Valdivia, amado pelos pequeninos (Foto: Fellipe Lucena)
O palmeirense que tem Valdivia como ídolo não merece ser condenado. Que mal há em admirar o chileno? É bom de bola, irreverente e desperta ódio nas torcidas rivais. As crianças o adoram (a foto ao lado foi tirada em uma noite de autógrafos do jogador que a Adidas promoveu para festejar o 99º aniversário do clube e causou grande aglomeração em um shopping da capital). E vale lembrar que o camisa 10 participou dos três títulos que o Alviverde ganhou nos últimos dez anos, sempre com desempenho destacado: o Paulistão de 2008, a Copa do Brasil de 2012 e a amarga Série B de 2013.
Mas o palmeirense que detesta Valdivia também não pode ser condenado. Na frieza dos números, a segunda passagem do meia, que está prestes a ser encerrada com a transferência para o Al Wahda, foi um péssimo negócio.
Valdivia não tem culpa se os dirigentes não honraram com os compromissos que firmaram e fizeram o preço total da transação superar os R$ 30 milhões. Também não tem culpa se lhe ofereceram quase R$ 500 mil mensais. Tem culpa, sim, por não ter se comportado como atleta profissional em boa parte desse período – e ele mesmo admite que exagerou na(s) dose(s). Esse desleixo fragilizou sua musculatura e o fez perder 132 partidas por questões físicas. Muito para quem custa tanto, para quem joga tanto e para quem gera tanta expectativa na torcida.
Ele poderia ter sido muito maior, a ponto de não haver divisão entre os que amam Valdivia e os que odeiam Valdivia. Bola não falta. Talvez tenha faltado um pouco de ambição.
Somadas as duas passagens, foram sete anos de Palmeiras. Quantos jogadores, nas últimas duas ou três décadas, passaram tanto tempo no Palestra Itália? Nem seria preciso ganhar mais títulos. Bastava fazer com que o torcedor se sentisse representado. E nem todos tinham essa sensação ao vê-lo em campo (ou no departamento médico).
Está chegando ao fim a “era Valdivia”. E ele poderia ter sido enorme. Uma pena.
É verdade que, pelo que está jogando na Copa América, Valdivia fatalmente acrescentaria qualidade a um time que anda acéfalo. Também é verdade que a negociação para renovar o contrato foi muito mal conduzida. Mas “se libertar” de Valdivia pode ser bom para o Palmeiras.
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O leitor mais atento vai se lembrar que um texto muito parecido com este foi publicado aqui em julho de 2014. Na época, o meia estava indo para o Al Fujairah, negociação que depois acabou melando. Valdivia voltou, salvou o clube do rebaixamento em 2014, mas não mudou a sensação de que poderia ter sido muito maior. Resta saber se, agora, o adeus é definitivo mesmo.
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