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O Site Oficial do Palmeiras rememora, a seguir, os detalhes daquela vitoriosa campanha, que completa duas décadas neste domingo. Confira:
Time reformulado
Campeão da Libertadores em 1999, o Alviverde começou a temporada de 2000 sem figurar entre os principais candidatos ao título do Rio-São Paulo. O elenco palmeirense sofrera profunda reformulação no início daquele ano, com as saídas dos ídolos Evair, Júnior Baiano, Oséas, Paulo Nunes e Zinho e as chegadas de jogadores menos famosos, como Basílio.
Não por acaso, a equipe comandada pelo técnico Luiz Felipe Scolari demorou a se entrosar. Se na estreia o time ainda mostrou valentia ao empatar por 3 a 3 com o Vasco em São Januário, a derrota no jogo seguinte contra uma equipe mista do Corinthians causou a impressão de que o torcedor palestrino encararia tempos difíceis.
“Aconteceram muitas mudanças no grupo de atletas e havia um clima de desconfiança em relação ao nosso time, mas provamos dentro de campo que tínhamos valor”, recorda-se o ex-zagueiro Roque Júnior.
A primeira vitória do Palmeiras na competição veio na terceira rodada, diante do Fluminense, no Palestra Italia. Após terminar a etapa inicial em desvantagem de 2 a 0, o Verdão virou para 6 a 2, com direito a um show do atacante Euller. O Filho do Vento marcou quatro vezes, duas delas em cobranças de pênalti, e ainda deu um passe para Basílio balançar a rede – o colombiano Faustino Asprilla completou o placar.
“O ano de 2000 foi o melhor da minha carreira. Tive ofertas para sair do Palmeiras, mas o Felipão pediu para eu ficar, disse que eu seria titular e foi o que aconteceu. Estava me sentindo muito confiante e os gols aconteceram de forma natural”, relembra o ex-jogador.
Artilheiro da equipe no torneio, Euller dedicou um dos sete gols anotados à esposa, Letícia, que estava grávida do primeiro filho do casal – Gabriel, de 19 anos, é lateral-esquerdo e joga na Espanha, onde mora com os pais.
Após a goleada sobre o clube carioca, o Alviverde embalou rumo à semifinal, encerrando a primeira fase com o melhor desempenho entre os oito times participantes. Com 13 pontos, a equipe palestrina garantiu a liderança do Grupo B, do qual também faziam parte Corinthians, Fluminense e Vasco. Na outra chave, São Paulo (12 pontos) e Botafogo (10) seguiram adiante, deixando Flamengo e Santos pelo caminho.
Chamou a atenção o excelente desempenho do ataque palmeirense ao longo do campeonato: nos seis primeiros jogos, o Palmeiras marcou 17 gols, um deles de bicicleta. A jogada acrobática foi feita pelo irreverente Asprilla no triunfo sobre o Vasco por 2 a 1, pela fase de classificação.
Nenhum outro jogador brilhou tanto naquele Rio-São Paulo quanto o meia Alex. Após desfalcar a equipe nas quatro primeiras rodadas para defender a Seleção no Torneio Pré-Olímpico, o camisa 10 voltou justamente contra o Corinthians, no dia 9 de fevereiro. E o craque, como de costume, desequilibrou o Derby: foram dele os três gols da vitória palmeirense por 3 a 1, no Morumbi – o resultado eliminou o arquirrival da competição.
“Eu quase não participei daquele jogo”, conta Alex. “A diretoria tinha me liberado para tirar uma semana de folga após o Pré-Olímpico, já que eu não havia tido férias. Já estava em uma praia do Paraná, na segunda-feira de manhã, quando o Felipão me ligou. Ele disse que a minha folga precisaria ser adiada porque na quarta haveria o jogo com o Corinthians. Cheguei a São Paulo na própria quarta-feira e fui direto para o estádio.”
Alex se destacou também nas semis contra o Botafogo, ao fazer um lindo gol por cobertura, e nas finais diante do Vasco – ele deu três assistências nas duas partidas e, na decisiva, ainda criou a jogada do pênalti convertido por Arce.
“Foi um título muito legal porque começamos o ano com muitas críticas e eu tive a felicidade de jogar bem. São lembranças maravilhosas”, afirma.
Sem pena dos adversários
Contratado pelo Verdão em 1999 após se destacar pelo Rio Branco no Paulista, o atacante Pena foi um dos protagonistas da vitoriosa campanha. Além de ter balançado a rede no duelo de volta da semifinal, o baiano marcou nos dois jogos da decisão. “Foi um momento muito marcante para mim. O Vasco tinha Romário e Edmundo, entre outros craques, mas nós jogamos demais e merecemos o título”, recorda-se o ex-jogador.
