Allianz Parque tem 95% das obras concluídas (Foto: Reprodução)
O clima de guerra entre Palmeiras e WTorre não é o mesmo de dez meses atrás, quando Paulo Nobre e Walter Torre praticamente cortaram relações. O palmeirense está aberto ao diálogo.
Passada a primeira etapa da arbitragem, que foi a apresentação de documentos, Nobre sentou-se com Paulo Remy, CEO da parceira. Em alguns meses, foi a primeira conversa entre as partes fora de uma audiência judicial.
O vice Genaro Marino também trata do tema. Pessoas envolvidas na arrastada discussão creem que a postura mais branda do presidente pode fazer a WTorre buscar um acordo que encerre a arbitragem.
Não significa que Nobre tenha a intenção de ceder para ter o Allianz Parque aberto logo. Para que o uso comercial da arena (shows e jogos) seja permitido durante a disputa judicial, é preciso haver um acordo sobre os pontos conflitantes do contrato – a maior discussão é sobre o percentual de cadeiras que clube e construtora têm direito a vender.
A WTorre fez uma proposta de acordo temporário que não agradou e foi recusada. Nobre está orientado pelos especialistas que escolheu para auxiliá-lo a não ceder, mesmo que isso signifique esperar de oito a 12 meses, prazo que ainda deve durar a arbitragem, para jogar em casa: se houver um acordo, ele tem de ser definitivo, encerrando a briga de vez.
A construtora ficou surpresa porque imaginava que o presidente não admitiria encerrar o ano do centenário – e seu mandato – jogando no Pacaembu. Mas Nobre não tem pressa e topa esperar até 2015 para a inauguração. "É a última das preocupações dele", diz um de seus pares.
A WTorre pode perder a chance de lucrar com shows de Paulo McCartney e Rolling Stones, previstos para novembro e março na arena e que não acontecerão sem o acordo.
ENTENDA O ATRITO:
A WTorre diz:
Julga ter direito a comercializar todas as cadeiras, repassando porcentagens crescentes ao clube: 5% do valor arrecadado nos cinco primeiros anos, 10% nos cinco anos seguintes e assim por diante – o contrato tem 30 anos de validade. O Palmeiras não teria autonomia para definir o preço dos ingressos.
O clube diz:
Na visão do Palmeiras, a WTorre pode vender só 10 mil cadeiras especiais. As do clube não seriam vendidas, mas reservadas para sócios-torcedores (hoje são cerca de 42.428, sendo que a capacidade do estádio é de 43.700). A construtora sugere envolver os sócios-torcedores na venda de cadeiras coordenada por ela.
A escritura diz:
Revelado pelo LANCE!Net em outubro de 2013 (veja aqui), o documento cita "10 mil cadeiras especiais" em seu item 2.2.1. Segundo o Palmeiras, são esses os assentos da WTorre. O item 4.9, porém, informa que "o direito de uso de cadeiras e camarotes será comercializado pela WTorre", sem o termo "especiais". Aí está o conflito.
Renda dos jogos
As duas partes concordam: é 100% do Palmeiras. A comercialização, pivô da briga, não muda o fato de que até mesmo donos de cadeiras terão de comprar ingressos por jogos.
Naming rights
A WTorre vendeu o nome do estádio para a Allianz por R$ 300 milhões, divididos em 20 anos, com cláusula para renovar por mais dez. Nos cinco primeiros, a construtora repassa 5% ao clube, e o valor cresce 5% a cada cinco anos.
Camarotes
WTorre comercializa os camarotes e repassa 5% do valor nos primeiros cinco anos. O valor cresce na mesma proporção do item anterior.
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