João Pedro é o jogador mais novo do elenco (Foto: Reginaldo Castro/ LANCE!Press)
Ele ainda mora no alojamento do clube, mas já é titular da lateral direita do Palmeiras. Ele tem apenas 17 anos, mas tem a complicada a missão de ajudar o time a deixar a zona de rebaixamento de Brasileirão. Este é João Pedro, que joga por ele próprio e, principalmente, pelo falecido avô materno.
Assim como no empate em 2 a 2 com o Flamengo, no último dia 17 de setembro, que marcou a sua estreia com a camisa do Verdão, o jovem lateral-direito atuará diante dos olhares de seus familiares (pais e irmãs) contra a Chapecoense, nesta quinta-feira, às 19h30. Mas as arquibancadas do Pacaembu não terão o mesmo brilho, sem presença do seu maior incentivador.
– Meu avô João era o meu principal incentivador e motivador, muito mais do que meu pai (Pedro), que trabalhava muito quando eu era criança. Ele foi o primeiro a me dar uma chuteira, o primeiro a me levar para jogar bola e ficava vendo o treino todo na beirada do campo. Vivia pegando no pé, me orientando – explicou João Pedro, ao LANCE!Net.
– Fico muito triste por ele não ter tido a oportunidade de me ver jogar profissionalmente. Aliás, ele não me viu nem sequer saindo de casa. Eu tinha 13 anos quando ele faleceu decorrente de um AVC (acidente vascular cerebral) há três anos. Eu jogo por mim e também por ele. Mas ele está olhando por mim e muito feliz por tudo o que está acontecendo comigo, com certeza – complementou.
A vitória em cima do adversário direto Chapecoense, atualmente na 15 colocação, garantirá a saída do Palmeiras da zona da degola – ultrapassará o próprio time catarinense na tabela. Apesar de ter apenas quatro jogos com pelo Palmeiras, João Pedro garante estar preparado para assumir a responsabilidade de se doar ao máximo para tentar livrar a equipe da má fase na temporada.
– A minha ficha começou a cair depois do segundo jogo (derrota por 6 a 0 para o Goiás, no Serra Dourada), tudo muito novo para mim. Mas aí você para e pensa: “Pô, preciso seguir trabalhando duro, treinando forte e tentando conseguir a confiança do treinador”. Ainda acho que preciso melhorar o meu preparo físico para aguentar os dois tempos iguais marcando e atacando forte. Aos poucos, vou pegando experiência – finalizou.
Ele é novo, sim. Mas tem ambição. E vontade de sobra.
BATE-BOLA - João Pedro
Você tem 17 anos, mora no alojamento, mas já tem a responsabilidade de ser titular do Palmeiras...
Ah, para falar a verdade, eu gosto de morar no alojamento do clube (risos). Não tenho problema algum com isso. Agora, sobre ser titular do Palmeiras, é um sonho realizado. Um sonho meu e da minha família. Fico muito feliz.
Como é sua rotina em São Paulo? Treino-alojamento apenas?
Sou de Presidente Bernardes, interior de São Paulo, mas estou aqui no Palmeiras há um ano e nove meses. Mas é isso aí mesmo que vocês disse. Minha rotina é treino, alojamento, treino, alojamento... Minha namorada é de Ribeirão Preto, tento visitar ela de fim de semana. Mas tem sido difícil.
Seus pais têm acompanhado você aqui em São Paulo?
Eles vieram na partida contra o Flamengo (empate em 2 a 2), no Pacaembu, que foi a minha estreia como profissional. Eles vão voltar agora para o jogo contra a Chapecoense, também no Pacaembu. Meu pai, minha mãe e minhas irmãs. Meu pai é vendedor e minha mãe é dona de casa. Minha família toda é de Presidente Bernardes, que fica a 600km de São Paulo.
Como começou a carreira?
Com cinco, seis anos... Meu avô João, que faleceu vítima de AVC (acidente vascular cerebral) há três anos, me levava para jogar nas escolinhas da cidade. Fui embora com 13 anos para jogar no Olé Brasil, que é de Ribeirão Preto. Fui para lá por meio de alguns empresários. Tive uma passagem pelo Comercial, que também é de Ribeirão, e depois vim para o Palmeiras.
Pensou no seu avô quando estreou diante do Flamengo?
Pensei, pensei muito mesmo. Aliás, penso nele todos os dias depois que fui embora de casa. Meu avô era o meu maior incentivador. Ele está olhando por mim e vibrando com tudo o que está acontecendo comigo.
Quais são as suas maiores lembranças do seu avô?
Lembro dele me levando aos treinos e também brigando muito comigo. Eu fazia muito bagunça em casa quando era criança. Ele era bem chato, morava numa casa ao lado da minha. Eu fazia muita bagunça no quintal dele, ficava mexendo nas galinhas, gritando, correndo. Ele ficava p... Mas nossa relação sempre foi muito boa.
Conseguiu de despedir dele?
Ele teve o AVC e ficou internado, não houve contato. Infelizmente, a gente não conseguiu conversar, não pude me despedir dele. Mas penso em ser um grande jogador por ele, com certeza. Jogo por mim e por ele.
3861 visitas - Fonte: Lancenet!