Pena jogou tão bem no primeiro semestre de 2000 que, em agosto daquele ano, recebeu proposta de transferência para o Porto-POR. Em sua temporada de estreia na Europa, foi o artilheiro da Liga Portuguesa, com 22 gols. Ele atuou por outras equipes do Velho Continente até 2005, quando retornou ao Brasil para defender o Botafogo-RJ. Antes de pendurar as chuteiras, em 2010, passou por diferentes times do Nordeste, entre eles o Serrano, de Vitória da Conquista, sua cidade natal.
Santo milagreiro
No segundo confronto da final, o goleiro Marcos fez uma das defesas mais difíceis da sua carreira. Aos 46 minutos do primeiro tempo, quando o Palmeiras já ganhava por 3 a 0, o lateral vascaíno Gilberto chutou cruzado; a bola desviou em Galeano e sobrou na pequena área para Edmundo finalizar de pé esquerdo. O Santo alviverde, que já estava caído, levantou-se rapidamente e, com um tapa de mão direita, impediu o gol.
O Rio-São Paulo foi o último dos sete títulos conquistados pelo volante César Sampaio com a camisa palestrina. Em suas duas passagens pelo Maior Campeão do Brasil, o eterno capitão faturou, além dos torneios interestaduais de 1993 e 2000, a Copa Libertadores da América (1999) e os bicampeonatos brasileiro (1993 e 1994) e paulista (1993 e 1994).
Notório tanto pela qualidade técnica quanto pela humildade, Sampaio ergueu a sua derradeira taça como atleta palmeirense junto com Argel e Galeano, que também exerciam papéis de liderança no elenco. “Nós combinamos que, se ganhássemos do Vasco, levantaríamos juntos o troféu porque aquele seria o título do conjunto, do jogo coletivo. Muita gente não acreditava naquele grupo, por conta dos vários jogadores que haviam saído no início do ano, mas acabamos conquistando um campeonato importante”, diz Sampaio, que, após o vice da Libertadores naquela temporada, foi negociado com o La Coruña-ESP.
Façanha única
O Verdão é o único clube a ganhar cinco edições do Rio-São Paulo sem ter compartilhado o troféu em nenhuma delas. Corinthians e Santos, também pentacampeões do torneio, dividiram a taça em 1966 com Botafogo e Vasco – os quatro times terminaram empatados em 11 pontos, situação que, segundo o regulamento, obrigaria a realização de um quadrangular extra; porém, como vários jogadores dessas equipes foram convocados para a Seleção que se preparava para a Copa do Mundo daquele ano, as federações carioca e paulista declararam os quatro como campeões.
Dois anos antes, o Santos já havia compartilhado o troféu interestadual com o Botafogo – o time de Niterói levou a melhor no jogo de ida da decisão por 3 a 2, mas a partida de volta acabou cancelada porque as duas equipes preferiram realizar excursões internacionais.
Campanha:
Primeira Fase
23/1/2000 – Estádio São Januário, Rio de Janeiro-RJ
Palmeiras 3×3 Vasco da Gama-RJ
Gols: Pena (2), Odvan (contra)
27/1/2000 – Estádio Pacaembu
Palmeiras 1×2 Corinthians-SP
Gols: Euller (PAL)
30/1/2000 – Estádio Palestra Itália
Palmeiras 6×2 Fluminense-RJ
Gols: Euller (4), Asprilla, Basílio
5/2/2000 – Estádio Palestra Itália
Palmeiras 2×1 Vasco da Gama-RJ
Gols: Basílio, Asprilla (PAL)
9/2/2000 – Estádio Morumbi
Palmeiras 3×1 Corinthians-SP
Gols: Alex (3)
13/2/2000 – Estádio Maracanã, Rio de Janeiro-RJ
Palmeiras 2×0 Fluminense-RJ
Gols: Arce, Juliano (PAL)
Semifinais
19/2/2000 – Estádio Maracanã, Rio de Janeiro-RJ
Palmeiras 0x0 Botafogo-RJ
23/2/2000 – Estádio Palestra Itália
Palmeiras 3×1 Botafogo-RJ
Gols: César Sampaio, Euller, Alex
Finais
26/2/2000 – Estádio Maracanã, Rio de Janeiro-RJ
Palmeiras 2×1 Vasco da Gama-RJ
Gols: César Sampaio, Pena
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