O Palmeiras passou os primeiros meses de seu centenário exaltando o elenco de qualidade que montou para 2014. Neste domingo, a teoria se comprovou errada. Por lesão, Valdivia começou o jogo no banco e Alan Kardec e Fernando Prass tiveram que ser sacados. Os substitutos não foram suficientes. O clube acumula mais uma frustração: perdeu por 1 a 0 para o Ituano no Pacaembu lotado.
O roteiro que colocou o time do interior no caminho do Santos na decisão do Campeonato Paulista começou com a informação de que Valdivia foi vetado no vestiário. Alan Kardec saiu durante o primeiro tempo e Fernando Prass, no intervalo. No desespero, o Verdão foi à frente e não havia ninguém para evitar que Marcelinho fizesse o gol da partida, aos 38 minutos do segundo tempo.
Ao Palmeiras, resta a Copa do Brasil, pela qual o time recebe o Vilhena na quarta-feira, no Pacaembu, podendo empatar para chegar à segunda fase. Já o Ituano faz o papel que o Verdão queria, enfrentando o Santos nas duas finais do Estadual.
O jogo –De acordo com o Palmeiras, um teste nos vestiários, no momento do aquecimento, tirou seu jogador mais caro da partida única da semifinal. Gilson Kleina, contudo, já tinha treinado com Mendieta no lugar de Valdivia na atividade secreta de sábado. Assim como a entrada de Wellington na zaga, repassando Tiago Alves para substituir Wendel na lateral direita e mantendo Marcelo Oliveira no meio-campo.
Como diante do Bragantino, a aposta era em Wesley pelos lados, até liberando mais Juninho pela esquerda. O segredo na saída de bola eram os avanços de Marcelo Oliveira para encontrar Mendieta ou Bruno César. O problema, mais uma vez, era a falta de mobilidade de Leandro na ajuda para Alan Kardec finalizar.
O Ituano, por sua vez, fez o que se esperava. Aproximou suas linhas e, quando as espalhava para preencher os espaços na intermediária, tinha quatro ou cinco jogadores na defesa para bloquear, inclusive, as descidas pelas laterais. Na frente, Wesley era pressionado e foi questão de tempo para Marcelo Oliveira se tornar insuficiente na chegada da bola ao ataque.
O Verdão entendeu que seria necessário ter paciência para entrar na melhor defesa do Paulista, como já previa. Foi o que fez. Assustou em bolas paradas e, com ela rolando, a tocava até que alguém ficasse livre. Assim, Wesley parou em Vagner, aos 16 minutos do primeiro tempo, aproveitando jogada de Mendieta.
O paraguaio, substituto de Valdivia, mostrou qualidade para circular nos poucos espaços deixados pelo Ituano. Aos 23 minutos, criou a melhor chance da etapa inicial. Com perfeição, deixou Leandro na cara do goleiro. Em péssima fase, o artilheiro do time no ano passado não soube superar Vagner.
A partir dali, a torcida passou a alternar tensão e irritação, da mesma forma que o time. Para aumentar o sorriso dos jogadores do Ituano, Alan Kardec teve que ser sacado aos 41 minutos do primeiro tempo. Cerca de dez minutos antes, tinha levado uma joelhada na coxa esquerda que não o permitiu continuar em campo nem no sacrifício. Por isso, Vinicius saiu do banco de reservas.
A fé do Ituano em chegar à final já tinha aumentado aos 29 minutos, quando Rafael Silva teve espaço na intermediária para preparar e soltar a bomba. Fernando Prass se esticou para salvar o Palmeiras e, na sequência, ficar mancando. O goleiro reclamava de dores no pé direito desde os últimos treinos e o primeiro tempo aumentou o incômodo.
Na volta do intervalo, o Palmeiras, que já não tinha Valdivia, seu jogador mais caro e talentoso, e Alan Kardec, seu artilheiro, apareceu sem Fernando Prass. O goleiro, um dos principais nomes da campanha do time, foi trocado por Bruno, que, apesar de não contar com a confiança da torcida, ouviu quase o Pacaembu inteiro gritar seu nome.
O Verdão mostrou que não estava disposto a lamentar por seus desfalques. Foi à frente com quem estava em campo, com vontade e força para impor seu ritmo. Em menos de cinco minutos, essa condição foi provada em chute de Mendieta rente à trave e cabeçada de Marcelo Oliveira que obrigou o goleiro Vagner a executar boa defesa mais uma vez.
A ânsia de ir para frente deixava espaços que o Ituano aprendeu a usar em contra-ataques. Rafael Silva, mais uma vez, levou perigo. E Bruno, aos nove minutos, mostrou que pode substituir Prass, defendendo com a ponta dos dedos. A partir desse lance, Wellington fixou posição com Lúcio e Marcelo Oliveira não se intimidou a virar terceiro ou quarto zagueiro, já que Tiago Alves pouco subia.
Caberia aos jogadores da frente decidir. Ciente disso, a torcida pediu Valdivia, aos 22 minutos, e, segundos depois, Gilson Kleina o chamou. A entrada do chileno no lugar de Mendieta, na última substituição possível do Palmeiras na partida, foi comemorada como um gol pelos palmeirenses que misturavam ansiedade e esperança nas arquibancadas.
A entrada de Valdivia mostrou que Vinicius continua tomando decisões erradas ao finalizar seus lances. Em cinco minutos em campo, além de verticalizar mais as jogadas do time, o chileno conseguiu levar cartão amarelo por acertar o volante Josa com o braço, recebendo a sua terceira advertência.
Mas, para ter Valdivia como desfalque na final, o Verdão precisaria se classificar. E foi tentando. Wesley, aos 32, foi mais um a parar no goleiro Vagner, que salvou seu time em cruzamento de Tiago Alves em direção a Leandro, pouco depois. Um retrato do esquema 4-0-6 do Verdão, com Tiago Alves, Lúcio, Wellington e Marcelo Oliveira como zagueiros que, ao pegar a bola, logo a chutavam em busca de Valdivia.
A estratégia, por sua vez, poderia dar errado sem marcação na cabeça de área. Foi dali que o Ituano frustrou o maior publico palmeirense no centenário. Aos 38 minutos, Marcelinho aproveitou rebote de Lúcio para bater seco, rasteiro, no canto esquerdo do goleiro Bruno, que nada pôde fazer além de lamentar como os torcedores nas arquibancadas.
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