A confusão entre torcedores e polícia causou pânico no Allianz Parque, no último domingo (Foto: Reginaldo Castro/ LANCE!Press)
Os conselheiros representantes de diversos grupos políticos do Palmeiras divulgaram no final da tarde desta terça-feira um manifesto repudiando e pedindo a investigação da ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo antes do clássico contra o Corinthians, no último domingo, nas imediações do Allianz Parque.
O texto é assinado por diversas chapas. Algumas inclusive, adversárias a de Paulo Nobre, atual presidente Alviverde. Dentre elas estão: Academia, Palestra, e UVB além dos grupos: Confraria Palestrina, Democracia Verde, Dissidenti, Eternos Palestrinos, Fanfulla e Pró Palmeiras.
Além de acusar a PM de abuso de poder, por utilizar bombas de efeito moral e balas de borracha em mulheres e crianças, principalmente, os palmeirenses também culparam os policiais de iniciar toda a confusão.
"O tumulto generalizado provocado pela Polícia Militar ocorreu a 500 metros de distância, na esquina da Rua Turiassu com a Rua Caraíbas, onde até então a paz reinava entre os palmeirenses. As imagens feitas pela imprensa e por torcedores não deixam dúvida sobre o uso excessivo de força. Policiais Militares avançaram de forma totalmente desnecessária da Av. Sumaré em direção à Rua Caraibas, atirando bombas e balas de borracha, quando aqueles que supostamente haviam iniciado o tumulto já haviam se dispersado. O excesso e o despreparo são evidentes", diz um trecho do texto.
Os nomes de Paulo Castilho e Roberto Senise, promotores do Ministério Público, que irão processar Palmeiras, Corinthians e a Federação Paulista de Futebol por causa da confusão, também aparecem no documento. No qual é pedido a apuração dos fatos pela Corregedoria da Polícia Militar e a punição, por abuso de poder, dos reponsáveis.
"Por fim, aproveitamos ainda para indagar aos Srs. Promotores de Justiça, Dr. Paulo Castilho e Dr. Roberto Senise, sedizentes guardiões da paz nos estádios paulistas e brasileiros, a razão pela qual somente Clubes e Federação serão investigados pelo ocorrido no último domingo, sem qualquer menção à atuação da Polícia Militar", assim é finalizado o manifesto.
Veja o texto completo!
Nós, conselheiros da Sociedade Esportiva Palmeiras, representando os grupos políticos existentes em nossa associação, tendo presenciado ou sido informados dos atos desagradáveis e injustificáveis protagonizados pela Polícia Militar do Estado de São Paulo nos dias 7 e 8 de fevereiro, nas imediações da Sede Social da Agremiação que integramos, vimos por meio desta manifestar nosso repúdio aos atos anteriormente citados.
Nada pode justificar que representantes do Estado brasileiro, munidos do uso exclusivo da força que sua condição lhes dá, simplesmente atuem com excesso e de forma truculenta. Não se pode apoiar ou mesmo compreender que seja necessário o uso de balas de borracha e bombas de efeito moral em vias públicas com grande presença de crianças, mulheres e idosos. E nem se diga que houve quaisquer provocações ou desentendimentos que teriam ocorrido (segundo a PM) com pessoas ou grupos nas imediações do clube: é dever do Estado compreender que tais situações, ainda que não desejadas, são esperadas e corriqueiras, e que deve integrar a preparação de seus agentes a resposta contida e proporcional a tais eventos.
Tais “provocações ou desentendimentos” teriam ocorrido, segundo afirmações da própria Polícia Militar, na barreira da entrada da torcida adversária, vale dizer, na esquina da Rua Padre Antônio Thomaz com Av. Antártica. No entanto, o tumulto generalizado provocado pela Polícia Militar ocorreu a 500 metros de distância, na esquina da Rua Turiassu com a Rua Caraíbas, onde até então a paz reinava entre os palmeirenses. As imagens feitas pela imprensa e por torcedores não deixam dúvida sobre o uso excessivo de força. Policiais Militares avançaram de forma totalmente desnecessária da Av. Sumaré em direção à Rua Caraibas, atirando bombas e balas de borracha, quando aqueles que supostamente haviam iniciado o tumulto já haviam se dispersado. O excesso e o despreparo são evidentes.
Nesse sentido, “absolutamente necessário”, utilizando-se dos termos da lamentável nota oficial divulgada pela Polícia Militar, é o dever de agente público em agir com discernimento! Não se pode aceitar como legítimo e necessário que a Polícia Militar provoque com suas ações danos às pessoas e às propriedades que não tenham qualquer relação direta ou indireta com atos que reivindiquem a repressão dos agentes do Estado! Não se imagina que seja tarefa fácil: é contudo, seu dever inafastável, e episódios como os do último final-de-semana mostram que ainda grassa a visão, na Polícia Militar, que o torcedor de futebol é potencialmente um vândalo - ainda que milhares de pais, crianças, idosos na multidão atacada confiassem e aguardassem da atuação estatal uma resposta condigna ao seu status de cidadão, as bombas e balas de borracha reduziram tais pessoas a elementos em uma massa a ser agredida e dispersa.
O abuso de poder ficou claro também no dia anterior, quando um bloco de carnaval que ocupava parte na Rua Turiassu, também com grande presença de crianças, mulheres e idosos, foi dispersado com uso de bombas de efeito moral (inclusive atiradas em brinquedos onde estavam crianças) e balas de borracha. Fica a pergunta: é praxe da Polícia Militar do Estado de São Paulo dispersar foliões dessa forma, ou só se estiverem nas proximidades do Palestra Itália?
Vivemos em um Estado Democrático de Direito! E, como tal, o cidadão exige e merece o devido respeito dos agentes desse Estado! Que venha a paz dentro e fora dos estádios, e que o Estado contribua, e não destrua essa possibilidade.
Exigimos a apuração dos fatos pela Corregedoria da Polícia Militar, punindo-se os responsáveis pelo abuso de poder, pelo excesso de força e pelo tumulto generalizado causado.
Por fim, aproveitamos ainda para indagar aos Srs. Promotores de Justiça, Dr. Paulo Castilho e Dr. Roberto Senise, sedizentes guardiões da paz nos estádios paulistas e brasileiros, a razão pela qual somente Clubes e Federação serão investigados pelo ocorrido no último domingo, sem qualquer menção à atuação da Polícia Militar.
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