/LANCE!Press)
Em cem anos de história, a mesma pessoa foi a responsável por levantar dois dos maiores troféus do Palmeiras. O paulistano César Sampaio contrariou a família de corintianos para ser torcedor do maior rival em época difícil da fila e depois ajudar a libertar o clube do maior período sem títulos, em 1993. Seis anos mais tarde, também foi o primeiro a erguer o troféu inédito da Libertadores da América.
– Eu era a ovelha verde lá. O meu pai até dizia: “O Palmeiras é um time de colônia, italiano, não tem palmeirense preto”. Eu fui muito perseguido pelos meus familiares – relembra Cesár Sampaio.
A vontade de começar a carreira no clube de coração não deu certo e o Santos foi quem abriu as portas para o volante, porém ele lembra como e quem o aconselhou a seguir para o Palmeiras há 23 anos.
– Eu sai do Santos num momento de renovação de contrato, eu me lembro que por 500 dólares a gente não chegou num acordo e vim para Palmeiras. Lembro que fizemos uma reunião familiar. A gente sempre batia papo. Os meus pais estavam muito preocupados.
Eu cheguei no Palmeiras em meados de 1991, o time estava na fila, os torcedores chegavam às vias de fato. Naquela oportunidade alguns jogadores foram atingidos, quebraram a sala de troféus, invadiram o Parque Antarctica. Meus pais perguntavam: "Você vai para esse clube?". Tinha proposta do Palmeiras e São Paulo.
Lembro como se fosse hoje da minha avó materna. Sentamos e ela disse: "O que o seu coração fala?” E eu disse: “Meu coração fala em ir para o Palmeiras". Daí ela me respondeu: “Então segura na mão de Deus e vai” – relembra Sampaio, que após a sua decisão vestiu a camisa do Palmeiras em 307 partidas (175 vitórias, 66 derrotas e 66 empates), em duas passagens e sete conquistas.
Presente em marcantes títulos alviverdes, ele não tem dúvida em afirmar que o Paulistão de 1993 foi o mais importante. Era o César Sampaio torcedor e, naquele momento, capitão palmeirense numa tarde de sábado gelada, do dia 12 de junho.
– Primeiro a fila, depois o grupo, o espírito do grupo. Era um grupo que tinha problemas internos sérios. As vezes chegávamos às vias de fato mas quando entrávamos em campo a gente não media esforços para vencer. Tirando Zinho e Evair, a maioria daquele grupo era promessa. O próprio Vanderlei (Luxemburgo) era jovem, vinha de uma equipe do interior e buscava o seu espaço.
Já marcado na história, o volante foi para o Japão e após quatro anos do outro lado do mundo voltou para aumentar a galeria de troféus, desta vez com a inédita Copa Libertadores. Sem a mesma pressão do início da década, Sampaio acertou o retorno após abrir mão do Vasco mesmo depois de uma conversa com Eurico Miranda, que queria levá-lo pro Rio.
No retorno, encontrou Luiz Felipe Scolari, comandante com filosofia diferente, mas tão vencedora quanto a de Vanderlei Luxemburgo.
– Um cara copeiro mesmo, um cara que armava um esquema por uma bola. A bola parada nossa era muito trabalhada. Fazia o jogo picado. Quando jogava fora de casa jogava um jogo truncado, então eu creio que é o estilo da competição. Cada fase que passava não dava para comemorar muito. Ficava mais aliviado do que contente. Foi assim a nossa campanha – recorda o capitão.
O SENTIMENTO EM VERDE E BRANCO, por César Sampaio:
O Palmeiras para mim é...
"Conquista"
Para mim a torcida do Palmeiras representa...
"A razão de existir do clube."
A maior alegria que tive no Palmeiras foi...
"É ter ficado em 2003, sabendo que era uma aposta, e subir para a Série A. Não era uma Série B facinho como hoje."
A minha maior tristeza no Palmeiras foi...
"A falha do Mundial (1999, no Japão), até porque eu me preparei muito para poder voltar lá e nunca tive essa chance."
Meu jogo inesquecível pelo Palmeiras foi...
Pameiras e Corinthians (risos). Campeonato Paulista de 1993.
PALMEIRAS 4 X 0 CORINTHIANS
PALMEIRAS: Sérgio, Mazinho, Antônio Carlos, Tonhão e Roberto Carlos; César Sampaio, Daniel Frasson, Edílson (Jean Carlo) e Zinho; Edmundo e Evair (Alexandre Rosa). T: V. Luxemburgo.
CORINTHIANS: Ronaldo, Leandro Silva, Marcelo, Henrique e Ricardo; Ezequiel, Marcelinho Paulista, Paulo Sérgio e Adil (Tupãzinho, depois Wilson); Neto e Viola. T: Nelsinho Baptista.
ÁRBITRO: José Aparecido de Oliveira
GOLS: 36’ 1ºT Zinho (1-0); 29’ 2ºT Evair (2-0) ; 38’ 2ºT Edílson (3-0) e 9’ 1ºT (prorrogação) Evair (4-0)
RENDA/PÚBLICO: Cr$ 18.154.900.000 / 104.401
CARTÕES: Tonhão, Henrique, Ronaldo e Ezequiel
LOCAL: Morumbi, São Paulo (SP)
DATA: 12 de junho de 1993.
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