Arnaldo Tirone, na época em que era presidente do Palmeiras (GAZETA PRESS)
O ex-presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, disse nesta terla-feira em entrevista à Rádio ESPN que vê com preocupação a soma milionária que o atual mandatário, Paulo Nobre, fez aos cofres alviverdes. Para o conselheiro, a equipe ficará engessada nos próximos anos para quitar a dívida. Na conversa, Tirone analisa o trabalho do diretor-executivo José Carlos Brunoro como insatisfatório e disse que viu a demissão de Ricardo Gareca como a única saída possível. Leia abaixo a entrevista ou ouça no player.
Sobre a confusão com torcedores em reunião dos conselheios na segunda-feira
Quando cheguei no clube, na entrada do portão da Turiassu, tinham cerca de 25 torcedores cobrando, e todos conselheiros que chegavam com automóvel eles reclamavam, davam tapas no vidro do carro. Aconteceu comigo e com outros. Mas não amassaram meu carro. Eles ficaram nervosos, chateados e acontecem xingamentos e cobranças. Estamos sujeitos a isso.
Eu saí logo após a votação. Quando eu desci do elevador, no térreo, não tinha nenhum torcedor. Fiquei sabendo depois que torcedores entraram por outro portão e ficaram esperando os conselheiros. E o Palmeiras foi obrigado a chamar o policiamento.
Sobre o trabalho e a demissão do técnico Ricardo Gareca
O Gareca teve pouco tempo para treinar no clube, não conseguiu os resultados no começo que outros treinadores conseguem. E houve a troca porque o desempenho do time não estava satisfatório. No caso do Gareca, o Palmeiras não tem espaço para dar mais tempo. Ele veio com muito apoio. No decorrer do tempo, a gente vê que ele não tinha um conhecimento profundo do futebol brasileiro. Até ele entender como funciona, conhecer os jogadores... O Gareca solicitou algumas contratações e indicou os quatro argentinos. Ficou complicado mantê-lo, acho que o presidente atual tomou a decisão correta.
Avaliação do trabalho do diretor-executivo José Carlos Brunoro
O Brunoro veio para dar uma nova dinâmica. No primeiro ano, o Palmeiras fez um trabalho razoável e conseguiu subir para a Série A. O trabalho foi bem feito. Os frutos não vieram neste segundo ano. Não quero opinar sobre o trabalho dele, mas o trabalho não está sendo satisfatório. Mas é um conjunto de fatores, muitos detalhes. A contratação de jogadores hoje não é fácil. A nova filosofia que o novo presidente vem implantando é correta, com pés no chão.
Sobre o presidente Paulo Nobre ter emprestado mais de R$ 100 milhões ao clube
É uma situação muito complicada para ambas as partes. Quem vê de fora não entende o que é um clube do tamanho de Palmeiras. O atual presidente assumiu o clube com um passivo, como eu e o meu antecessor. O que aconteceu: eu consegui receitas na minha gestão. O Palmeiras tinha um passivo vencido e alto. Renegociamos o passivo vencido, alongamos o passivo e conseguimos descontos. Era um passivo de R$ 50 milhões vencidos. Em outros momentos, outro presidentes também emprestaram dinheiro ao clube. Passei por várias gestões que o Palmeiras vivia praticamente sem dinheiro. Esse valor aportado no Palmeiras eu vejo como exagerado e vejo com preocupação, porque o clube vai ficar engessado dez anos para pagar este empréstimo.
Sobre a possível chegada de Dorival Jr.
Tem um currículo, já jogou no Palmeiras. É um técnico com uma postura que me agrada muito, passou por grandes times. Teve duas passagens difíceis pelo Vasco e Flu. Mas ele pode dar certo no Palmeiras. O Dorival se analisar as últimas passagens ele não foi bem, mas ele tem preparo e faço votos para que ele faça um bom trabalho.
7632 visitas - Fonte: ESPN