Kazuyoshi Miura, o Kazu, defende o Yokohama FC aos 48 anos
Se alguém lhe dissesse que um jogador que fez sua estreia em 1986 segue na ativa e nem pensa em se aposentar, você compraria a ideia? Pois pode acreditar: é verdade.
No Japão, resiste o último samurai: Kazuyoshi Miura, 48 anos, atacante do Yokohama FC, que disputa a J.League 2, segunda divisão local. Se você é dos mais antigos, certamente se lembrará do folclórico Kazu, que atuou na base do Juventus da Mooca e vestiu as camisas de Santos, Palmeiras, Matsubara, CRB, XV de Jaú e Coritiba durante o final dos anos 80.
Sim, acredite se quiser: aquele mesmo Kazu, do tempo das fotos em preto e branco, autor de 55 gols em 89 jogos pela seleção japonesa, ainda joga profissionalmente, e nem pensa em parar. Não à toa, ostenta até hoje o apelido de "King Kazu".
"Não sei até quando vou continuar jogando futebol, mas acabei de renovar meu contrato com o Yokohama FC. Ainda tenho muita vontade de jogar, te4nho muita motivação de entrar em campo ainda", conta a lenda, em entrevista ao ESPN.com.br.
"Consigo treinar normalmente com meus companheiros. Claro que não tenho mais a força de outros tempos, mas tenho a obrigação e a responsabilidade de mostrar tudo que sei nos jogos", completa.
Kazu atua pelo Yokohama desde 2005, com um empréstimo ao Sydney FC, da Austrália, no período.
Antes, jogou por outros clubes de seu país, como Verdy Kawasaki, Kyoto Purple Sanga e Vissel Kobe. Ainda viveu aventuras na europa, vestindo as camisas de Genoa e Dínamo Zagreb.

Kazu em ação no Mundial de futsal contra o Brasil
A sede pela bola é tanta que, em 2012 (quanto tinha 45 anos), o último samurai se arriscou até em uma modalidade diferente de futebol, fazendo parte do elenco que disputou a Copa do Mundo de futsal, na Tailândia. Na ocasião, enfrentou o Brasil na primeira fase, perdendo por 4 a 1, e ajudou seu time a se classificar para os mata-matas, caindo nas oitavas para a Ucrânia.
Sua "era de ouro", porém, aconteceu no final dos anos 80, quando Kazu deixou o Japão para se arriscar no futebol brasileiro, que sempre idolatrou quando ainda era criança, na cidade de Shizuoka. Quem lhe deu a primeira oportunidade foi o Juventus, tradicional clube paulistano.
Na rua Javari, completou a base e recebeu uma oportunidade de vestir a camisa do Santos, tornando-se o primeiro atleta japonês na história a atuar no futebol brasileiro.

'King Kazu' é ídolo no Japão e renovou o contrato mesmo com quase 50 anos
Durante o período em que atuou pelo "Peixe", ainda vestiu rapidamente o manto do rival Palmeiras, para quem foi emprestado enquanto a equipe alviverde fazia uma excursão pelo Japão, em 1986. O atacante foi usado como grande atração.
Kazu fez sucesso com as torcidas de Santos e Coritiba e foi muitas vezes titular nos dois times, deixando o país em 1990 com um título em sua galeria pessoal: o Campeonato Paranaense de 1989, vencido pelo "Coxa", em um elenco que contava com nomes como Carlos Alberto Dias, Serginho, Tostão e Chicão.
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Kazu em ação pelo Santos, no final dos anos 80
Aos 48 e sem planos de se aposentar, o "rei" diz, inclusive, que ainda pensa em um retorno para jogar mais uma vez naquele que define como seu "segundo país". De longe, ele segue inclusive acompanhando o Santos.
"Dede pequeno meu sonho era vir ao Brasil para jogar futebol, aprender com os melhores e me tornar um jogador profissional. Fui muito jovem ao país, mas fiquei bastante tempo", lembra.
"Sempre penso em voltar a jogar no Brasil, é um sonho que tenho, mas até hoje não consegui. Estou sempre acompanhando futebol brasileiro, vejo sempre o Santos, como está na classificação nos campeonatos que disputa, tenho um carinho grande. Infelizmente, o fuso horário complica um pouco assistir as partidas", acrescenta.
Bem humorado, o homem que levou o Japão pela primeira vez para uma Copa, em 1998, garante que o futebol é seu maior motivo de saudades do Brasil.
"Não sinto tanta falta de feijoada, caipirinha, ou mulheres de biquíni, porque no Japão tem tudo isso, nós importamos (risos)! O que mais sinto falta é de jogar no Brasil naquele tempo bom que passei quando estava por aí", finaliza.
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